Depois da hora ~05

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A festa tá muito chata, a Ana é a única que eu conheço e ela não tá sabendo dividir a atenção entre eu e a Cintia.

— Eu vou ao banheiro — aviso a Ana, mas sou ignorada por ela estar distraída com a Cintia na piscina de bolinha.

— Não sei como alguém consegue suportar a Cintia, tipo ela é a maior vaca que eu conheço — ouço umas meninas falando mal dela no banheiro.

— Eu só tô aqui pq ela tem dinheiro, mas acho ela insuportável também — ouço outra voz de uma menina falando mal da Cintia também.

Assim que entro no banheiro, o silêncio mortal fica no ambiente e as meninas olham pra mim e se entreolham meio espantadas, e eu apenas entro em uma cabine e ouço os passos saírem do banheiro, meu plano é ficar no banheiro pra respirar um pouco sozinha e eu consigo ficar na paz por alguns minutos até...

— Alana!, alana! — ouço a voz da Ana animada me chamando.

— Oi — tomei um leve susto com a voz repentina dela.

— Vamos roubar uns doces da festa vem, vem, vem, vem! — diz batendo na porta repetidamente.

— Claro, só um minuto.

— Vou te esperar.

Percebo que ela realmente vai me esperar na porta da cabine onde eu estou, então eu respiro fundo e saio em seguida.

Ela dá um sorriso me puxando pra fora do banheiro com tudo.

Chegando lá, ela passa por trás da enorme mesa onde está o bolo e muitos doces e me puxa junto com ela.

— Pega uns desse lado que eu pego desse.

Eu fico meio perdida em meio ao tanto de doce que tinha na mesa, então eu só pego rapidamente uns doces aleatórios, enchendo a mão, e entro embaixo da mesa que tinha um forro enorme, e a Ana entra em seguida.

— Toma um desse rosa pra você — diz ela, botando um desses doces na minha mão.

— Quer o brigadeiro, eu não gosto muito — entrego o doce pra ela.

— Ei, me dá um beijinho aí também.

Assim que ela diz isso, meu coração acelera, eu sei que ela estava se referindo ao doce, mas eu me imaginei e senti uma vontade enorme de beijar ela.

Deixo meus pensamentos intrusivos vencerem e me aproximo do rosto dela tão perto a ponto de tocar seus lábios, eu só sinto ela ficar imóvel e, em seguida, vejo uma luz forte demais vindo do nosso lado.

— O que está acontecendo aqui?

︵‿︵‿୨Dias atuais, Domingo୧‿︵‿︵

— Vai, fala o que aconteceu na sexta-feira que te deixou zangada — perguntou Suzana, sentada ao meu lado no banco do shopping, com um sorvete na mão.

— A Ana aconteceu — bufei.

— Sabe que eu acho que isso é?

— Eu não tô a fim de saber, obrigado. — Respondo quase em cima da fala dela.

Suzana faz uma careta pra mim, mas logo sua feição muda para um sorriso "maléfico".

— Olha quem tá aqui.

Eu olho na direção onde ela está olhando.

— O que te faz pensar que eu ligo — falo, olhando para a Ana, mas dessa vez não era a Cíntia que estava com ela.

Quem é essa?

Me pergunto mentalmente quando vejo uma garota alta de cabelo azul que estava ao lado dela de mãos dadas com a Ana.

Sentindo um incômodo pelo fato de ela estar rindo muito com essa menina, mas tento não me importar, falhando miseravelmente.

— Quem é aquela? — Suzana pergunta retoricamente, enquanto ainda olha para as meninas, e a Ana acaba olhando em nossa direção, mais especificamente para mim, o que me faz desviar o olhar rapidamente.

— Suzana, vamos logo na loja que você me chamou e vamos embora — suspiro forte e me levanto.

— Ficou com ciúmes — me acusa com uma voz provocativa, me olhando com deboche.

— Vamos logo — revirei os olhos, tentando ignorar suas provocações.

— Você não negou — continuou ela com suas provocações.

Fazendo-me começar a caminhar rapidamente para longe dela, mas a desgraçada me alcança.

— Fala sério, você gosta da Ana.

— Sim, gosto dela bem longe de mim.

— Tipo, depois de uns o quê? Oito anos? Você ainda gosta dela, isso é tão triste e fofo — diz ela, ignorando o que eu acabei de dizer.

— Não, eu não gosto — nego, indignada.

— Okay — diz, levantando a mão na mesma altura do ombro, em sinal de redenção.

— Onde é a tal loja? — ela logo me puxa, animada, correndo para um lugar que eu não faço ideia.

Depois que a Suzana encontrou a tal loja, a gente quase morou lá dentro. Nem era uma loja de roupas, é que ela, além de pobre, ainda é indecisa, e ficou meia hora tentando escolher se ela levava o gloss, que era o que ela mais queria e provavelmente iria esgotar hoje mesmo, ou ela levava três esmaltes de cores lindas, que por isso eram mais caros que os outros e davam exatamente o preço do gloss que ela queria comprar também.

— Que saco, se eu soubesse, não teria gastado meu dinheiro com sorvete — ela bufa, ainda fazendo "uni duni tê" na mente pela décima vez.

— Por que não compra o gloss e o esmalte você compra outro dia — falo, de braços cruzados, já sem paciência.

— Eu preciso deles hoje pra ir na festa da avó da minha namorada.

— Okay, eu te dou o dinheiro pra comprar o gloss.

Eu não estava tendo mais paciência para esperar mais um pouco.

— Sério?! — ela me olha com um sorriso bem empolgado — Obrigada, sugar mommy — diz Suzana, como sempre sendo uma humorista.

Assim que saímos do shopping, noto que a menina estava se despedindo da Ana e parecia apressada entrando logo em um carro.

— Ei, amiga, esqueci de te falar que vai rolar uma festa na piscina, na casa de uma amiga da minha namorada, no sábado. Eu queria muito que você fosse com a gente — a voz da Suzana me faz tirar a atenção da Ana e olhar para ela.

— Pra eu ficar de vela pra vocês? — "pergunto" ironicamente.

— Não, você não vai ficar de vela.

Suzana sempre fala isso, mas, no final, eu sou obrigada a aturar a melação dela com a namorada.

— Não vou, você sempre diz isso.

— Dessa vez vai ser diferente, e, além do mais, pode ter uma pessoa lá pra você pegar e esquecer um pouco a Ana.

Ela fala da Ana, e eu, automaticamente, olho na direção onde a Ana estava anteriormente, mas não vejo mais ninguém lá.

— Eu vou pensar.

— Eba!, tenho um biquíni que combina muito com você pra te dar.

Assim, a gente vai a pé para a casa da Suzana, enquanto ela não parava de tagarelar.

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E as namoradinhas? - Ana Machado Onde histórias criam vida. Descubra agora