— Fico feliz que você tenha aceito o meu convite — Viviane fala, abrindo a porta do carro para eu sair.
— Eu também fico feliz por ter me convidado.
— Eu achei que você estava me evitando.
— Eu estava tímida — Eu dou um sorriso sem mostrar os dentes para ela, e ela sorri para mim e fecha a porta do carro.
Quando nós chegamos no shopping, nós fomos direto para o lugar na fila para pipoca.
O dia estava legal, mas, como é comigo, algo tem que dar errado.
— Que coincidência, vocês aqui também — Rebeca e Ana também estavam lá. — Vocês vão assistir o quê?
Eu tento não ficar olhando para Ana por muito tempo, mas ela não faz o mesmo; ela parecia estar me analisando ou algo do tipo.
— A gente vai ver "Divertidamente" — Viviane responde.
— Que legal, eu e a Ana também viemos assistir esse. Só falta as nossas poltronas serem juntas — ela dá uma risada.
Dito e feito, nossas poltronas eram na mesma fileira; eu acabei sentando logo ao lado da Ana. A Rebeca estava na beirada, ao lado da Ana, e a Viviane estava do meu lado esquerdo.
Eu tento me concentrar no filme, mas o fato de a Ana estar sentada ao meu lado me distrai. Eu odeio o fato de que eu ainda sinto coisas por ela, que eu quero tocar na sua mão agora ou sentir seu braço sob o meu ombro enquanto assistimos ao filme.
Alguns minutos do filme, eu sinto Viviane tocar a minha mão que estava apoiada. Eu olho para ela, e ela sorri para mim.
Durante o filme todo, eu sinto alguns olhares da Ana em minha direção, mas eu finjo não perceber isso e nem olho na direção dela.
Quando o filme finalmente acaba, eu sou a primeira a me levantar, pois não sou obrigada a ver o casal feliz ao meu lado.
— Tá tudo bem? Você parecia meio desconfortável no meio do filme — Viviane me pergunta, olhando-me seriamente quando já estávamos um pouco longe de Ana e Rebeca.
— Não, eu estou bem, tá tudo bem — eu respondo, tentando disfarçar meu desconforto.
— Tem certeza? Não está brava pela minha irmã e a namorada dela estarem aqui? Porque eu também não fazia ideia de que elas viriam e iam sentar logo perto da gente.
— Não, claro que não. Olha, que tal a gente ir tomar um sorvete? — Eu tento mudar de assunto para sair desse desconfortável.
— Claro — ela parecia ter percebido que eu estava desconversando.
Nós fomos tomar o sorvete, e depois ela me levou para minha casa.
— Amanhã vai ter uma festa do pijama na minha casa, suas amigas vão. Você devia ir também — Viviane fala assim que ela para o carro em frente à minha casa.
— Eu vou ver se vai dar — Eu abro a porta do carro e, antes de sair, dou um beijo em sua bochecha. — Valeu por hoje.
Eu desço do carro, fecho a porta, aceno, e ela acena de volta e sai.
Quando eu chego em casa, noto que minha mãe já havia chegado, pois vejo a sua bolsa em cima da mesa de jantar.
Para evitar falar com ela, eu me tranco no quarto para esperar até ela dormir pra eu tomar meu banho. Porém, isso não funciona, pois, minutos depois, eu ouço batidas na porta do meu quarto.
— Eu sei que você está aí — Escuta a voz neutra da minha mãe do outro lado da porta. — Destranca a porta, eu preciso falar com você.
Eu suspiro e me levanto para abrir a porta, e, assim que eu a destranco, minha mãe entra, e eu me sento na cama, com os braços cruzados.
— Onde você estava ? — Sua voz estava calma, ela não parecia querer me dar um sermão por enquanto.
— Eu fui ao cinema com minha amiga.
— Amiga ou Amigo?! — Ela faz aspas com as mãos quando fala "amiga", e eu olho para ela, confusa. — Você acha que eu não vi o carro que você saiu? Eu sei que a gente nunca teve essa conversa, mas eu preciso saber o que está acontecendo. Quem é o garoto com quem você está saindo?
Eu olho para ela, indignada, e me levanto da cama.
— Que garoto?! Eu saí com minha amiga, eu já disse.
— Eu já tive sua idade, eu sei como os jovens agem com os hormônios à flor da pele. Não quero que você apareça grávida e perca a sua vida, como aconteceu comigo.
Eu não podia acreditar no que eu acabei de ouvir. Na verdade, eu podia acreditar sim, porque é a minha mãe falando.
— Está dizendo que eu fui um atraso na sua vida?
— Eu engravidei com 16 anos, é claro que você foi.
— Eu não tenho culpa da sua irresponsabilidade — Meus olhos começam a encher de lágrimas. Mais uma vez, meu dia é estragado pela minha mãe.
— Você faz uma tempestade em copo d'água sempre, igualzinho ao seu pai. — Ela sai do meu quarto, me deixando sozinha, chorando a noite inteira e até o amanhecer, em posição fetal, deitada na cama.
Ela sempre faz isso. Meu dia estava bom até eu conversar com a minha mãe, e tudo desmoronar.
Já eram oito da manhã, e meu celular começa a tocar. Eu tento ignorar, mas a pessoa é insistente e me liga mais cinco vezes, até eu atender na sexta vez.
Quando eu vejo o celular, reviro os olhos. Claro que era a Suzana.
Ainda bem que meu choro já passou, e eu não preciso disfarçar mais minha voz. Não quero ser obrigada a falar sobre o que aconteceu ontem à noite com a minha mãe para a Suzana.
— Amiga, você vai na festa do pijama hoje na casa da Vivi?
— Vivi?
— Sim, a Viviane.
— Quando vocês se tornaram tão íntimas?
— Quando ela foi super legal comigo hoje.
— Espera, você já está aí na casa dela?
— Estou sim, vim junto com a Agnes. Elas são melhores amigas, afinal.
— Entendi...
— Ela falou que pode ir aí na sua casa te buscar.
— Quem?
— A Vivi.
— Fala para ela que não precisa se incomodar, eu preciso passar na casa da minha avó antes.
— Ok, beijos, fica bem.
Ela encerra a ligação.
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E as namoradinhas? - Ana Machado
FanficVárias fanfics dentro de uma fanfic da Ana 🪓.