Hades Dunn

184 27 3
                                    

Hades Dunn

Não foi a primeira vez, e nem vai ser a última que estou atrás das grades. Só que sempre é uma merda eu ter que ligar para Theo vir me buscar, e ele sempre liga para o meu pai avisando que estava na cadeia de novo.

Era uma merda escutar reclamações o caminho inteiro até a casa dele, onde ele insistia para eu ir morar com ele porque não aguentava mais ter que acordar o irmão dele no meio da noite para arrumar o sofá para mim.

Ele só não sabia da parte que o irmão fingia que dormia, Aron nem sempre dormia, muitas das vezes tomava algum remédio para se manter acordado, e ele misturava cafeína ainda, o que era pior para seu organismo, ele está se matando mais rápido assim do que usando drogas.

Sempre o observava, a maneira como ele se comportava no dia, a forma como se desligava do mundo. Comprei a casa ao lado da sua que dava de frente para a sua janela só para ficar mais perto dele, mas isso não é algo que contamos para alguém.

— O que você fez dessa vez? — Ótimo, mais um sermão para a lista de sermões que Theodore me dá.

— Briguei com alguém. — Conte porque Hades, conte que espancou o cara até que ele não conseguia mais respirar porque fez um comentário do seu garoto.

— Por que? Queria pegar o mesmo garoto que você já estava ficando? — Não, só estava escutando os caras falando que querem comer o seu irmão e eu caí em cima deles.

— Falou para o meu velho? — Que pergunta idiota, óbvio que ele falou para ele.

— Não consegui, o celular dele só caia na caixa postal.

— Finalmente desistiu de mim. — Isso era uma coisa boa, mas porque não estava feliz em saber que ele não ligava para mim? Aquele aperto no peito desconhecido quase como uma granada prestes a explodir.

— Aron está acordado, estava estudando, ele anda passando muito tempo acordado e tomando café. Não incomoda ele mais ainda, ok?
— Ta. — Mal ele sabe que eu venho cuidando do Aron, muito antes de ele me mandar fazer qualquer coisa.

Sempre fiquei de olho nele quando Theo nos apresentou no seu aniversário de 15 anos, podemos nos conhecer a partir dos 14, mas acho que ele não deu importância para isso naquela época.

Desde então, sempre cuidei de Aron, pedi ao meu velho para me trocar de escola, fiz de tudo para conseguir cair na mesma faculdade que ele, mas o problema é que meus amigos também caíram nela.

Ryan estava rodando na volta de Jack e Aron, coisa boa não vinha por aí, ele era problema. Podemos ser como irmãos porque fomos criados juntos, mas não significa que devo confiar totalmente nele só porque crescemos juntos.

Sempre fomos nós três, mas depois que comecei a andar com Theo, as coisas mudaram, eu não era mais um amigo para eles, mas ainda sim andávamos juntos e saímos para curtir todas as noites. Mesmo não andando toda hora juntos, ainda priorizamos muito a lealdade entre nós.

Ryan vivia falando de Aron, e como queria uma chance com ele, mal sabia que isso não ia acontecer porque seu irmão não ia deixar, e eu também não. Theo deixou bem claro quando entrou para o time que se alguém tocasse no irmão dele essa pessoa ia morrer.

Theo só se esqueceu que éramos melhores amigos e eu também sou problema, ele acha que durmo no sofá, mas fico observando Aron. Ele tem a mania de deixar a porta aberta enquanto estuda, eu vejo tudo, a forma como ele se irrita estudando, as crises, as vezes que ele fica mordendo as unhas por conta do estresse.

— Voltei, Aron! — Theo gritava chamando o irmão, mas não sei porque se o garoto estava na sua frente preparando uma xícara de café. Theo tem a mania de sair gritando em vez de olhar ao redor para saber se tinha alguém por perto.

— Bateu em quem hoje? — No meu irmão, Ryan. Ele falou de você para mim e eu quebrei ele na porrada por conta de você, minha cereja.

— Um velho amigo. — Rio tirando minha jaqueta e a jogando no sofá que já estava arrumando para a minha chegada, mas não ia deitar nela, tinha outro plano em mente essa madrugada.

— Já está tomando café? Isso vai te matar daqui a pouco.

— A morte lenta é a mais difícil de se notar. — Suicida, Aron tem pensamentos curiosos, daria de tudo para saber o que se passa naquela linda cabeça encapetada.

— Pare de falar coisas nerds que você aprende na faculdade. — A relação entre eles dois era muito estranha, com o tempo que fiquei indo e vindo da casa deles me acostumei.

Aron era o mais sombrio deles dois, mas por dentro não passava de um garotinho assustado que tinha problemas com os pais, e esse era o meu tipo favorito de garoto.

Theo por outro lado, eu não conhecia muito ele por dentro, ele era fechado, responsável. Claro que isso é um pouco culpa do pai dele, ele brigava feio com o pai para tentar tirar a ideia da cabeça dele de Aron participar do Hóquei.

Já sabemos que deu certo, mas não tão certo, a paixão dele é a arte, você vê isso pelas anotações das aulas na faculdade sempre tem um desenho em algum canto da folha.

E eu prometo que quando ele se tornar meu, farei de tudo para o sonho dele se realizar. Já tenho um ateliê de artes onde ele pode pintar e ficar a vontade, ele só não faz ideia que esse lugar é dele.

— Não perturbe meu irmão, e você tem quatro horas para dormir ainda. — Theo me avisou, um aviso inútil, mas tudo bem. Ele depositou um beijo no topo na cabeça de Aron, mas nunca o tocando em seu rosto ou em qualquer outro lugar sem a autorização do irmão.

— Sabe que só vou tocar no seu irmão se ele me permitir. — Soltei uma risada alta quando ele avançou para cima de mim, mas Aron o impediu, ele segurou o braço dele com força e o mandou ir deitar.

Minha relação com Aron era um enigma, eu não avançava, mas ficava o cuidando de longe e vendo cada passo que ele dava, mas também não permitia que ninguém o tocasse, só eu ia poder tocar nele.

A coisa que não se pode apressar, mas isso não quer dizer que temos que deixar outra pessoa fazer isso por nós. Aron tinha um belo corpo, era um pecado só de olhar para ele, mas era o meu pecado. Eu faria de tudo para poder possuir ele bem aqui nessa cozinha.

Theodore sempre me cuidava de longe, ele saiu andando de costas até seu quarto só para ver se ia fazer alguma coisa com seu doce irmãozinho.

— Vai dormir comigo? — Óbvio que não vai, mas é tão bom ver a cara dele, o rosto todo vermelho por conta do meu convite. Ele fica tão lindo envergonhado, aqueles lábios vermelhos que faria de tudo para morder, mas morder sem um pingo de pena.

— Só nos seus sonhos, Hades. 

— Você sabe que quer, quantas vezes chamou por mim em seus pensamentos... — Minha voz saiu baixo o suficiente só para nós dois conseguirmos escutar, quero tanto tocar nele, seu corpo aqui quase colado ao meu. — Diga que não geme meu nome enquanto abusa desse seu corpo sozinho no meio da noite...

Seu olhar preso no meu, sua respiração ficando fora de controle cada vez que me aproximo mais, me diga Aron, me permita tocá-lo são palavras tão simples. Quero tanto te tocar, mostrar a você o quão meu você é.

Sua pele é tão branca, imagina como ela ficaria cheia de marcas minhas, tenho pensamentos tão sombrios em relação a você, Aron. Até mesmo você ficaria chocado com eles, mas ia querer botar em prática na hora que escutasse eles.

Não é à toa que seus desejos mais sombrios me envolvem, não pode mentir para mim, seu coração acelera toda vez que estou próximo a você, sou aquele que você chama quando está batendo uma no banho, na sua cama, nos seus sonhos.

Também não pode mentir da vez que você tocava em seu quarto, era um dos dias que seu irmão tinha saído com alguém e você se tocava pensando em mim, só não fazia a menor ideia de que te escutava no andar de baixo.

Você gemia tão alto meu nome que foi impossível ficar só escutando, você gemia tanto por conta da minha boca em seu pau, seus gemidos eram músicas para os meus ouvidos, daria de tudo para poder escutar eles mais uma vez.

— Hades... — Sua voz baixa me chamando, quase parecido com as vezes que me chamava em seus sonhos, fale meu nome Aron. Suas mãos tremiam enquanto você agarrava a minha camiseta, as pontas de seus dedos devem estar brancas de tanta força que você usa.

— Aron, você me quer. Me quer desde que tinha treze anos e me viu pela primeira vez na festa de aniversário do seu irmão. — As pontas de nossos nariz se tocaram, ele estava tão próximo e ao mesmo tempo longe.

— Você se acha tanto, não sinto nada por você Hades. — Sua resposta não passava de uma total mentira, seu coração não mentinha, Aron sentia alguma coisa por mim e seus batimentos acelerados eram a prova disso.

— Pode mentir o quanto quiser, mas eu sei o que sente por mim, cereja. — Nossos olhares se cruzaram, seu olhar tinha desejo, luxúria pura, e o aperto na minha camiseta não se afrouxou nem um pouco.

Aquele momento não durou muito, ele estava lá e no outro segundo estava se afastando de mim, e indo para a escada onde subia, provavelmente indo em direção ao seu quarto para meter a cara nos livros. Aproveitei esse momento para observar ele indo embora, ele era lindo até mesmo de costas.

Hades - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora