Aron Delyon

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Odeio meu irmão. Ele não entende o que Hades significa para mim.

— Você está proibido de ver ele! — Ele gritava para mim, gritos e mais gritos no meio da cozinha, seu dedo estava na minha cara e eu queria matar ele porque nem meus pais faziam isso, não seria ele que irei permitir que fizesse uma coisa dessas.

— Você não pode me proibir de ver ele, você não é meu pai!

— Então cai fora daqui.

— Como é? — Meu chão, tudo desabou tão rápido que não sabia como me reconstruir mais.

— Se não está feliz aqui, vai lá morar com seu príncipe encantado. — Acenei numa confirmação e peguei minha jaqueta que estava jogada no sofá e sai de casa.

Não vou ir para casa de Hades, ele não precisa de mais problemas na cabeça dele, fiquei andando por um tempo, aquele ar frio batendo contra o meu rosto, como era apaixonado pelo inverno, neve, tudo envolvendo ele.

Avistei um banco da minha praça favorita e de Jack, ficávamos horas aqui falando mal dos jogadores de Hóquei e sobre os garotos de quem Jack estava afim de ficar do time, mas que nunca ia conseguir pegar nenhum deles.

Quando me sentei naquele banco gelado, um mutirão de pensamentos vieram na minha mente, tudo que fiz ao meu irmão, tudo que deixei de lado por conta dele, e no fim não consegui deixar seus problemas de lado para ver seu irmão feliz uma única vez.

Brincando com meus dedos, fazia tempos que não mexia neles, depois que comecei com os remédios parecia que precisava de alguma saída para saber que tudo que estava acontecendo era real. O médico disse que isso seria normal nas primeiras semanas.

— Eae… — Virei minha cabeça para ver quem me cumprimentava, era Jack. Quando percebi que era ele, meus olhos se encheram de água e ele suspirou e envolveu seus braços ao redor do meu corpo me apertando forte.

Seus dedos passeavam de cima a baixo no meu corpo, me consolando de alguma forma, Jack tinha a mania de fazer carinho nas minhas costas, ou em qualquer região, tínhamos nossos sinais quando estávamos mal.

Me pergunto como ele me achou tão rápido assim, será que ele tava passando ou foi até minha casa e não me encontrou lá, fungava na curva de seu pescoço enquanto lágrimas desligava pela minha bochecha.

— Tá tudo bem… — Suas palavras saíram tão baixas próximas ao meu ouvido, não conseguia prestar atenção, meu corpo só queria colocar aquela dor para fora de alguma maneira ela tinha que sair uma hora ou outra.

Tinha tantos sentimentos guardados para mim, e fazia tanto tempo que eu e Jack não conversamos sobre as coisas, a faculdade tomava quase todo tempo e depois do médico ficou ainda mais difícil.

— Eu tô com tanta dor… — Saíram entre fungadas e apertos na jaqueta de Jack, apertava tanto ele como se não quisesse mais que ele se afastasse de mim, queria ficar naquele aperto para sempre.

— Vou cuidar de você, eu prometo. — Ele depositou um beijo no topo da minha cabeça e me apertou mais contra seus braços.

Ficamos mais de uma hora abraçados naquele banco gelado e com aquele ar frio, depois que ficamos aquele tempo todo ele me levou para sua casa onde ia preparar um chocolate quente para mim e várias sessões de filme, provavelmente íamos faltar a aul...

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Ficamos mais de uma hora abraçados naquele banco gelado e com aquele ar frio, depois que ficamos aquele tempo todo ele me levou para sua casa onde ia preparar um chocolate quente para mim e várias sessões de filme, provavelmente íamos faltar a aula amanhã.

— Passei na sua casa… — Jack falava meio baixo, havia uma bolsa atrás dele, minhas roupas que Theo provavelmente mandou ele trazer porque não queria me ver mais.

— Obrigado por pegar minhas coisas. — Afirmei com um sorriso, o mais forçado que já tinha dado ao meu melhor amigo, mas pelo menos o agradecimento era verdadeiro.

— O resto das suas coisas estão no meu carro, livros, cadernos, notebook e mais algumas coisas. — Ele mexia sua mão, apontando para o carro lá na rua, um sorriso de canto se formou em seus lábios.

Ele se jogou no sofá e deitou sua cabeça em meu colo, passei os dedos em seus cabelos negros e macios, fazendo um cafuné neles, aquele filme não estava me agradando muito, mas era o que tínhamos no momento enquanto esperávamos o chocolate quente.

As mãos do Jack apoiadas na minha coxa, uma fazendo carinho e a outra pousada sobre o estofado, seus dedos ainda continuavam gelados mesmo quando estávamos de frente para a lareira.

Nunca pensei em Jack com segundas intenções, mesmo a gente perdendo o BV um com outro porque não queríamos passar vergonha quando beijamos alguém para valer.

Até hoje não falamos sobre esse beijo, mas éramos muito novos, tínhamos uns doze anos de idade, éramos muito inocentes naquela época. Acho que somos até hoje e não sabemos ainda, não vimos nada, mas quem está com pressa não é mesmo?

Jack era diferente de Hades, ele era mais sombrio e não muito afim das palavras de afirmação quando se tratava de sentimentos, ou até mesmo quando estava se de si mesmo. Nunca conversamos muito sobre seus sentimentos, meu irmão sempre dizia que não entendia muito bem ele porque não falava muito sobre as coisas.

Não sei dizer o que significa o que temos, mas quero entender, quero saber o que somos e o que significa isso para o futuro daqui em diante, só quero poder chamar ele de meu namorado um dia, será que isso é tão ruim assim?

Só que talvez isso não era pra ser nosso final feliz ou ter um final feliz com alguém que realmente me deseja, mas não sinto isso em relação ao Hades porque não existe palavras de afirmações, e queria muito que existisse palavras de afirmações.

Hades - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora