Contos de Etherium Vol I : Asas do Destino

Capítulo 22

Assim que o vi, percebi que ele estava praticamente igual. Era como se o tempo não tivesse deixado marcas nele, enquanto eu, por dentro, me via mudado de maneiras irreversíveis. Sua presença fez a raiva que eu guardava desde o dia da traição voltar à tona, pulsando dentro de mim como uma chama prestes a consumir tudo ao redor.

Ele estava ali, diante de mim, com aquele sorriso arrogante que sempre me irritou profundamente. Eu podia sentir a dor do passado, da magia negra que ele usou contra mim, daquela noite horrível que mudou o curso da minha vida. Como ele pôde fazer aquilo? Como pôde se declarar meu irmão, e depois se voltar contra mim de forma tão vil?

Eu senti a minha mão se fechar em um punho. Meu coração batia forte no peito, e cada batida parecia ecoar como um grito de fúria. Aquele sentimento que eu tentei esconder por tanto tempo se tornava impossível de controlar. Ele estava ali, diante de mim, e eu precisava agir.

— Não ouse me chamar de irmão, seu traidor! Você nunca foi digno desse título! — Gritei, a voz tremendo de raiva, mas também de algo mais profundo, algo que eu não podia mais negar. O que ele fez não ficaria impune.

Ele soltou uma gargalhada zombeteira. Aquela risada que sempre me perseguiu, que me fez questionar tudo o que acreditava ser verdadeiro. Seus olhos estavam cheios de desdém, o mesmo olhar arrogante que me assombrava nos meus piores pesadelos. Ele estava ali, tão seguro de si, como se nada tivesse acontecido, como se tudo o que fez fosse apenas uma brincadeira.

Leoric, ao meu lado, deu um passo à frente, sua presença imponente interrompendo o clima tenso. Seu olhar estava fixo em Liam, o homem que havia me traído, e eu senti a energia ao redor dele se intensificar.

— Afaste-se, Alex. — Leoric disse com firmeza. Sua voz, mesmo calma, carregava um peso que não me permitiu contestá-la. — Essa luta é minha.

Eu olhei para ele, e a expressão em seu rosto dizia tudo. Ele estava decidido, imperturbável. Sabia que aquela era uma batalha que ele precisava travar. E talvez, por mais que eu quisesse vingar-me, talvez fosse melhor deixar Leoric lidar com isso. Meu coração, no entanto, ainda ardia, e uma parte de mim queria tomar para mim o controle da situação, mas sabia que isso só atrapalharia.

Leoric ergueu seu cetro, e com um golpe feroz contra o chão, ele invocou uma magia ancestral. Palavras antigas e poderosas fluíam de seus lábios, e a energia ao redor dele se transformou em algo sombrio e intenso. Seus olhos escureceram, e com isso, as rachaduras começaram a surgir em sua pele, como se a própria magia tivesse tomado conta dele.

Liam riu. Ele estava completamente seguro, talvez subestimando a força de Leoric, ou talvez se achando superior demais. Ele ergueu as mãos e fez movimentos rápidos, como se estivesse imitando Leoric, mas havia uma diferença fundamental: a magia dele era mais bruta, mais imprevisível. Liam parecia estar brincando com fogo, e ele sabia disso. Eu podia ver o orgulho estampado em seu rosto.

A batalha entre eles começou em um frenesi de movimentos rápidos e feitiços poderosos. Leoric foi o primeiro a atacar com uma esfera de energia sombria. Ela cortou o ar com um som estrondoso, mas Liam desviou com agilidade, como se estivesse dançando ao som de uma música que apenas ele podia ouvir. O contra-ataque de Liam foi imediato, lançando um feixe de luz cegante em direção a Leoric. A magia se chocou no ar, criando uma explosão de energia que fez o chão tremer sob nossos pés.

— Vai precisar de mais do que isso para me derrotar, irmãozinho — Liam zombou, sua voz cheia de sarcasmo, enquanto se preparava para lançar outro feitiço.

Leoric não respondeu, mas sua expressão de concentração era suficiente. Ele estava focado, seus olhos nunca saindo de Liam. Sabia que aquele era um oponente formidável. Liam podia ser arrogante, mas não se podia negar a sua habilidade. Leoric era inteligente, experiente, e sabia que a chave para vencer estava em descobrir as fraquezas de seu adversário.