𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕿𝖗𝖎𝖓𝖙𝖆 𝖊 𝕺𝖎𝖙𝖔

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Quarta-feira na Rocinha 🗓️
32,8 ° | 16:07 🌤️

Sirius

Eu já passei por muita coisa nessa minha vida de merda. Já participei de invasões a favelas rivais. Já bati de frente com pessoas maiores que eu na facção. Já sofri bullying na escola por ser intersexual. Já troquei tiro com os melhores alemão. E várias paradas, mas a pior delas com toda certeza foi perder meus pais. Ver meu pai e minha mão sangrando na minha frente depois de levar vários tiros do BOPE com toda certeza parceiros foi a pior coisa que aconteceu comigo. Depois daquele dia parece que uma parte minha morreu. Passei anos para me recuperar. Eu só sentia ódio no meu coração. O coringa tinha mais saúde mental que eu. Eu virei uma garota revoltada, não queria saber de estudar, nem de brincar, muito menos de se aproximar de alguém. Aí o Pesadelo me "acolheu. Redirecionou minha revolta para o crime. Em menos de um ano eu já era perca fundamental no comando. Tive a chance de entrar para uma nova "família", até diz parceiros verdadeiros como o Antares e a PA. Mas nada completava o vazio que a morte dos meus coroas deixaram. A única pessoa que chegou perto disso foi a Maria Eduarda. Dês da primeira vez que eu vi aquele pretinha eu senti que ela acabar comigo. Aquele corpo negro, cabelos longos, voz meiga mas firme, corpo cheio de curvas e aquele maldito sorriso conseguiram acessar uma parte do meu coração que eu nem sabia que existia mais. O foda que eu não pensei nisso quando decidi virar as costas para ela e ouvi o resto do povo falando que ela só era uma "Puta X9". Enquanto estava acontecendo o tribunal eu estava agoniada. Cada palavra que ela dizia meu coração acelerava mermo. Se os batimentos deles fossem um velocidade para um carro com toda certeza eu já tinha capotado na curva. Eu estava com uma sensação esquisita de ver ela tão linda e tão feroz batendo de frente com os membros da alta cúpula. Mas eu também estava orgulhosa, porque sei que ela teve coragem passar pelo tribunal do comando e provar que era inocente parceiros. Mas agora a culpada era eu. Era eu que tinha abandonado ela. Era eu que tinha deixado ela na mão. Era eu que falei coisas horríveis quando estava bolada. Era eu que tinha fudido várias negas pensando nela e com desejo de esquecê-la. Era eu que tinha deixado os merdas dos pais delas quase forçarem a ela a se casar. E eu sabia que era eu que ia ter que carregar o fardo de ter feito essa merda com ela. Quando o Dólar deu o veredito do comando e falou que ela era inocente eu só queria beijar a boca daquele pretinha. Mas eu sabia que eu ia ter que reconstruir oque eu tinha destruído. Mas ao mermo tempo que estava bolada por ter feito aquilo com ela. Eu estava com mó ódio daquele filho da puta do JK. Como pode um cria que cresceu comigo e me chamava de irmã me entregar para a porra dos alemão? Ele tava fudido na minha mão. Quando pensei que tudo agora voltar para o lugar vi o desgraçado do Pesadelo engatilhar a arma em direção a Duda. Meus parceiros eu não titubiei. Peguei minha arma que estava no cós no meu short já engatilhada e pulei na frente da mulher que eu amo. Senti o meu corpo cair encima do dela. Só fechei os olhos e ouvi dois disparos acontecerem. Orei para um Deus que já tinha até pensando que tinha me abandonado e pedi para eu perder a única pessoa que traz luz para as trevas da minha vida morrer. Abri meu olhos lentamente e ela estava lá. Caída no chão com os seus olhos fechados.

Sirius: Maria Eduarda, você tá bem? - Falo saindo de cima dela passando a mão em seu corpo para ver se tinha algum sangue escorrendo.

Duda: Eu tô bem, só com dor porque tu pulou na frente - Fala baixo - Meu deus Sirius e você tá bem? - Fala passando a mão no meu corpo.

Sirius: Tô preta - Falo ajudando ela se levantar.

Antares: PUTA QUE PARIU - Fala gritando - Dólar tá sangrando caralho - Fala apontando para o Dólar caído no chão.

Julia: E o Pesadelo também - Fala apontando para o Pesadelo também caído no chão.

Duda: Meu deus - Fala pálida - Eu não tô me sentindo bem - Fala caindo sobre meus braços.

Dona do Morro e Sua AdvogadaOnde histórias criam vida. Descubra agora