𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖁𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝕹𝖔𝖛𝖊

4.9K 338 30
                                    

Domingo no Complexo Penal Bangu 1 ⛓️
31,9° | 11:57 ⏰

Paloma Albuquerque - PA

Eu tava dentro na minha cela, deitada na minha "cama". Como é chamado essa porra de banco de cimento com um colchão fino. Eu poderia ouvir as vozes dos familiares e das outras presas se encontrando na visita no dia de domingo. E eu só tava deitada olhando para o teto pensando na minha pequena, que saudade eu tava dela. Hoje fazia oito dias daquela porra de operação. Eu pensava que o tempo passava rápido, mas aqui em Bangu 1 parece que um minuto é igual a uma hora. Logo de manhã chegou a visão que a Sirius ia receber alta hoje, fiquei feliz que minha parceira tá bem. O foda que eu tô aqui presa nesse inferno. A Marreta tinha acabado de chegar na minha cela para me fazer companhia, ela também não ia ter visita.

Marreta: Eae parceira, tá pensando em que? - Fala sentando na outra cama.

PA: Tô pensando na minha mulher marreta - Falo sentando na cama - Mó saudações daquela doidinha - Falo triste.

Marreta: Culpa tua mermo pow. Tu não quer que ela venha de visitar porra - Fala dando de ombro.

PA: Eu quero ela nesse lugar não parceira. Ela vai ser advogada e eu já sou uma presa - Falo segurando as lágrimas.

Marreta: Fica assim não porra, Jajá tu vai sair daqui. Tu é peça importante dentro do comando - Fala tentando me animar.

PA: O problema marreta é que o advogado não tá nem aí para nim porra, tá foda - Falo dando de ombro.

Marreta: Tô sabendo porra. Tu acha que eu tô aqui faz um ano, porque? Aquele merda só tava comendo meu dinheiro. Eu mermo já mandei ele para a puta que pariu - Fala estressada.

PA: É foda porra. Hoje queria tá com minha pequena no pagodinho que tem lá na Rocinha. No último que nos foi deu mó merda - Falo rindo lembrando da muvuca que teve entre Sirius e Duda - Mas depois parça tive a melhor noite da minha vida com minha mulher - Falo suspirando.

Marreta: Caraí parça tu amo mermo essa nega né? Só de pensar nela tua cara já muda - Fala rindo.

PA: Sim parceira, eu amo ela desde menor. Mas tive medo de colocar ela nessa vida e demorei a tomar uma atitude - Falo dando de ombro.

Marreta: Eu também tinha uma mulher antes de ser jogada aqui. Mas a nega que eu ficava nunca quis pisar aqui na cadeira. Ela dizia que não ia ser mulher de presa - Fala triste.

PA: É porra. A maioria das negas são assim. Quando nós tá na pista com dinheiro oque não falta é buceta na nossa cara. Quando o bagui aperta essas porras somem. Por isso nunca fui de ficar com várias parceira.

Marreta: É porra, mas tu vai ficar o tempo todo que tu tiver na cadeia sem pegar ninguém? Vai por nim a carência bate parça - Fala passando a mão no rosto.

PA: Vou porra, vou mermo. Quero nenhuma daqui não. A única nega que eu quero é minha branquinha - Falo dando de ombro - Vou morrer sem sexo não - Falo rindo.

Marreta: Tu devia deixar tua nega vir de visitar pow. Deixa de ser cabeça dura parceira - Fala dando de ombro.

PA: Eu já disse que não quero ela - Falo sendo interrompida pela carcereira.

Carcereira: Paloma Albuquerque tem visita para você - Fala assinando a prancheta.

PA: Visita? Que visita porra? - Falo levantando da cama.

Carcereira: Eu tô com cara de pombo correio? Vai lá no pátio que tu vai ver caralho - Fala estressada.

Marreta: Vai logo porra - Fala me empurrando.

Dona do Morro e Sua AdvogadaOnde histórias criam vida. Descubra agora