A Cabana

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Já chegava a noite e a Cabana estava cada vez mais fria. Daphne estava num espaço que parecia ser a sala. Harry andava de um cómodo para outro na tentativa de passar mais rápido o tempo, abandonou essa estratégia quando começou a sentir frio.

Harry andou devagar até á presença que estava num suposto sofá e sentou-se em silencio durante uns minutos.

- Eu realmente estou com frio.- Harry foi o primeiro a falar.

- Faz um feitiço.

- É bem pensado… se eu tivesse a minha varinha.- Potter falou com sarcasmo.

Daphne aproximou-se de Harry e utilizou um feitiço para criar fogo na lareira em frente.

- Não quero que morras também.- Daphne falou após uma risada.

Mais algum silêncio se fez sentir na cabana.

- Afinal qual era o teu objetivo? De certeza que não era ficares aqui comigo.

- Não, não era mas também não te vou dizer, Potter. 

- Até quando vamos ficar aqui?

- Draco vai dar pela minha falta.

- Oh claro o teu irmãozinho vem te salvar.

- Lava a boca antes de falares do meu irmão, Potter- Daphne estava irritada e já berrava enquanto se levantava.

- Calma… vamos estar aqui durante um tempo, não quero ter que duelar contigo.

Daphne sorriu enquanto voltava a se sentar mais calma. Cada um estava sentado num canto de sofá quando Daphne caiu no sono.

Algumas horas se passaram até que Daphne acordou aos gritos. Estava a suar e a tremer. Harry , que ainda não tinha conseguido dormir nada, assustou-se.

-Wow.. estás bem? Estavas a ter um pesadelo?

Daphne tentava se recompor. Tinha a boca seca. A sua visão era embaçada com lágrimas que ameaçavam cair pelo rosto. Rapidamente passou as mãos pelo rosto na tentativa de disfarçar os sentimentos. Forçando um sorriso respondeu-lhe.

- Parece que sim. Não te preocupes que não é desta que te mato, Potter.

- Engraçada mas estavas a berrar muito alto.

-Estava? O que é que eu estava a dizer?

- Algo como “ Potter, Potter…”- Harry falou seguindo com uma gargalhada. Daphne forçou mais um sorriso e manteve-se calada. Sem resposta, Harry continuou.- Estas a chamar alguém…” Mãe”

Daphne gelou com a fala de Harry.
Narcisa Malfoy tinha sido uma maravilhosa mãe. Protegia os seus filhos de tudo e todos. Por causa do seu amor de mãe, na última guerra bruxa, ela tinha perdido a vida. Na grande batalha onde Potter tinha acabado com Voldemort, Narcisa fez de tudo para proteger Harry. Mais tarde antes da queda de Voldemort, este descobriu a traição de Narcisa e tirou lhe a vida. A partir dai, Lucius Malfoy, o seu pai, ficou cada vez mais distante dos filhos. Narcisa era realmente a cola da família.
Com todas as recordações Daphne sentiu as lágrimas ameaçarem novamente.

- É… tenho muitos pesadelos com ela. Com ela e a guerra em geral.

O silencio instalou-se. Harry parecia pensativo enquanto olhava para os olhos cansados e chorosos de Daphne.

-Desculpa… se não fosse por mim ela estaria viva.

-Poupa-me essa conversa. Se não fosse por ela não estaríamos aqui.

- É… a tua mãe era uma grande mulher.- Harry esboçou um pequeno sorriso sincero que fez com que Daphne sorri-se também.- Se quiseres falar sobre isso, podes falar. Costuma me ajudar. Dou-te dez minutos de amizade.- Um riso abafado foi ouvido de lado de Daphne.

- Nunca me lembro bem do pesadelo… apenas me lembro da cena da morte. A minha mãe a cair morta á minha frente. Nunca me irei esquecer disso. Foi sensação mais horrível que senti. O maior desespero que já senti.  A maior tristeza.-Daphne já não tentava segurar as lágrimas apenas as deixava rolar pela cara. Só quando acabou de falar que esboçou um sorriso- É.. realmente ajuda bastante falar.

- Eu sei… quando eu tenho pesadelos tenho sempre o Ron. Ele acorda sempre comigo e ouvi-me falar sobre todo.

- Tu tens pesadelos correntes?

-Sim, desde que Voldemort mexeu na minha cabeça. É quase dia sim dia não. Mas tenho sempre o Ron, e a Hermione também.

Daphne sorriu com o sentimento de ter alguém que a entendesse.

Draco também tinha sofrido muito e ouvia a irmã mas não a entendia completamente porque não sofria da mesma coisa.

O dois mantiveram-se em silencio até que decidiram dormir.
Acordaram algumas horas depois, com o sol já bem alto no céu. Deviam já ser perto das duas da tarde quando notaram que a porta da frente estava completamente aberta. Não perderam mais tempo e saíram os dois para lados separados.

D.MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora