O que teriamos sido

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- Agatha? É o Ades. Posso entrar?

- O que faz aqui? Não chamei você aqui.

- Eu trouxe uma torta que minha mãe fez, está muito boa. Sei que está de lua.

- Entre, deixe a torta e vá embora.

Ele empurrou a porta que estava só encostada e entrou na casa. A lareira estava acesa e era a única luz que iluminava o lugar por mais que fosse manhã. Ele andou até a pequena cama onde ela dormia e se sentou no chão ao lado. Fez um leve carinho nos cabelos dela e um sorriso escapou de seus lábios.

- Precisa se cuidar. Esses dias que fica assim são sempre terríveis. Deveria me deixar vir mais vezes. Títere é pequeno para cuidar sozinho de você e sabe disso.

- Eu não preciso de nada de nenhum homem. Só estou sangrando, mulheres sobrevivem a isso desde que o mundo é mundo. Além do mais, Títere já tem quatorze anos, caso tenha esquecido.

- Não disse que precisava de ajuda ou que não ia sobreviver, disse que eu podia ser mais útil. Não tenho problema em cuidar de você vez ou outra.

- Títere sabe exatamente que chá me dar e como fazer as coisas. Você não é meu marido ou algo assim, se é o que acha. Então não precisa se preocupar.

- Por que está sempre na defensiva, Agatha? Eu não quero mandar em você, só estou me oferecendo para esquentar água para seu banho e fazer uma sopa quente. Títere não tem autonomia o suficiente para viver sem você por dois segundos inteiros e tanto você como ele sabem disso.

- E o que vai fazer quanto a isso, cuidar dele pra mim? Me poupe, Ades. Você sabe que nem o que está no meio das suas pernas anda me servindo direito. Eu cuido do meu filho como acho que devo e não aceito nenhum homem se intrometendo nisso.

- Não sou um homem qualquer.

- Virou depois dos 16 anos. Sabe muito bem que eu não gosto de velhos.

Ela ficou satisfeita ao ver a cara do homem esquentar de raiva. Não riu, porque sabia que talvez fosse o suficiente para ele perder o controle e bater nela, mas o ar de chacota não pode ser controlado. Ades não era velho, na faixa dos trinta ainda se passava facilmente por vinte anos, eram as facilidades de ser bruxo. Por outro lado, Agatha já parecia ter seus quarenta anos e apesar de muito bonita, a velha da história era ela.

- Posso ajudar pra que seu mini amante não fique 24 horas te perguntando tudo, que tal? Se meu pau não é o suficiente pra você, não consigo imaginar como o daquele garoto que nem cresceu ainda pode ser!

Lá estava, o bom e velho machismo. Agatha sabia bem que era assim que todo homem se defendia e por isso nunca se arrependeu de ter criado Títere tal qual seus modos de certo e errado. Afinal de contas, se o valor dos homens podia ser medido pelos centímetros dos seus pênis estúpidos, que vida infeliz teriam as mulheres que precisavam conviver com caracteres de média 14 cm?

- É maior que o seu quando tinha 14 anos, acredita? E ele é bem mais criança que você nessa idade.

- Pelo menos você assume que trepa com crianças.

- Ades, se vai ficar aqui falando esse tipo de coisa, prefiro que vá embora. Sabe bem que não conseguimos conviver.

- Não quer uma compressa quente, ao menos? Posso fazer isso se parar de falar sobre o tamanho do meu pau e de me comparar com seu... Com ele.

- Posso pedir pra Títere fazer. Ele faz e ainda fica calado, além de não se importar tanto com o tamanho do trequinho.

- Muito bem, então peça pra ele. Eu cansei de você.

Títere (mdlb)Onde histórias criam vida. Descubra agora