CONDESSA

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CONDESSA

  A noite estava chuvosa, o ambiente escuro dava um ar sombrio e aconchegante ao quarto junto ao fogo da clareira. Lady Dimitrescu dá uma tragada no cigarro, deixando um leve borrão do seu batom na piteira, era como um ritual noturno observar o céu estrelado acompanhado de um bom e velho vinho que ela tanto apreciava. Seus ouvidos aguçados detectaram passos vindos do corredor, vindo diretamente para seus aposentos.

— Alcina, querida? — a voz ecoa detrás da porta. Era Mãe Miranda.

— Entre, a porta está aberta – Alcina diz, tomando um ultimo gole de vinho.

A mulher entrou, fechando a porta atrás de si. Ela tinha uma expressão neutra no rosto, como se já tivessem esse tipo de conversa noturna frequentemente.
—  Então, minha querida, como estão os preparativos para minha nova "candidata"? — Mãe Miranda diz, analisando a janela, observando o céu estrelado junto com as gotas de chuva que caiam aquela noite. — Sinto que esta terá um grande potencial em meus planos.

— Sim Mãe, ordenei que uma de minhas servas deixassem uma carta pessoalmente para ela.

—  Perfeito. tenho grandes expectativas sobre Rose Wend, as ultimas não me deixaram satisfeitas quanto aos resultados dos testes do Cadou. — sua expressão muda levemente, repuxando o canto dos lábios em tom de desgosto.

– Creio que ela será um bom investimento  — diz Alcina em um tom monótono, com os olhos ainda fixos para o lado de fora da janela, divagando em seus pensamentos além da floresta. Ela dá outra longa tragada no cigarro, soltando a fumaça lentamente, olhando pra Miranda logo em seguida. — Mesmo que não sirva para o Cadou, ela poderá ter utilidade se for uma garota virgem, poderei renovar meu estoque de vinhos  — diz, abrindo um sorriso de canto.

— Ah, minha criança, eu amo o seu senso horrível de humor. Esteja pronta para recepcioná-la e fazer o procedimento de sempre, não me decepcione, ela será toda sua. — Miranda abre a porta e deixa os aposentos da Lady, deixando-a sozinha novamente com seus pensamentos.

  Considerando as possibilidades, Rose não negaria um chamado da própria Lady Dimitrescu ao seu castelo, então, ela chegaria dentro de um dia no máximo. Estaria pronta para recebê-la. Devido a falta de habitantes no lugar, a maioria das pessoas no vilarejo eram conhecidas e Rose tinha um leve destaque pelo seu passado trágico, uma garota que perdeu seu irmão mais velho pelas criaturas da floresta e logo depois os seus pais. Ela ainda vivia no vilarejo, mas em uma casa um pouco mais afastada das demais, morava sozinha e era conhecida pela sua habilidade em matar criaturas, parecia nutrir um ódio genuíno por elas, o que era de se entender por causa de tudo que passou. É incrível como as notícias se espalham.

  Mãe Miranda perdeu sua filha Eva ainda muito jovem, dês de então, ela procura cobaias para ser o receptáculo ideal para que Eva possa reencarnar. Dimitrescu a ajuda com esse trabalho e se o receptor não for decente, ela poderia ainda ter alguma utilidade, seja para drenar todo seu sangue ou para ser um simples brinquedo na mão de suas filhas. Naquele castelo, nada era desperdiçado e Rose seria nova integrante dali pra frente.
Um trovão ecoa na escuridão, acordando Lady dos seus devaneios.
Ela apaga o cigarro no cinzeiro e levanta da sua poltrona elegante, se dirigindo para sua cama gigantesca. Ela estava ansiosa demais para pegar no sono ainda, afinal, a curiosidade sobre Rose e seu potencial eram grandes. Ela mentira para Miranda, a própria Alcina tinha ido pessoalmente até Rose para lhe entregar a carta, nas ultimas semanas ela tinha a observado de longe, era uma garota destemida, não demonstrava medo e nem remorso enquanto caçava. Demonstrava ser uma garota forte e que faz de tudo que fosse possível para cumprir seus objetivos. Isso causava ainda mais curiosidade em Dimitrescu, ela estava ansiosa para conhecê-la pessoalmente.

A guarda costas da Condessa (Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora