RECONCILIAÇÕES

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(...) tirou as mãos da mais velha da sua cintura e saiu prontamente do seu colo, dando as costas e saindo dos aposentos da sua senhora.

RECONCILIAÇÕES

  Alcina foi deixada sozinha ali, abismada com o que acabara de acontecer. Ninguém nunca antes teve a audácia de confrontá-la dessa forma, deixando-a de algum jeito sem reação alguma. Era esperado uma reação agressiva e autoritária da mesma naquela situação, ela deveria ter gritado, rasgado a carne da menina com suas garras gigantescas e afiadas, deveria ter acabado com a raça daquela humana por ter desafiado a dona do Castelo Dimitrescu. Mas não, a Condessa não sentia raiva alguma dela, apenas acendeu um cigarro e ficou ali, observando a vista da sua janela enquanto tragava várias vezes, tentando controlar o incômodo no meio das suas pernas que a mais nova deixou e foi embora.

Alguns longos minutos haviam se passado e a Condessa ainda se encontrava perdida no meio dos seus pensamentos, no qual a caçadora insistia em não sair deles, isso já estava deixando a mais velha maluca e levemente irritada. O jeito que ela tinha a tratado, o jeito que ela havia falado com a Lady, desafiando o seu cargo de matriarca do Castelo que no fim não a deixou irritada, mas muito, muito mais interessada pela garota. A coragem, audácia e zelo para com uma simples empregada era no mínimo... admirável. 
Pela primeira vez a Condessa estremeceu ao pensar em alguém dessa forma em anos, ninguém nunca fora tão interessante aos seus olhos e agora, uma simples humana apareceu na sua vida sem mais nem menos e mexeu com seus sentimentos mais profundos, deixando tudo uma bagunça e indo embora. 

Isso não deveria ficar assim

Isso não vai ficar assim

Depois de mais alguns minutos, Lady Dimitrescu levantou da sua poltrona, apagando seu último cigarro no cinzeiro perto da janela, onde ela contou exatos onze cigarros. Ela engoliu um sorriso de canto, a quantidade entregava o quão nervosa ela tinha ficado com a situação e presa nos seus pensamentos.
Ela saiu de seus aposentos, abaixando um pouco para passar pela porta, seguiu pelos corredores na intenção de achar a humana que havia balançado seus sentimentos, passou até mesmo por seu quarto mas ela não estava lá, na verdade, nem mesmo seus pertences estavam lá, isso deixou a maior ainda mais nervosa para encontrá-la, foi então que passando no meio de algumas empregadas no Hall principal ela encontrou Elisa. Ela observou a empregada que ainda tinha tinha um grande hematoma no seu pescoço, parecia abatida como sempre enquanto limpava um grande quadro das filhas Dimitrescu na parede, lentamente e sem dizer nada a Condessa se aproximou da empregada, que até então, não tinha notado a sua presença.

— Boa tarde, criaturinha - a maior proferiu logo atrás da empregada, que se assustou com a voz repentina nas suas costas. Ela deu um pulo ao perceber quem era logo atrás de si, o medo nos seus olhos era evidente. Ela se esforçou para que algo saísse dos seus lábios, mas quando saiu, pareceu mais com um baixo murmúrio.

— Boa...boa tarde minha senhora - ela abaixou os ombros, recuando lentamente para trás por puro instinto. Naquele momento as palavras duras de Rose ecoaram na sua mente ''Nunca mais coloque suas mãos imundas na Elisa''. Queria negar, mas aquelas palavras foram como facas no seu coração, se é que a Condessa tinha algum.

— Vejo que você e Rose são... próximas de alguma forma. Então, gostaria de saber se a senhorita sabe onde ela está agora, procurei-a pelo Castelo e não encontrei - a Condessa deu um passo para trás, na intenção de deixar a criada um pouco mais confortável, se é que aquilo era possível com seus quase três metros de altura.

— A-ah, eu encontrei Rose pela manhã e depois a vi indo para seu aposento. Algum tempo depois vi ela saindo com uma grande mala dele e indo pra biblioteca, minha senhora, depois disso ela desapareceu - a voz ainda nervosa era evidente em Elisa, mas um pouco menos do que no começo da conversa, seus olhos ainda não ousavam olhar para os da Condessa, suas mãos juntas na frente do corpo continuavam tensas.
A Condessa se aproximou e se curvou lentamente perto de Elisa, a menor ficou estática sem mexer um musculo sequer, a respiração descompassada e o medo estampado nela, junto com lágrimas que começaram a brotar dos seus olhos com o pavor de ficar perto daquela mulher novamente.
Lady Dimitrescu retirou uma de suas luvas e logo em seguida estendeu a mão até a bochecha da criada, secando as lágrimas que teimavam em sair, depositando um carinho caloroso no seu queixo.

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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A guarda costas da Condessa (Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora