A guarda costas da Condessa (Lady Dimitrescu)

O TRATADO

(...) Com passos receosos porém firmes, como os de um animal que entrava em um território desconhecido, ela passou pelas portas do Castelo''.

                                                                                  

                                                                                       O TRATADO

  Se o Castelo já era elegante no exterior, a parte de dentro dele era ainda mais incrível com ornamentos da década de antes de 1950. Tudo aconchegante, iluminado e limpo, incrivelmente limpo, era de se imaginar quantas empregadas ali existiam pra não deixar sequer um grão de poeira. Tapetes compridos, mesas e cadeiras de madeira pura decoravam o hall principal, lustres imensos no teto, escadarias que levavam para o segundo andar tinham o piso branco e polido de um jeito impecável.

  Donna se apresentou brevemente e já começou com aquela espécie de "tour" pelo castelo, ela parecia bem entediada pra falar a verdade, parecia um trabalho frequente porque provavelmente apresentava o Castelo inteiro quando uma empregada nova era "contratada", fora passar pra nova funcionária todas as exigências que ela deveria cumprir naquele lugar imenso e meticulosamente organizado.
Todos os cômodos eram bem espaçosos, quartos, cozinha, sala, biblioteca, jardim, entre outros. Pareciam decorados à dedo, cada mínimo detalhe lembrava a Lady, aquela mulher por mais arrogante que seja conseguia ser mais elegante que o seu próprio Castelo. Donna e Rose cruzaram brevemente com algumas das empregadas do lugar, elas pareciam focadas demais nos seus trabalhos pra dar alguma importância na presença delas, pareciam estar numa espécie de "modo avião", polindo, limpando o chão ou simplesmente tirando o pó que parecia não existir nos móveis.

— Acho que eu já te apresentei os lugares principais — Donna comentou - Agora vamos para os seus aposentos pra você poder deixar seus pertences. Por Deus, depois vou lhe mostrar onde fica o banheiro pra esse cheiro não impregnar no Castelo.
— Ah, se eu pudesse esfregar sua cara pelo chão desse Castelo inteirinho —A caçadora sussurrou —se bem que o chão aparenta ser mais limpo que essa sua língua.

— Disse algo minha querida? — a mulher se virou e encarou-a com uma expressão de tédio.

—Nah, onde fica meu quarto mesmo? Tô afim de tomar logo um banho e descansar, não foi muito fácil chegar até aqui.— Rose não estava nem um pouco afim de arrumar intriga no seu primeiro dia no Castelo, precisava apenas se limpar de uma vez e deitar na cama, queria estar minimamente apresentável essa noite para a conversa com a Lady Dimitrescu.
Seu aposento não parecia ser muito diferente das demais empregadas, fora que ela tinha o quarto inteiro pra ela e como um todo ele era bem aconchegante comparado ao da sua casa na floresta, uma cama de solteiro com um tapete aveludado ao lado, mesa de cabeceira com um abajur, janelas com cortinas brancas, um armário de madeira ornamentado com prata e uma pequena lareira ao canto.
Pensando bem, seu quarto parecia ser bem mais privilegiado do que os demais. Rose depositou seus pertences perto da cama e a única coisa que ela queria naquele momento era se deitar nela, reprimindo seus desejos ela deixou o quarto logo atrás de Donna, se dirigindo ao final do corredor onde ficava um banheiro. A mulher se retirou por alguns minutos e retornou com uma toalha e roupas limpas para Rose, entregando-as para ela com uma cara de alívio por ela finalmente tirar a sujeira do corpo.

Ela finalmente estava dentro da banheira o alívio era inexplicável e a vontade de nunca mais sair dali era gigante. Os cabelos negros escorriam pra fora da banheira, os braços estavam dependurados e seus olhos
fechados, acho que seria impossível estar mais relaxada do que agora mas o sossego acabou em pouco tempo.

— Com licença senhorita Rose, perdão pela demor-

—WAAAAAA — Rose deu um pulo de susto, tropeçou e caiu pra fora da banheira, pegando uma escova de banho pra se defender. Ajeitando seus cabelos molhados que estavam tapando sua visão, ela viu o que definitivamente era uma empregada do Castelo na sua frente. — Que diabos mulher, quase me mata de susto!