CONSEQUÊNCIAS

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(...) essa garota é com certeza uma perdição.

CONSEQUÊNCIAS

  A noite da jovem não foi nem um pouco tranquila, e nem era pelo que tinha acontecido no seu tão inacreditável encontra com a Lady Dimitrescu na biblioteca do Castelo, mas sim, pelo tempo que ficou sozinha com seus próprios pensamentos refletindo sobre o que acabara de acontecer.

— Puta que pariu, o que rolou aqui? - ela estava deitada na cama, praticamente idêntica a uma estrela do mar, totalmente derrotada — Devo ter enlouquecido de vez, a velha é ela e quem tá ficando lelé da cuca sou eu. Eu poderia facilmente ter morrido empalada por aquela mulher.

Ela se levantou, ficando sentada na beira da cama, esfregando seu rosto na tentativa vã de aliviar o estresse de alguma forma. Seus cabelos estavam um pouco emaranhados por causa da loucura, sua parte de baixo ainda se encontrava molhada e totalmente decepcionada igual a dona, a vergonha em um piscar de olhos se transformou na sua maior parte em raiva e humilhação, claro que Rose já tinha passado por situações constrangedoras quando estava embriagada, mas nada, NADA se comparava a aquilo.

— Como se não bastasse, ainda chutou minha bunda como se eu fosse um cachorro sarnento. Essa Condessa de meia tigela ainda vai me pagar.


-- No dia seguinte --

  O relógio marcava oito e cinco da manhã, o dia no Castelo começava cedo e Rose já se encontrava de pé vestindo suas roupas de costume. Dessa vez, nada dos trapos velhos que usou na caçada, mas sim, um vestido branco bem acima dos joelhos, curto o suficiente que acabou deixando a cinta com a adaga que sempre usava bem à vista.

Ela saiu do quarto e desceu as escadas, cumprimentando as empregadas que cruzavam com ela nos corredores. A expressão no rosto delas era de total monotonia, até que um pouco mais longe no mesmo corredor, saindo dos aposentos da Condessa ela viu Elisa, a empregada com quem tinha conversado logo quando chegou no Castelo. Ela tinha uma expressão vazia no rosto, mas ao mesmo tempo parecia abatida, triste.
Rose ficou parada no lugar, esperando ela fechar a porta e sair por completo de lá, e então, foi de encontro com a empregada.

— Bom dia, Elisa. Tá tudo bem contigo? 

  Ela estava com a cabeça um pouco mais baixa que o normal, estava quieta. Demorou alguns segundos até que ela respondesse.

— Bom dia, Rose. Estou bem sim, só um pouco cansada do trabalho, as vezes ele pode ser bem pesado. - ela sorriu, tentando parecer simpática.

— Você tá bem pálida, quer que eu pegue uma água pra voc-

As palavras sumiram da boca dela no mesmo instante, um sorriso casual que estava no seu rosto desapareceu e um semblante sombrio surgiu quando viu o que estava acontecendo. Era sangue escorrendo do pescoço de Elisa que ela tentava esconder com a gola alta do uniforme. 
Uma pressão horrível apareceu no peito de Rose, raiva, desgosto, nojo. Ver Elisa naquela situação a deixou arrasada, na visão dos superiores daquele Castelo ela era apenas um inseto que poderia ser esmagado a qualquer instante, algo que se não tivesse mais serventia, seria substituído por outro.

Rose decidiu não falar mais nada, apenas tomou a atitude impensada e deu um abraço caloroso na ruiva. Naquela situação ela pensou que poderia ser empurrada, xingada pois não tinham tanta intimidade assim, mas foi um puro instinto acolhedor, ela não pôde evitar.
Contrariando suas expectativas, Elisa retribuiu o abraço, seus braços se envolveram e agarraram com força nas costas da morena e ela sentiu que a ruiva segurava um choro silencioso.

A guarda costas da Condessa (Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora