E se tudo acontecer de novo?

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Acordei com o som irritante do despertador, minha cabeça estava explodindo de dor. Sabia que não deveria ter ido àquela festa com os meninos. Além de ter sido insuportável passar a noite com aquelas meninas dando em cima de mim, ainda acordei com uma enxaqueca horrível. Levantei com a maior preguiça e me dirigi ao banheiro. Liguei a banheira, deixando-a com água gelada, pois precisava que aquela ressaca passasse. Sentei na banheira e fiquei ali por longos minutos, quase voltei a dormir novamente.

Escutei meu celular tocar mais uma vez. Levantei da banheira, me enxuguei e fui até o guarda-roupa. Tirei uma blusa da escola, uma calça preta e um casaco da mesma cor. Vesti-me, calcei meus sapatos e desci para a sala. Na mesa, vi o café posto e meus irmãos comendo. Minha mãe conversava com alguém na cozinha, provavelmente o namorado dela.

— Bom dia.

Falei seco enquanto passava por eles, e eles responderam com um bom dia alegre. Fui até meu lugar, me sentei, coloquei café na xícara e peguei um pão torrado com queijo. Tomava meu café tranquilamente até minha mãe se sentar na cadeira à minha frente. Levantei o olhar para ela e encontrei a mulher nervosa me olhando.

— O que foi?

Irene: Dani, Gui e Reh... Eu tô namorando há um tempo com o Luiz, né?

— Hm... — Concordei com ela e esperei que continuasse, pois sabia que tinha mais algo que queria contar.

Irene: Já tem um ano e é difícil esse negócio de morar longe, sabe como é? Bem... Eu chamei ele para morar aqui com a gente. Vêm ele e o filho dele ainda essa semana!

Ela falou tudo muito rápido, mas para mim passou devagar. Ela queria trazer outro homem novamente para dentro da nossa casa depois de tudo? Meu coração estava acelerado e na minha mente passaram-se os quatro anos de terror que vivi para proteger meus irmãos e minha mãe. Apertei o pão que estava na minha mão e tentei me manter calmo, mas sentia a raiva percorrer todo o meu corpo.

Dani: Sério??? Isso é muito bom, mãe. O Luiz é uma pessoa boa e o Léo é um garoto incrível!

Gui: Vai ser maravilhoso, não é, nego?

— MARAVILHOSO?

Gritei sem perceber e assustei os três que estavam sentados à mesa. Olhei no fundo dos olhos da minha mãe e levantei furioso.

— DEPOIS DE TUDO QUE A GENTE SOFREU? DO QUE A SENHORA SOFREU, VOCÊ VAI DEIXAR UM HOMEM DESCONHECIDO ENTRAR NA NOSSA CASA??

Irene: Renato, abaixe seu tom comigo agora. Eu estou gritando com você? Não, então trate de falar comigo direito! Primeiramente, o Luiz não é desconhecido e muito menos como seu pai. Segundo, sim, eu vou deixar. Tenho certeza que ele não vai ser como o outro... Reh, você conheceu ele e sabe como ele é maravilhoso e super carinhoso com vocês...

No fundo, eu sabia que o Luiz não iria fazer aquilo, mas tinha medo. Medo de ver minha mãe apanhar novamente, medo de ter que esconder meus irmãos novamente porque tem um doido querendo matar todos pela frente, medo de não conseguir protegê-los. Minha respiração estava desregulada e minhas mãos tremiam. Mais uma dessas crises estava por vir. Soltei o ar forte e me virei para sair.

— Faça o que você quiser... Estou esperando vocês dois no carro.

Avisei meus irmãos e saí de casa, indo até o carro parado na frente. Entrei no automóvel e me permiti colocar para fora tudo o que estava guardando...

𝗖𝗼𝗻𝘁𝗶𝗻𝘂𝗮...

Meu meio irmão - LeonatoOnde histórias criam vida. Descubra agora