Gentil e Generosa

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Charlotte se preparava para entrar no palco do Rudy's naquela noite de sábado. Era um bar badalado de NYC e ela sabia que a casa estaria cheia. Seu cachê também seria um pouco melhor. Optou por vestir uma calça de couro preta, camiseta de banda, jaqueta de couro e botas. Soltou os cabelos e passou o seu batom. Ignorou uma ligação da mãe. Depois retornaria. Se atendesse ali naquele momento, iria se atrasar.

- Pronta? - Kimberly perguntou colocando a cabeça do lado de dentro da porta. Era a cerimonialista da noite.

- Pronta!

- Beleza! Tá lotado! Vai lá e arrasa, garota!

Kim havia se tornado uma ótima amiga e sempre conseguia uns shows para Charlotte na banda do seu irmão, Noah. Era com eles que Charlotte se apresentaria naquela noite. Estava ansiosa, pois era difícil cantar em lugares cheios. Mas o público daquele lugar era diferenciado. Sabiam respeitar os artistas. Artistas! Ela pensou e riu enquanto se dirigia para o palco. Estava bem longe de ser uma. Também estava ansiosa pelo fato de ter convidado Benjamin para assisti-la. Se arrependeu do convite assim que ele fechou sua porta e saiu. Aquele filho da mãe era o CEO da construtora mais agressiva de Nova York e ela o havia salvado da morte. O cara que queria derrubar a árvore com o seu ninho. Mas ela o salvaria, independente de quem fosse. Era humana demais para ignorar aquela cena. Provavelmente, nunca mais o veria.

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Benjamin pediu ao motorista particular para buscar o seu carro no bar da noite anterior. Ficou sentado na sala do seu apartamento olhando para a cidade lá embaixo. Eram oito da noite e ele precisava se decidir se veria ou não Charlotte novamente. Ela havia sido gentil com ele, o acolhendo mesmo sem saber quem ele era. Aliás, gentil não era a palavra adequada. Aquela garota era a responsável por ele estar respirando agora. Era muito difícil encontrar em Nova York, pessoas com aquele coração.
Com certeza ela se arrependera do convite que o fez no segundo seguinte em que ele se apresentou pra ela. E ele nem mesmo sabia daquele projeto que ela citou. Ela tinha razão. O bairro era charmoso, a arquitetura marcante de um tempo que não volta mais. Precisaria ver isso com urgência.

- Charlotte... Charlotte... - ele repetia o nome dela algumas vezes achando bonito de ser pronunciado. Nome de princesa, pensou. Mas ela não poderia ser rotulada de princesa. Somente pela beleza, pois nada tinha de frágil, apesar da delicadeza com a qual o tratou. Lembrou da sua voz doce e seu toque suave no violão, ali sentada no chão da sala. Benjamin se levantou e decidiu que precisava vê-la novamente. Nem que fosse apenas mais uma vez, de longe se ela preferisse. Pensar nela o dava ânimo pra continuar mais aquele dia, sem desistir. Ela arriscou a vida para salvá-lo da morte. Ele não poderia permitir que fosse em vão. Precisava dar um sentido real à sua existência.

Se arrumou e saiu em direção ao Rudy's. Conhecia bem aquele lugar. Mas não iria beber naquela noite. Apenas ouvi-la, com sua voz de anjo.

O anjo que o salvou da morte!

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