Persistir

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Charlotte pegou o seu violão, cumprimentou o público e a banda e começou o show. Olhou para todos os lados, procurando por Benjamin. Era mais forte que ela e, nesse momento, ela se odiou por isso.

Estava no meio da música Linger, onde cantava junto com Noah, quando o viu sentado em uma mesa no canto. Ele levantou a garrafa de água para ela e ela, automaticamente, sorriu. Sacudiu a cabeça negativamente para as suas emoções. Precisava se policiar melhor.

Após a apresentação, bastante aplaudida, ela e os músicos desceram para receber alguns cumprimentos, tirar fotos e depois irem tomar alguma coisa no bar. Esperou que Benjamin fosse até ela cumprimentá-la mas ele permaneceu em sua mesa, apenas a observando de longe. Charlotte se sentiu mal com aquilo. Mas o que ela esperava de um milionário com o emocional ferrado? Bebeu uma cerveja com o grupo de músicos, se engajou na conversa para esquecer do seu convidado, quando Kim a chamou em um canto.

- Tem visita pra você no camarim.

- O que? - perguntou surpresa.

- Um cara lindo de morrer! Disse que é seu amigo do metrô. Não entendi nada, você tá andando de metrô agora? - Charlotte riu.

- Ai, longa história! Deixa ele esperar mais um pouquinho.

Após dez longos minutos, Charlotte saiu com o coração disparado, sem entender o porquê de estar reagindo assim. Benjamin era um homem rico, mais velho, que apenas estava sendo gentil em assisti-la, após ela ter livrado a pele dele. Talvez tenha se sentindo na obrigação de retribuir à gentileza.

Tomara que ele tenha tirado aquela ideia absurda da cabeça! Pensou ansiosa.

Benjamin estava de costas, com as mãos no bolso. Elegantemente vestido, o que o deixou ainda mais atraente aos olhos de Charlotte. Em nada parecia ao homem destruído que ela puxou da linha do metrô. Ele então a olhou pelo espelho.

- Benjamin! - Charlotte o cumprimentou.

- Charlotte! - ele sorriu.

- Que bom que veio! - ela disse entrando na pequena sala. - Fiquei surpresa por um homem tão ocupado querer me ouvir cantar.

- Espero que não tenha se arrependido de ter me convidado depois de descobrir quem eu sou.

Charlotte riu.

- Me arrependi um pouco mas depois vi que seria uma bela forma de vingança te fazer assistir a um show meu.

Benjamin se virou e aproximou-se.

- Foi muito bom! Você tem a voz de um anjo.

- Ah... obrigada! - respondeu sem jeito. -Normalmente sou só eu mas fui convidada pela banda do irmão da minha amiga.

- São ótimos também mas a sua voz é... indescritível. Acho que preciso ouvir novamente.

- Quando quiser!

- Bom, eu preciso ir. Só vim te dar um oi e dizer que estou me informando sobre a questão do seu prédio.

- Você não me deve isso, Benjamin.

- Não é por dever.

Ele ia saindo quando Charlotte o chamou.

- Benjamin! - ele se virou pra ela, sentindo o coração acelerar. - Eu preciso saber se você desistiu.

Ele a olhou profundamente e, pela primeira vez, viu que alguém se importava com ele. Mas precisava entender onque Charlotte via de bom nele.

- Por que quer saber? - respondeu a encarando ansioso.

- Sim ou não?- Charlotte estava aflita.

- Sim! Eu desisti. Só estava... confuso com tudo.

- Eu não sei qual é o problema mas eu te garanto que toda dor passa. Acredite!

- É complicado, Charlotte! - Benjamin sorriu triste.

- Sim, eu sei que é. - Ela também tinha monstros embaixo de sua cama para lidar. - Por isso mesmo te garanto que passa.

- Onde e quando eu posso te ver de novo? - perguntou com o coração disparado.

- Vou pegar a estrada amanhã. Mas devo voltar em quinze dias. Sei onde te achar. Me promete que vai tá aqui quando eu voltar. - ela não sabia o motivo de ter pedido isso a ele mas transcendia qualquer possibilidade dentro dela. Benjamin a olhou surpreso. Porém, aquele pedido o permitia querer viver.

- Eu prometo! Boa viagem!

- Fica com Deus! - disse dando um abraço nele e saindo.

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Benjamin chegou em casa se sentindo vivo. Ele sentia o ar entrar e sair dos seus pulmões sem doer, sem pesar. O único incômodo que sentia era de ter que esperar quinze dias para vê-la novamente. Mas era o tempo que precisava para retomar as rédeas de sua vida. Olhou no calendário e seria véspera de Natal quando se reencontrassem.

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