Décimo Nono.

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Abriu os olhos vagarosamente, algo parecia pesar em cima de seu corpo miúdo. Estava frio, e o arrepio era involuntário. Tentava lembrar-se de onde estava, mas uma nuvem pairava em sua cabeça, como se suas memórias estivessem sido apagadas e substituídas por  uma infinidade branca.

Olhou de um lado ao outro, esforçando-se para enfim se sentar. As paredes de pedra que a rodeavam não lhe indicavam nada, porém a porta de madeira escura brilhou a seus olhos. Levantou-se rapidamente e correu até lá, puxou a maçaneta uma, duas, três vezes. Mas nada. Estava trancada naquele lugar úmido e gelado. Virou a cabeça novamente tentando se localizar, porém só constatou o óbvio: estava sozinha e presa.

O pequeno brilho tremeluzia na escuridão, e ela se agachou, pegando o amuleto em mãos.

— Kakashi… — Sussurrou, lembrando-se do platinado e de tudo o que ele representava em sua vida, colocando todas suas esperanças nele. 

O som de passos pesados se aproximando a fez se assustar, e Hinata se arrastou enconstando-se no fundo daquele cômodo, sentindo a parede fria de pedra em suas costas, queria ser invisível naquele momento. Estava ofegante e sua respiração parou quando viu a tranca da porta se mexendo e com um ruído a pesada madeira se abriu lentamente, fazendo-a cerrar os olhos pela luminosidade incômoda que adentrou o cômodo escuro.

— Vejo que está acordada, minha princesa. — Uma voz masculina cortou o silêncio, fazendo-a estremecer com a bondade velada naquelas palavras.

O homem se aproximou arrastando os pés. Hinata se encolheu ainda mais, abraçando os próprios joelhos - mesmo isso sendo quase impossível pela sua barriga já grande -. Sentiu uma respiração pesada em cima de sua cabeça, como se quem quer que fosse, estivesse inalando seu cheiro.

— Olhe para mim. — A voz veio em tom de ordem, e as mãos masculinas forçaram sua cabeça para cima. Abriu os olhos lunares para ver quem a segurava. — Olá Hinata. 

— Quem é você? — Sua voz saiu como um sussurro, os olhos já embaçados com as lágrimas que teimavam em transbordar. 

— Seu passado, presente e futuro, minha amada. — Dedos longos tocaram suas bochechas, fazendo um calafrio percorrer um caminho invisível onde lhe tocava a pele.

O homem não aparentava ser velho demais, nem novo demais. Hinata poderia afirmar que ele deveria ter cerca de sua idade. Cabelos bem delineados, harmonizando com a face pálida e os olhos azuis que pareciam brilhar na escuridão, como se tivessem uma luz própria. O rosto externalizava uma paz pura e límpida. Ainda receosa, decidiu que deveria tentar entender por qual motivo havia sido colocada naquele local, abriu a boca, forçando as palavras a saírem de sua garganta.

— Po-porque estou aqui?

— Você tem tudo o que eu preciso, princesa do Byakugan.

— Mas eu… Eu preciso ir embora… Meu filho… — A frase morreu ao notar a feição tranquila do homem se transformar com a simples menção de seu filho. Involuntariamente abraçou sua barriga, tentando se proteger do que quer que fosse.

— Filho. — A palavra saiu como um cuspe. Havia repulsa na forma como aquele som deixou os lábios masculinos. — O fruto bastardo que carrega não será seu filho. Seu filho será o que você deverá ter comigo.

— Não admito que fale assim de meu filho! — Surpreendendo a si mesma, sua voz saiu mais alta do que imaginava. Algo em seu interior a deixou exasperada. Jamais deixaria alguém falar algo sobre seu filho, aquele a quem ela daria a vida sem pestanejar.

— Seja como for… — O homem suspirou, levantando-se e dando um passo para trás. — Ele não irá sobreviver. — Deu de ombros, fazendo um sentimento desesperador acelerar o coração feminino.

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⏰ Última atualização: Jun 07 ⏰

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