Cascalho

Santiago

PARTE 2

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Um dia, Veridiana Amaral se viu olhando as redes sociais das amigas, e se deparou com o perfil de Isadora, amiga de sua irmã Elisa.

Ela estava muito bem-vestida, acompanhada por algumas pessoas, que Veridiana reconheceu como sendo os parentes de Dora: a mãe, os irmãos, e um rapaz simpático, de sorriso aberto e o bigode fino emoldurando os lábios cheios indicando uma simpatia e charme sem tamanho. Os cabelos encaracolados, livres e soltos, davam uma impressão positiva de um cara legal, gente boa, de confiança daquela família. Pareciam felizes, todos em algum salão de festa.

Ao longe, Veridiana reconheceu pessoas usando beca de formatura. Seria a colação de grau de Dora?

Um bebê visto de lado, mas era possível notar o quão rechonchudo era. O rostinho não estava à vista, mas era possível ver pelas bochechas que tinha um tom de pele mais claro que o de Isadora, que era retinta. Não se lembrava de a jovem ter engravidado.

Dora olhava para o bebê sorrindo, e na legenda, apenas "meu tesourinho".

Seria um filho? Pela aparência da criança, Isadora teria que estar grávida na mesma época que... "Não, não pode ser. Não, deve ser filho de Dora."

Procurou nas imagens do álbum alguma referência à Elisa, mas não achou nada. Sua irmã era tão amiga de Dora, não deveria estar presente nas fotos? "Impossível, as duas sempre foram unha e carne. Dora jamais abandonaria Elisa. Não... Cadê você nessas fotos?"

Ela não deveria estar nas fotos, como grande amiga, melhor amiga de Isadora? Ela não devia ter se formado?

Decidiu arriscar a primeira suspeita. Mandou uma mensagem para Dora via DM:

"Oi! Tudo bem? Parabéns pelo filho!"

"Oi, tudo bem sim, Veridiana. É meu sobrinho. Não sabia que ainda se lembrava de meu perfil nas redes sociais."

"Não sabia que Isaac tinha..."

"É do irmão de meu namorado. Mas você não tá atualizada, esqueceu os pobres."

Não tinha como prosseguir após aquela informação. Isadora estava certa: Veridiana tinha esquecido dos pobres.

Agora, esposa de um empresário do ramo de supermercados, Veridiana aproveitava a vida que sempre sonhou: era influencer, mas o foco dela era em divulgar os produtos do supermercado Preço Total, especificamente a nova unidade gourmet que seria inaugurada na Barra; além de tirar fotos em seu duplex localizado em Patamares com as melhores roupas e penteado sempre bem arrumado, após visita aos melhores salões da cidade.

A pele estava ótima, especialmente porque visitava os sogros cada vez menos.

Ela tinha a própria casa, não precisaria mais puxar o saco de Lêda Amaral, que não gostava dela; tampouco de Mirela, que ela considerava mimada.

Se dependesse de Veridiana, apenas Juan faria visita à família, mas o marido tinha outra opinião:

-Você sabe, amor, que eu particularmente gosto quando você vai comigo porque precisamos apresentar unidade. – explicou Juan certa feita, enquanto desfazia o nó da gravata - Mamãe não é a sua maior fã, e nem Mirela, mas desde o casamento, a relação entre vocês vem sendo mais cordial. Se pudermos visitar pelo menos para a moqueca da Semana Santa, e obviamente no Natal, todos ficarão felizes.

- Eu sei disso, e sei que você é super família e quer estar sempre perto de seus irmãos. E é por isso que eu coloco meu melhor sorriso para visitar sua família. Pelo menos seu pai é simpático.