CAPÍTULO 04 - Ele não é meu tipo

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MORRIGAN GWENDOLYN ROUX.

A ARMADURA ESTAVA ENVOLTA COM FIRMEZA NO MEU TRONCO, TÃO FIRME QUE ESTAVA COM UM POUCO DE DIFICULDADE PARA RESPIRAR, ANNABETH NÃO ME DEIXOU FICAR SEM O PEITORAL. BRACELETES DE COURO E COTOVELEIRAS faziam parte da armadura de guerra para a capture a Bandeira, mas me recusei a vestir as joelheiras — já estou com o corpo pesado por causa da armadura no meu tronco, não vou ficar com os joelhos duros nos movimentos se for chutar a cara de alguém (que esse alguém seja Perseus, amém). Minha calça escura e tênis estavam bem à minha vista dos meus olhos enquanto permaneço imóvel para que Brighid terminasse sua trança em meus cabelos. Sinto a delicadeza de seus dedos pequenininhos entre meus fios, a gentileza enquanto forçava o liso escorrido a ficar em uma trança embutida. Soltei um resmungo doloroso quando um puxão meio forte faz minha cabeça inclinar-se para trás, meu couro cabeludo esticando mais do que o recomendável e sei que perdi alguns fios ruivos nesse toque tão carinhoso da minha querida irmã.

— Brighid. — Repreendi, emburrada. — Não puxa meus cabelos assim ou vou te deixar sem sobrancelhas.

Minha irmã puxou meu cabelo outra vez, propositalmente, só para me provocar. Posso ouvir sua risadinha irônica que se transformou em um gritinho de dor quando belisquei sua perna atrás de mim.

— Aí, Morgan. — Resmungou ela. — Você é alta demais, tem que abaixar um pouco a cabeça se quiser a trança bonita.

Bufei de incredulidade, mas abaixei um pouco mais meus cabelos para trás, facilitado para minha mais irmã que não conseguia se colocar de pé por causa da enorme armadura que vestia. Brighid tinha caído e ficado presa no chão que nem uma tartaruga com o casco virado em uma praia. Quando fui ajudá-la, porém, a pestinha se encucou de que queria fazer uma trança no meu cabelo, um antigo costume que temos desde que éramos muito novas e que trazemos de Nova Orleans.

— Foi você quem me obrigou a fazer a trança, Fogo. — Retruquei, minha voz um tanto brincalhona. — Mas porque você está fazendo trança? O elmo vai esconder meus cabelos, qual a necessidade disso? Sabe que vou ficar descabelada com a luta durante o jogo.

— Você tem o direito a uma trança, Morg, teve uma grande vitória quando aprendeu a manipular sua magia, por ter aprendido a lidar com suas memórias daquele dia... — Sussurrou minha irmãzinha, a voz doce e tímida. — Quando vencer mais batalhas, estarei lá para fazer mais tranças em seu cabelo até não ter mais espaço...

Ah, Brigh...

Sinto alguns leves puxões em meus fios ruivos, o estalo do elástico de cabelo de dando várias voltas no final dos meus cabelos e sei que, provavelmente, Brighid estava com a ponta da língua para fora dos lábios em uma concentração quase analítica. Ouço o som de aprovação de minha irmã e me virei para ela, meus dedos tocando a trança embutida no alto do mar de fogo em minha cabeça. Brighid sorria com alegria, havia um dente faltando no canto da boca — a janela adorável de um dente de leite que havia caído ontem à noite e que ela estava contente, pois, ganhou cinco dracmas de ouro de Annabeth por conseguir arrancar o dente mole sem morder ninguém no processo. Esse ninguém era Annie e eu, mas que não funcionou muito bem porque arranquei o dente da minha irmã que estava amarrado com um fio dental no momento em que ela estava distraída com a filha de Atena — que dizia que não iria doer se arrancasse o dente. Doeu. Brighid me mordeu depois.

Me levantei, analisando como minha irmã estava caindo lentamente para o chão quanto tentou imitar meu gesto — Brig era magricela, parecia uma pena de gente de tão pequena e magra, ainda que comesse como um esfomeado que ficou dias sem ver alimento (ela também mordia quem tocasse em sua comida). Sempre me perguntei como minha irmãzinha conseguia comer tanto se era tão magra que até um vento calmo e suave a levaria para longe. Soltei uma risada quando Brighid esticou os braços no chão, me olhando mal-humorada por estar rindo de sua cara.

DEARG ● Percy Jackson.Onde histórias criam vida. Descubra agora