*PARTE 04*
*FINAL*
*PATRICK*
Patrick foi o único que ficou sozinho. Ele sabia que seus amigos estavam em perigo. O som de passos era constante, gritos estridentes, outros abafados. Tudo aquilo ecoava pelos corredores do hospital. Patrick estava arrepiado, a cada passo que dava, uma sensação fria subia pela sua coluna, indo até sua nuca.
-- A vergonha cabe em todo lugar... Patrick. Eu sinto o cheiro do seu medo...
Patrick congelou. Cerrou os punhos e se virou. Olhou Splinter de cima pra baixo e perguntou:
-- Que diabo é tu?
Splinter estava em pé, parado na sua frente. Seus olhos estavam tão vermelhos que poderiam explodir alí mesmo.
-- Eu vim de muito longe...
-- Porra! Eu tava com medo de um cachorro mutante? Caralho, vai roer um osso, seu filho da puta desgraçado.
-- Eu já fiz isso... Matando todos eles e aproveitei cada momento, cada gota de sangue, cada tendão, cada músculo...
-- Não tem mais ninguém vivo? Eu sou mesmo o último?
Splinter confirmou com a cabeça. Estava quase babando, passava a língua entre os dentes torcidos, quase podia sentir o gosto da carne de Patrick.
-- E agora? Vai me matar e depois? O que acontece?
-- Eu vou embora... Estou apenas de passagem...
-- Então escuta minha proposta. Por que ir embora se você pode ter um embaixador aqui? Eu posso criar uma organização e trazer cada vez mais vítimas pra você. Quase como uma seita.
-- Continue... - Disse Splinter.
-- Porque eu deduzi... Se você matou o Hemerson transformando a Lara naquela criatura, então você deve ter usado o Lisboa e o Miranda pra matar mais alguns, igual no sonho e por último, você se apoderou do corpo do Splinter pra matar os outros e agora aparece aqui, pensando que vai me assustar. Então, me dê poder e serei seu embaixador na terra. E também tenho uma pergunta: o que você é? Um vírus? Alguma coisa do espaço profundo?
-- Você não é burro... Será feito como você pediu. Faremos um pacto, por isso, preciso devorar uma parte do seu corpo... Você escolhe. No momento em que eu arrancar seu membro, pensei na habilidade que você deseja... Quanto ao que sou... Sua mente não é desenvolvida o suficiente... Você ainda é só um primata... Mas, com o tempo saberá...
Patrick estendeu a mão e Splinter não perdeu tempo.
Patrick não gritou. Seu sangue, antes vermelho, agora era um verde claro e brilhante. Ele sentiu suas veias inflarem, era uma sensação ótima, quase um orgasmo. Os olhos de Patrick brilharam naquele tom esverdeado e sua mão, ainda estendida, começou a regenerar-se. Os corredores e as salas começaram a fazer sons estranhos. Alguns estalos, era como se peças de lego fossem se encaixando e um líquido, algum líquido estava se movendo.
-- O que você pensou... Você mentiu! - Rugiu Splinter.
-- Você não conhece o jeito brasileiro. Eu sou... Inevitável. - Retrucou Patrick.
Dos olhos, orelhas, nariz e boca de Splinter, saíram espinhos de sangue, perfurando todos os seus órgãos da cabeça e matando-o instantâneamente. Patrick conseguiu fazer isso, porque Splinter havia devorado sua mão e consequentemente tomado seu sangue, mas, Splinter com certeza voltaria e Patrick sabia. As luzes do hospital acenderam. Tudo estava limpo e organizado. Sem sangue, corpos ou qualquer outra marca de violência.
-- Isso foi por ter me chamado de primata, filho da puta. - Sussurrou Patrick (ele é negro).
-- O horário de visitas acabou. Amanhã a gente volta. - Disse Miranda, tocando seu ombro.
Patrick seguiu atrás de todos os seus amigos. Chelly estava com os dois braços e Patrick questionou o porquê de todos estarem de máscara.
-- Porra, preto. Tá dormindo? A pneumonia do salada é viral. - Disse Lisboa.
Aparentemente tudo havia sido esquecido e todos os rastros daquela terrível criatura do espaço haviam sido apagados. Mas ele voltaria... "Splinter" com certeza voltaria.
-- Patrick...
-- Patrick...
-- Patrick...
-- PATRICK!!!
Tudo ficou escuro novamente. Patrick fechou os olhos e ao abrir, viu Hellen, quase desesperada, chamando e gritando por ele. O grupo inteiro do desnecessauro observava aquela situação e todos respiraram aliviados depois que ele voltou a si. Patrick olhou ao redor, atônito, enquanto Hellen limpava sua baba com uma toalha.
-- Porra... Eu... Babei... Que diabo que eu fumei?
-- É uma coisa nova, tão chamando de 'metanfetaconha'. - Respondeu Hellen.
Patrick ficou sentado o resto da reunião, apenas comendo e bebendo lentamente. Sua mente ainda estava um turbilhão. Não podia ter sido apenas uma 'lombra muito doida'. Tudo continuou bem, todos comiam, bebiam e cantavam. Miranda e Isadora, porém, trocavam olhares preocupados.
*OS DESNECESSAUROS RETORNARÃO*

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SOMOS 10
HororEm uma pequena cidade, amigos de longa data são assombrados por pesadelos terríveis todas as noites. À medida que os sonhos se intensificam, eles percebem as consequências reais. No entanto, existe algo no canto, na escuridão, os observando, sugando...