Capítulo 8: Requiem Lacrimosa

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Mora em um castelo milenar na Transilvânia.

Odeia crucifixo.

Tem protetores UV nas janelas.

Hábitos noturnos.

Nunca a vi se alimentar.

Pinturas de pessoas iguais nas paredes.

É gelada como um cadáver.

Não tem reflexo.

As lendas.

E se elas não fossem tão descabidas assim?

Ouvi batidas na porta.

- Steve? Está tudo bem? Já tem um dia inteiro que está aí.

- Estou com dor de cabeça.

- Ah. Precisa de algo?

- Não. Obrigado. Já vou dormir.

- Tudo bem. Vou deixar seu jantar aqui.

Era uma armadilha. Só podia ser.

Eu andei em círculos o dia todo no quarto, sem parar. Claro, eu podia estar errado. Provavelmente estava.

Natasha não podia ser uma vampira, vampiros não existem.

A foto estava escura, o ambiente estava mal iluminado. Pode ter sido um bug no celular. Tinha que ser. Precisava ser isso. Senão, eu ia ficar completamente louco.

Não saí do quarto, apavorado. Eu estava ali, na Transilvânia, incomunicável, preso em uma tempestade de neve sozinho com Natasha Romanoff e seu capanga esquisito, no meio do nada. A situação só podia ficar pior com a minha desconfiança de que ela era uma criatura morta viva que chupa sangue.

Suspirei, sem aguentar mais aquilo.

Me sentia perdendo a razão a cada segundo que passava naquele quarto. Estava rezando para eu estar errado, primeiro pelo meu juízo, segundo, por Natasha. Eu tinha me afeiçoado a ela muito mais do que eu pretendia.

Se ela me trouxe aqui só para me matar, iria ficar decepcionado.

Eu tinha que fazer alguma coisa, estava ficando sem tempo. Natasha eventualmente iria perceber que tinha algo errado, e iria entrar no meu quarto.

Se estivesse certo, ela certamente iria me matar ali mesmo.

Se estivesse errado, eu certamente seria demitido.

Mas se ela é uma vampira de fato, por que não me matou até agora? Por que me trouxe aqui para um trabalho de verdade?

Deus, eu tinha que fazer alguma coisa.

Tinha que ter um jeito de provar se Natasha é uma vampira ou não, por mais que eu me sentisse louco pensando isso. As evidências estavam muito maiores do que a razão.

Talvez eu pudesse esperar amanhecer e quebrar uma janela em cima dela, para que queimasse no sol. E como eu explicaria por que fiz isso, depois que não acontecesse nada, Natasha só ficasse parada me olhando confusa debaixo do sol?

Me sentei na cama.

Eu estava louco. Estava vendo coisa onde não tinha.

Esperava muito que fosse isso. Mas talvez não fosse.

Talvez eu estivesse correndo perigo.

Peguei meu celular, o crucifixo, e coloquei a cabeça para fora do quarto. Vi ali o prato de comida, e passei direito. Eu estava faminto, mas não tinha tempo para isso agora.

Love Sucks - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora