Capítulo 4: Für Elise

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Tirei o celular da tomada, bufando. Estava exausto, massageei meu pescoço.

Os últimos quatro dias foram lotados de trabalho e exploração daquele lugar fascinante. Eu tinha conseguido me comunicar com Bucky algumas vezes, quando as mensagens milagrosamente chegavam. Escrevi mensagens gigantescas, tentando cessar um pouco de sua curiosidade, porque elas enviavam aproximadamente uma vez no dia.

Eu havia feito trinta e nove correções de documentos, corrigindo erros, anotando o que precisava ser feito, colocando as propriedades no inventário. Escrevia tudo em meu computador, que passava a noite carregando na cozinha, literalmente a ÚNICA tomada do castelo inteiro.

A cozinha era mais moderna, tinham duas geladeiras enormes, fogão industrial, microondas. Uma das geladeiras ficava trancada com um cadeado enorme, aparentemente não queriam que eu roubasse algumas maçãs.

Mas da outra geladeira, Natasha disse que eu podia pegar tudo. Naquele momento eu subia com meu celular e um capuccino, indo até a biblioteca continuar. Eu estava debruçado no documento, digitando absolutamente todas as informações, e de vez enquando bebericava o capuccino.

Natasha apareceu todos os dias, mas pouco. Eu relatava meus progressos, mostrava tudo a ela com transparência. Ela parecia satisfeita, e ia embora. Fora isso, eu estava muito solitário.

De vez enquando via a sombra de Mikhailov, mas era raro. Eu trabalhava dois turnos por dia, mas ainda sobrava muito tempo para dormir e explorar. Eu já tinha pego alguns livros da biblioteca, queria aprender mais sobre a história do lugar.

Escrevia no diário, jogava joguinhos e assistia os episódios de Dexter que eu felizmente baixei antes de vir, porque não tinha TV ali.

Não sabia se Natasha estava assim comigo por causa do crucifixo ou era seu jeito mesmo. Eu não era seu amigo, era seu advogado, só. Mas não conseguia deixar de pensar que era pelo crucifixo, porque no primeiro dia, ela parecia até meio curiosa com minha presença.

Não devia receber muitos visitantes nesse fim de mundo congelante.

Outro pensamento que tomava conta da minha cabeça, e eu fazia questão de afastar, eram os e se.

E se.

E se Natasha.

E se Natasha Romanoff fosse uma vampira.

Loucura. Pare com isso.

Bebi mais capuccino.

Nos meus pensamentos mais descontrolados nas madrugadas, eu pensava. Seria possível?

Natasha mora na Transilvânia, sozinha. Em um castelo milenar.

Quase desmaiou quando viu o crucifixo, ela parecia com dor física vendo aquilo.

Os protetores UV nas janelas.

Seus hábitos noturnos.

Natasha nunca se juntou a mim em nenhuma refeição.

Seus antepassados, depois de dias encarando, percebi que pareciam todos iguais. Como a reprodução das mesmas pessoas.

As lendas. E se elas não fossem tão descabidas assim?

Eu estava em perigo?

  - Senhor Rogers.

Pulei da cadeira, derrubando um livro das minhas mãos.

  - Jesus. Que susto.

  - Desculpe.

Natasha se aproximou.

  - Não, que isso, eu que me assustei atoa. Estou muito concentrado.

  - São onze da noite, Mikhailov quer saber se pode tirar a comida.

Love Sucks - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora