Capítulo 18: Funeral March

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– Última chamada para o voo à Londres.

Fiquei parado, segurando a bolsa ao meu redor.

  – Senhor, vai embarcar?

Olhei para trás. Minhas mãos tremiam ao redor da bolsa, mal conseguia respirar.

  – Senhor?

  – Vou.

Limpei a garganta e passei pelo portão de embarque, caminhando devagar. Muito devagar. Queria ouvir um grito, como nos filmes, Natasha gritando meu nome para que eu ficasse.

Mas isso não iria acontecer.

Primeiro, que estava de dia.

Segundo, que Natasha não viria nem se estivesse na mais escura noite.

Entrei no avião, já procurando meu assento. Acabei ficando no corredor, o avião estava lotado. Me acomodei, anestesiado.

  – Aceita?

Olhei para a bandeja da aeromoça, vi vários lanchinhos. Peguei uma jujuba.

  – Obrigado.

Quando o voo decolou, mais uma lágrima rolou, mas eu a esfreguei. Sabia que estava deixando meu coração para trás, e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso.

Depois de alguns dias, Yelena já tinha ido embora e Natasha providenciou minhas passagens. Não vi mais Natasha. Não saía do quarto, não queria que Natasha me visse chorar tão humilhantemente por ela assim.

Ela não veio se despedir.

Eu fugi. Entrei no carro o mais rápido possível, sem aguentar ficar ali mais um segundo, me sentindo o menor ser humano da terra.

(...)

Abracei Bucky, exausto.

  – Nossa, cara, você está péssimo.

  – De onde eu tirei que me apaixonar por uma criatura das trevas era uma boa ideia.

Entrei no hall, e Bucky se ofereceu para subir com minha mala. Eu aceitei, seguindo–o como um zumbi.

Tirei meu casaco molhado, Londres estava chovendo, como sempre. Estava absurdamente frio e úmido, as ruas estavam melancólicas como eu.

Me sentei no sofá, largando minhas botas por aí. As lágrimas já tinham secado, ficando apenas aquela dor de cabeça terrível.

Bucky se sentou ao meu lado, parecia absolutamente chocado com meu estado. Olheiras, tinha perdido parte dos meus músculos, estava meio amarelado até. Acho que ele só percebeu o quão ruim era a situação quando me viu.

  – Cara. Vai ficar tudo bem.

Concordei.

  – Senti muito sua falta.

  – Eu também.

Silêncio. Ficamos olhando para o chão por um bom tempo. As vezes Bucky abria a boca, mas fechava. Era difícil saber o que dizer, mas eu não queria conversar mesmo.

  – Eu vou pegar um remédio e dormir. Não durmo há um tempo, não consegui no avião.

  – Tudo bem, tudo que precisar. Estou aqui.

  – Obrigado.

Entrei no meu quarto e fechei a porta. Me olhei no espelho, vendo o pequeno curativo no pescoço, e meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu estava miserável.

Sabia que nunca amaria ninguém como amei Natasha. Sabia que nunca mais iria vê–la. Sabia que ficaria o resto dos meus dias guardando para mim que em um frio vale na Transilvânia, mora uma linda vampira trágica e solitária, que tem uma estufa inacabada no quintal.

Love Sucks - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora