Capítulo 03

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POV: KIM JISOO

Certo! Pensou Jisoo. Tenho feito.
Estava muito orgulhosa de si mesma. Tinha estado pensando freneticamente enquanto Chaeyoung conduzia. Levá-la para casa tinha sido muito gentil por sua parte, ela era muito gentil, estava em
sua natureza.
Era gentil, forte e, sobretudo sincera. Atraente e limpa, algo importante. Alguns dos homens que lhe tinham pedido para dançar poderiam ter tomado antes uma ducha.
Chaeyoung não.

Também era ardentemente sexy, com todos aquela postura, aquela voz profunda e áspera, aquele comportamento de tipo duro e, OH Deus, a tatuagem da serpente, a cereja do
bolo.
Sim, era um marceneira com uma tatuagem. A quem importava? Seu pai ficaria horrorizado, uma boa razão mais para pedir a Chaeyoung que se deitasse com ela.
Deitar-se com uma mulher que acabava de conhecer era um comportamento arriscado, sabia, mas se sentia segura com Chaeyoung, e também sabia que tinha razão ao sentir-se segura.

Confiava em seu instinto. Jisoo sabia que era jovem e inexperiente em algumas coisas —sobretudo no aspecto sexual— mas não no que de verdade importava. Enfrentou à morte duas vezes e tinha ganho.
Enquanto outras jovens de sua idade observavam os rapazes quando passeavam, compravam seu primeiro batom e experimentavam o sexo, ela tinha estado conectada aos monitores do coração, com uma dor constante e lutando por cada sopro de ar que respirava.

Sabia mais que a maior parte das pessoas sobre vida e morte, perigo e segurança. Conhecia bem a si mesma e sabia que não estava equivocada ao desejar essa mulher. Que não estava
equivocada sobre ela. Não era uma maníaca, nem cruel, nem um pervertida. Não ia machucá-la nem fazer com que se sentisse suja. Achava-a incrivelmente erótica, a primeira parceira em sua
vida que a fazia sentir-se assim.

Sem nenhum lugar a dúvidas, Chaeyoung era a mulher apropriada para este trabalho.
Ela estava na porta do carro, abrindo-a e lhe estendendo a enorme mão antes que ela tivesse acabado de pensar. Essa era outra coisa que gostava dela, seu muito antiquado e politicamente incorreto código de cavalaria. Tinha a defendido no Warehouse, tinha a protegido dos empurrões e se assegurou de que chegasse em sua casa sã e salva.

Assim lá estava.

Agora que já se decidiu, a mecânica do assunto — como passar de estar totalmente vestida em uma noite de neve a nua na cama — era quase uma provocação entristecedora. Isso a
preocupou durante todo o trajeto até a porta, trajeto no qual Chaeyoung a manteve segura pelo cotovelo para que não escorregasse na neve.
Como diabos funcionava isto? Tinha compreendido ela que lhe pedia que fizessem amor? Ou era ela que tinha que fazer o primeiro movimento?

O mais provável é que primeiro tivesse que fazer o café, já que o tinha oferecido, mas depois o que? Puxar a conversa sobre fazer amor e dizer
algo provocativo?
Isso não parecia próprio dela absolutamente.
Levantar-se e começar a despir-se? De maneira nenhuma.
E, além disso, nem sequer sabia se tinha café. Não era muito cafeteira e não tinha nem idéia de como funcionava a nova e complicadíssima cafeteira italiana que Jennie tinha instalado.

Por que não tinha convidado Chaeyoung para tomar chá? O chá sim sabia fazê-lo. Só que ela não
parecia o tipo de mulher que gostasse de chá.
Oh, Deus. Talvez isto não fosse uma boa idéia.
Não. Deu uma olhada a enorme e atraente mulher que ia a seu lado, segurando-a pelo braço com suavidade, ajudando-a nas partes mais escorregadias.
Era uma grande idéia, uma idéia fabulosa. Park Chaeyoung era sem dúvida alguma a mulher.

Grande, forte, amável e tão excitante que lhe custava respirar quando estava a seu lado. Achava-a muito atraente. Parecia o tipo de mulher que saberia com exatidão o que fazer na cama.
Quando foi a última vez que tinha conhecido alguém assim? Nunca. Talvez tivesse que esperar outros vinte e cinco anos para conhecer outra Park Chaeyoung.

Não, pensou com renovada determinação. “As oportunidades terá que as agarrar ao vôo.
Esta era a frase que estava acostumado a usar o administrador de seu pai, claro que ele se referia a desfazer-se das ações da Microsoft e comprar bônus do tesouro da Eslovênia, não a encontrar
uma mulher para deitar-se, mas o princípio era o mesmo. Era agora ou nunca.

Talvez ela não tivesse que fazer quase nada se lhe deixasse tomar a iniciativa.
Talvez tudo fosse simples e natural. Beijariam-se e iriam ao dormitório e logo, por fim, começaria sua vida como mulher.

Exceto por uma coisa.

Ela não sabia beijar.

Porque tinha que começar com um beijo, verdade? Seguro que isso era o prelúdio para fazer amor, não?
Se desse um fora no princípio, como ia passar à Fase Dois? Suspenderia a prova do beijo, sabia que a suspenderia.
Era uma vergonha que não tivesse beijado nunca alguém, mas não tinha sido culpa dela.
Não de tudo. Ou sim? Em algum momento, nos últimos dez anos, tinha havido alguém com quem teria podido praticar se tivesse estado atenta? Não, se pensasse bem, seu único contato com
homens tinha sido com doutores muito pouco —pouquíssimo— atrativos, enfermeiros ásperos, os molengos da Fundação Kim — a maior parte dos quais prefeririam beijar antes o traseiro de um chimpanzé que a boca de uma mulher— e seu pai ancião, que sempre lhe dava beijinhos nas bochechas.

Tinha recebido sua boa ração de beijinhos na bochecha, mas nenhum beijo de amor. Beijo francês.
Ou como chamasse. Cara a cara, entre os braços de um homem, com a boca aberta, beijos com língua. Essa coisa da língua sempre a tinha parado um pouco porque embora se supusesse
que era emocionante e excitante —todos os livros diziam— soava mais bem asqueroso.

Midnight Detective. Chaesoo G!POnde histórias criam vida. Descubra agora