Capítulo 6

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CAPÍTULO 6

QUARTA-FEIRA 15 DE JUNHO

Hazel Martinez

     

Tudo o que dava para enxergar e compreender dentro daquela boate era razoável, ao que parece minutos antes de adentrarmos espalhou-se uma fumaça branca através do palco, que deixou tudo feito neblina.

     Tocava uma música latina ao fundo, que reverberava por todos os cantos, deixando o ambiente animado, perfeito para dançar. Sam e eu estávamos procurando por alguma mesa de canto, para sentarmos e bebermos algo.

     O expediente no Green Palace havia terminado há quatro horas, mas ainda assim me sentia exausta, como se um caminhão tivesse passado por cima de mim duas vezes seguidas. Com certeza era um efeito após carregar aquele bendito carrinho que pesava dez quilos. Minhas costas ardiam um pouco, mas nada que não sumiria após duas doses bem fresquinhas de tequila.

     - Por ali Hazy! - disse Sam, falando perto do meu ouvido mais alto que o habitual.

     Havíamos acabado de entrar na boate e estávamos tentando andar no meio do mar de gente que já estava aquele lugar.

     Ela apontou para uma mesa redonda alta, com duas banquetas livres para nos sentarmos. A mesinha ficava em um canto mais afastado do palco. Graças à Deus, eu detestava aquelas fumaças que uma vez e outra eles soltavam.

     - Boa! Vamos nos sentar antes que mais algum maluco apareça. - falei, me referindo ao carro que esbarramos no estacionamento.

     O lobby era conhecido por ser frequentado exatamente por aquele tipo de gente, que dirigia carrões e só enxergam a si mesmos. A famosa classe alta, de políticos, atores e atrizes, modelos, herdeiros e é claro pessoas com poder de nome. Sam e eu nunca nos incluímos nessa generalização, frequentávamos tanto pub's quanto lugares como este. Nunca nos fez diferença, afinal. Ficávamos bêbadas e espantávamos todos onde quer que estivéssemos, de qualquer maneira.

     Me admira o quanto minha amiga se manteve calma por trás do volante, enquanto tentávamos estacionar e um idiota usando óculos pretos, durante a noite, falava asneiras pela janela do Porsche preto. Eu confesso que já teria ido cuspir na cara do idiota, que nem uma lhama estressada, segundo Sam.

     Apressamos os passos diante daquele mar de pessoas para não perdermos nossa mesa.

     - Nossa, como é bom achar um banco, meus pés já estão acabados. - falei, assim que nos sentamos.

     - Você só pode estar brincando, nem andamos três quilômetros Hazel. - Sam disse, soltando uma leve risada.

     - Acho que andar feito um rato no bueiro naquele hotel está acabando comigo. - falei, já procurando ao nosso redor por algum garçom, para pedir algo refrescante.

     - O que você disse que havia feito hoje mesmo? - indagou ela, encontrando nosso salvador da pátria, o garçom.

     Acenamos de forma alegre para que ele nos visse e viesse até nós, anotar os pedidos. E voltei meu olhar para Sam.

     - Carreguei um carrinho com dez quilos de lagostas. Porque um imbecil decidiu que queria pedi-las, ainda vivas. - falei, entredentes.

     - Vivas? Para que fim? - perguntou ela.

     - Sei lá, esse povo rico inventa cada coisa estranha. - falei, olhando-a e soltando um sorriso cheio de dentes.

     - Isso me faz lembrar daquela vez em que estivemos na Grécia, lembra? - pergunta Sam, e começo a gargalhar na hora ao lembrar do que ela estava se referindo.

Um aliado ao acaso - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora