Capítulo 8

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CAPÍTULO OITO

16 DE JUNHO

Hazel Martinez 


     Quando eu havia comentado ontem que a bebida anestesiava a sua exaustão mental e física, esqueci de agregar ao fato que, após o efeito dela o seu estado de cansaço e podridão aumenta cinco vezes mais. Como se um caminhão pesando dezesseis toneladas passasse uma vez em cima de você e não contente da primeira, ele passa mais uma, só para finalizar o estrago.

     Acho que deu para compreender como eu me sinto neste exato momento em que abri meus olhos na cama e mal consegui sentar na mesma. Tamanha era a minha dor de cabeça.

     Malditas bebidas exóticas de abacaxi, por Deus. Quem inventou essa droga?

     Olhei para o meu despertador ao lado da cama, que sinalizava em vermelho meu horário de levantar para ir trabalhar no Palace. Tentei me erguer nos cotovelos para poder levantar.

     Falha tentativa, Hazel.

     Mal tinha força de vontade para me erguer, quem dirá ir tomar um banho quente e ir para meu turno no hotel. Virei meu corpo para o lado, levando um susto de quase infartar o coração, ao ver Samantha esparramada pelo lado direito da cama, com a boca aberta e babando.

     Ah se meu celular estivesse por perto... daria uma bela foto de homenagem para aniversário. Sim, para nós duas os aniversários são um evento anual no qual nós nos vemos no direito de relembrar toda a trajetória de vida e humilhação uma da outra. Ano passado Sam estampou em um cartaz uma foto na qual eu havia feito xixi em uma moita, estávamos na estrada fazia horas e não havia sequer um posto por perto para que eu pudesse me aliviar no banheiro, sendo assim, fizemos como os incas e os maias faziam, apelamos para a moitinha de beira de asfalto.

     Não há cenário de desespero maior que esse, podem acreditar.

     Acabei cutucando minha amiga para que ela também não perdesse seu horário de trabalho, já que saíamos juntas nas quintas-feiras, e justo hoje Sam terá o primeiro plantão do mês.

     - Que saco, pare de me cutucar Ken. - Resmungou ela.

     - Você me confundiu com o namoradinho da Barbie? - perguntei, indignada com a tamanha ofensa.

     Não que o Ken seja feio, muito pelo contrário, mas o que ele tem de beleza ele não tem de QI, é quase igual a uma porta.

     - O que? Não! - Sam, ergueu levemente sua cabeça para cima, tentando abrir os olhos – Kennedy foi o cara que conheci ontem, o garçom.

     - Então você me confundiu com um homem com mais de 1,80 de altura, careca e enorme de bombado? Você é má, Samantha.

     Minha amiga gargalhou alto enquanto se sentava na cama.

     - Você acabou de descrever o Toretto, Hazy – disse ela, ainda rindo – Só pensei que era o Kennedy que havia me abraçado essa madrugada enquanto resmungava pelo frio.

     Me levantei sentando ao lado dela.

     - Não tenho culpa se você é uma ladra de cobertas, você só poderia se relacionar com um cachorro Sam, já que eles se aquecem com seus pelos, caso contrário se fosse com um homem ele não sobreviveria mais do que uma noite ao seu lado, de tanto frio que passaria. - Falei, já me levantando e sentindo a pressão abaixar devido a ressaca.

Um aliado ao acaso - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora