Capítulo 7

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AINDA 15 DE JULHO

Matteo Pelegrinni 


     Meus cotovelos pousaram em cima do extenso corrimão que cercava o mezanino do camarote. Em mãos eu segurava um pequeno copo de cristal, leve e redondo, contendo duas doses de whisky que provavelmente vale o preço de algum carro popular por aí.

     Eu gostava disso. De simplesmente varrer todo o local com os olhos, observar as pessoas, seus jeitos, seus costumes. Pode parecer estranho, mas tem lá a sua diversão. Você acaba conhecendo muitas pessoas antes delas mesmas o fizerem.

     Me recostei nesse corrimão assim que Julian resolveu se esgueirar por aí com a mulher no qual combinou de encontrar aqui hoje, enquanto isso, Ryan havia ido ao bar pedir algo do agrado dele, se é que algo aqui irá agradar ele.

     - Cara, vou te contar, que trampo que foi para achar algo decente nessa porcaria de lugar – começou ele, reclamando.

     Era exatamente esse jeito dele que me fazia lembrar do porque gosto tanto da companhia que ele me oferece, Ryan é um cara simples, sem frescura, sem aquela ostentação toda.

     - E pela demora acabou pegando o que? - Indaguei-o.

     - Uma tônica.

     Virei meu rosto para encará-lo, com uma sobrancelha levantada e um leve sorriso brotando no canto dos lábios.

     - Só tem bebida de mulher nessa droga, nem um chopp esses caras não oferecem. - explicou ele, com uma expressão indignada.

     - Acho que nos bares lá de baixo pode ter algo melhor. - falei, voltando a observar a multidão.

     Varrendo meu olhar pelas pessoas que estavam dançando animadas o que parecia ser um latino na pista, notei a aproximação de duas novas moças, uma puxando a outra como um imã. Elas se espremiam dentre os vários corpos já em movimento, até chegarem no meio da pista, e quando uma delas se virou de frente para o mezanino é que a reconheci.

     Hazel Martinez.

     E se não era não era ela, provavelmente era algum tipo de irmã gêmea muito semelhante, e gostosa.

     Ryan estava tagarelando algum tipo de reclamação que francamente eu não estava dando a mínima, só queria descobrir se era realmente a minha loira, aquela que aparecia mais vezes que o normal em minha mente, que estava rebolando de uma maneira que me deixava até arrepiado, e possesso, por ela estar bem no meio de todos aqueles urubus.

     - O que você tanto olha cara? Parece que estou falando com uma parede. - perguntou ele, já tentando encontrar o foco da minha atenção.

     E ele achou. Assim que Ryan reconheceu Hazel no meio da multidão, arregou os olhos e levantou as sobrancelhas tão espantado quanto eu. Meu amigo voltou seu rosto olhando na minha direção agora.

     - Hazel? Aqui? - Perguntou ele novamente, caramba esse cara não cansa de fazer perguntas e reclamar toda hora?

     - Ao que parece. - falei, já tomando um grande gole do whisky, que desceu queimando, igualzinho a mulher que está testando meu juízo, bem na minha frente.

     - Vou descer lá e falar com ela. - disse Ryan, já se virando para ir descer as escadas.

     - Tá louco? Deixe-a lá e fique aqui. - Me apressei em segurá-lo pelo braço o impedindo de se afastar.

Um aliado ao acaso - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora