Capítulo 3

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TERÇA-FEIRA – 14 DE JUNHO

Matteo Pelegrinni



     06:30AM

     Um soco

     Dois socos.

     Cinco socos.

     São seis da manhã, e já arrebentei ao menos todos os pontos das falanges dos dedos, socando o saco de boxe com tanta gama que quase cogitei em arrebentar o couro junto.

     Mais uma manhã normal da minha vida, acordei torcendo para que a minha realidade fosse diferente do inferno cruzado que sou obrigado a viver diariamente, enquanto os herdeiros da maior rede de hotelaria do mundo que estão na sucessão atual, no caso, Javier Pelegrinni meu pai, e sua miserável esposa troféu, ferram com o meu juízo.

     Vinha quase todas as manhãs para a academia do meu condomínio treinar boxe e de quebra descontar meus problemas no ringue. Não era por talento nisso, nem carreira e nem diversão, era para aliviar a tensão nervosa da minha vida.

     As vezes já cheguei a pensar que iria entupir uma veia da cabeça de tanta porcaria que sou obrigado a aturar.

     Karen, a esposa troféu escrota de Javier, cismava em fazer da minha vida um verdadeiro inferno, dentre dois anos para cá. A babaca insistiu em colocar Olívia, minha ex-namorada da adolescência na minha cola que nem uma maldita célula aderente ligada ao corpo.

     Era um verdadeiro inferno. Mal posso transar casualmente em uma terça-feira por causa dessa pulga insignificante.

     Não sei em que momento Karen tomou essa liberdade de casamenteira, mas estou certo de que irei cortar as rédeas dela em breve.

     Já não sabia dizer qual que era a minha pior pedra no sapato.

     - Desse jeito já pode lutar no UFC. - Disse Julian, meu amigo de infância, ele é quase um irmão, apesar das nossas diferenças de personalidade serem gritantes.

     - Você acha? - Falei, em um tom debochado, que geralmente estava presente na companhia do meu amigo.

     Duvido muito que as pessoas entenderiam nosso jeito bem-humorado, parece até que a gente se odeia olhando por fora.

     - O que eu acho é que você tá precisando distrair cara, sair desse cafundó e curtir um pouco, tá quase virando uma virgem acanhada. - falou ele com um riso nasalado, como se não soubesse que tenho uma droga de agenda inteiramente preenchida para eventos da família Pelegrinni e mal posso tomar uma água no tempo que quiser.

     - Nem me fale de virgens, a última que peguei não larga do meu pé até hoje. - Falei, com um sorriso sem dentes enorme.

     Para anexo de informação, a última virgem foi Olívia Myers, a bendita irmã mais nova de Julian. Namoramos por longos entediantes meses na adolescência. E ouso dizer que foi uma das maiores loucuras que já ousei fazer.

     Julian não ligava que eu falasse sobre isso com desdém, ele melhor do que ninguém soube dos meus motivos para passar a detestar sua irmã com toda a minha força.

     - Ela ainda fala com você? Pensei que tinha parado depois que tive aquela conversa franca com ela. - disse ele, me encarando com uma expressão inacreditada com a tamanha coragem que sua irmã ainda tinha.

     - Ela não só fala, como também liga, me persegue e me visita em uma constância de aborrecer até o meu último fio de cabelo. - falei, quase bufando.

Um aliado ao acaso - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora