Pétalas De Lótus || AU/ Universo Alternativo.

CHAPTER 004: Pétalas de Lótus.

"Eu sei que ninguém é perfeito, que por trás de toda fachada de perfeição há uma confusão distorcida de subterfúgios e arrependimentos secretos".
── Deixe a Neve Cair.

A/NARRAÇÃO ON:
CAPÍTULO 04: Doze Olhos na Parede.

    O padre o repreendia por ficar sentado do lado de fora numa hora como essa. Somente a lua apareceu esta noite, pendurada no céu cintilante, sem a necessidade de estar em lugar nenhum. Nada a fazer além de servir de farol para aquelas poucas almas que ainda vagam.

    Respirando fundo e prendendo o ar até que uma dor queimasse seus pulmões, expirando lentamente para aliviar a pressão. Ombros caindo com o movimento enquanto ele caía, olhando fixamente para sua xícara. A cerâmica já havia esfriado há muito tempo depois que o chá, antes fumegante, finalmente esfriou devido aos seus lentos esforços.

    Era uma mistura forte de camomila e gengibre, fazendo o líquido parecer quase um marrom vítreo e turvo. Mas foi bom, apesar dos esforços fracassados para realmente ajudá-lo a adormecer. A dor desagradável em seu estômago finalmente diminuiu, amenizada pelo gengibre, ou talvez ele apenas tivesse se enganado pensando que realmente fazia alguma coisa.

    Comer ainda era uma luta desagradável. O cheiro de comida o deixou enjoado, mas ele sabia que eventualmente teria que comer. Essa rejeição pela qual seu corpo estava se forçando acabaria em breve, esperançosamente antes que seus seguidores descobrissem. Esperançosamente, antes de o padre descobrir, ele não queria invocar a ira do homem mais velho, nem perder seu tempo.

    Ele ainda podia imaginar os fios de seu cabelo gritando enquanto eram puxados.

    Tocar na borda do copo não o ajudou a beber, nem o pensamento o fez parar. Apenas esperando a exaustão tomar conta, seus olhos ficariam pesados e ele finalmente descansaria um pouco. O que ele duvidava que aconteceria, o sono tornou-se cada vez mais difícil de obter com o passar dos anos.

    Atormentado apenas por lembranças antigas, algumas foram compostas de outras experiências e que pioraram na mente inconsciente. Incapaz de parar e questionar enquanto o sonho tocava seus trilhos teimosos e de uma só rota. Teria sido muito mais fácil se ele pudesse realmente ouvir vozes além das suas e as palavras distorcidas de quem estava deitado em sua cama. Às vezes, o rosto acima dele ficava embaçado, às vezes cristalino. De qualquer forma, ele não gostou de ver isso.

    As sensações sempre pareciam tão repugnantemente reais.

    A culpa sempre o acompanhava sempre que ele acordava, sabendo que as histórias de seus sonhos eram causadas por sua causa. Não fazia sentido por que ele ficou tão aliviado ao descobrir que havia acordado sozinho. Ele não deveria ficar aliviado por ter violado seus seguidores até que eles fossem expulsos de sua própria cama.

    Não parecia certo pedir desculpas, nem parecia certo não ficar com nada. Ele não sabia o que fazer e não podia pedir conselho a alguém. Ninguém precisava se preocupar com suas preocupações, não é como se elas não fossem embora com o tempo. Se ele esperasse um pouco mais, não teria que lidar com isso!

    O pensamento quase trouxe um sorriso ao seu rosto, contido apenas pela sensação perturbadora de estar sendo observado. A pele arrepiada com o desconforto familiar ao ser observado, quase o lembrou das vezes em que seus seguidores caíram em seus pensamentos indecentes. Ele não gostou.