Pétalas De Lótus || AU/ Universo Alternativo.

CHAPTER 009: Pétalas de Lótus.

   
"Gente como eu tem um talento incrível para fingir que está tudo bem".
── Até o Verão Terminar.

A/NARRAÇÃO ON:
CAPÍTULO 09: Peça desculpas uma vez, peça desculpas mil vezes.

(Veja notas no final do capítulo).

    Demorou um pouco mais de uma semana para que ele pudesse retornar ao seu quarto, mantido em constante paranoia de quando o padre finalmente o repreenderia por ter saído furtivamente, apesar da leniência que ele havia recebido alguns dias atrás. O tempo entre as cerimônias passou em um borrão de memória muscular e caretas escondidas, como um fio de areia escorregando entre os dedos. Foi uma semana melhor do que ele esperava de si mesmo.

    Ninguém tinha acabado em sua cama até o fim da noite e ele estava eternamente grato por isso. Capaz de ficar deitado em seu quarto temporário sem medo de que fosse machucado, era quase tranquilo. A pomada foi útil até que sua cavidade tivesse cicatrizado, dando apenas ocasionais pontadas maçantes de dor que iriam embora nos próximos dias. Era bom que ele não tivesse que se esforçar tanto para esconder uma careta mais.

    Isso o fez sentir-se culpado ao pensar nisso. Os esforços de uma luta bem travada sendo curados, uma generosidade que ele certamente não merecia.

    A sensação de estar sendo constantemente observado havia diminuído ao longo da semana, embora sua pele ainda arrepiasse de vez em quando. Ainda se acostumando ao novo quarto, e estando tão perto do padre por muito mais tempo do que estava acostumado. Pelo menos não havia reuniões entre eles, nem gritos ou repreensões para aguentar.

    Embora ele preferisse ser repreendido. Algo era melhor do que o silêncio de ficar sentado sozinho em uma sala, mas, ao mesmo tempo, ele não queria ser gritado. Era quase irritante, confuso de uma forma que ele não sabia explicar. Esperando em antecipação.

    Sem nenhuma cerimônia para comparecer, Douma foi deixado sozinho pela maior parte do dia. Sendo incomodado apenas pelo servo que lhe trouxe o café da manhã e o almoço, ele nem tentou comer. Em vez disso, ficou olhando para a tigela até que a cerâmica queimada esfriou em suas mãos, o cheiro era nojento e fez seu estômago ferver de náusea.

    Comer era importante para todo ser vivo, ele sabia disso muito bem e ainda assim recusou tolamente. Ocasionalmente, seus membros pareciam pesados, sobrecarregados pela falta de substância para sustentá-lo. Um subproduto da necessidade de fazer o padre feliz, algo em que ele falhava mais frequentemente do que não.

    Ele começou a tossir cada vez mais, e o olhar que o padre lhe lançou foi nada menos que mordaz. Um aviso para não ser tão humano. Era mais difícil ficar de pé agora do que quando ele estava se curando, o mundo girava e ele sempre tinha que parar um momento para fechar os olhos. Sentindo-se tonto e perto de desmaiar. Vergonhoso. Outra maneira de decepcionar e falhar com as pessoas que o admiravam.

    Perfeição era algo em que seus pais acreditavam. Nunca ficar doente, apesar de seu filho sempre adoecer durante o início de um inverno precoce. Apenas visitá-lo para levar comida, algo que ocasionalmente era esquecido e ele esperava sozinho, ou para lembrá-lo do ser perfeito que ele nasceu. A criança que podia falar com os deuses, talentosa e intocável pela natureza humana e doenças.

    Ele não precisava de ninguém para cuidar dele, não mais agora que ele estava crescido. Ele só precisava de silêncio e alguns dias de descanso para melhorar, era assim que sempre funcionava, exceto que dessa vez, ele tinha mais algumas responsabilidades do que quando era criança. Passar um dia inteiro de folga não era algo que ele poderia fazer a menos que não conseguisse esconder a doença que o atormentava. Então o padre assumiria até que ele melhorasse, era como um relógio.