C A P Í T U L O 21

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Faltava poucas horas para o anoitecer.

Há uma hora que Dandara se remexia inquietamente, procurando uma posição mais confortável para se sentar. Ela está cansada. Com ela reside uma pesada preguiça implorando para que fechasse os olhos.

A luz do ambiente feria suas órbitas e fazia os olhos lacrimejar e se revirar em busca de um lugar para esconder o rosto. Para cochilar. Entre gemidos e o bocejar, Dandara não sabe da onde tirou forças para abrir os olhos, sentir a luz queimar suas órbitas e visualizar a forma embaçada e… cochilou.

No entanto, em algum recanto de sua mente, a consciência se agitava, instigando-a a acordar uma vez que não está segura. Não com o que presenciou.

Mas o que foi que ela viu mesmo?

Fogo!

Os olhos de Dandara se abrem repentinamente cheio de urgência. No entanto, a preguiça que a dominava não era uma sensação comum, e tudo o que ela conseguiu em resposta foi uma vertigem momentânea. Parecia que seu cérebro girava dentro do crânio, colidindo com força, pois logo em seguida veio uma dor de cabeça lancinante como se mil agulhas perfurassem sua mente.

Dandara sentia dores depois de passar por tanta coisa como hoje cedo.

Ela suspirou, quase esquecendo do motivo de seu despertar.

Fogo!

As chamas dançavam suavemente, lançando raios de calor que, aos poucos, ganhavam intensidade à medida que o fogo era alimentado com galhos e folhas secas. O aroma de carne defumada e irresistível envolvia o ar, despertando o apetite voraz de Dandara. Com movimentos cuidadosos, ela se ergueu, sentindo os músculos ainda entorpecidos pelo sono.

Um sono que ela não se lembra de ter pego.

Dandara tenta abrir os olhos chorosos com muito esforço. Ela pisca…

Ela não estava sozinha.

Homem.

Capacho remexia habilmente as chamas com um galho. Sem o manto negro que usualmente envolvia seus ombros, sua figura se tornava mais nítida, revelando detalhes fascinantes de sua musculatura em desenvolvimento.

De fato, seria um jovem bem cobiçado pelas damas da alta sociedade…

Seus braços já são adornados por veias pulsantes e pareciam feitos para ações intrépidos. O peitoral levemente amplo revelava uma pele limpa até mesmo de pelos. O abdômen começa a ter os músculos destacados, mas é a cintura esguia que lhe confere um aspecto veloz.

Todas as características de um rapaz humano.

Ele não é humano.

Dandara estremeceu e sentiu o rosto aquecer em vergonha e tratou de desviar o olhar. Homens sempre possuem pensamentos safados ao serem olhados por muito tempo.

"Porque ele quer te foder."

Mas o rosto de Capacho parece concentrado em direção às chamas suaves e fracas.

— Oi… — Seu cumprimento foi um sussurro ignorado.

Ele recuou e começou a cuidar da carne à espera do fogo. Dandara observou — ou tentou — ter uma ideia melhor do que acontecia.

O que havia acontecido.

As criaturas. A transformação. Ela correu e foi pega. Ela se debateu, chorou e esperneou tudo o que lhe era de direito. Tudo que obviamente aconteceria, aconteceu.

— O-Onde estou?

Sem respostas. Ele apenas levantou o olhar em sua direção.

O ambiente também era diferente, com grandes árvores, cujas folhas exibiam uma cor incomum de branco. Flores exóticas o embelezavam, enquanto uma leve névoa filtrava a luz dos cristais, criando um cenário cativante.

ACASALAMENTO: Lua CheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora