C A P Í T U L O 45

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Pelos corredores escavados, Dan se encontrava no grande salão. Era o centro do covil, onde os machos poderiam se reunir em banquetes sangrentos e reuniões. Havia muitas elevações rochosas em formas cilíndricas nas extremidades da parede onde as feras gostavam de ficar. De observar.

Os pontos mais altos tinham a maior visibilidade e eram dirigidos aqueles de maior destaque. Cada detalhe do ambiente foi feito a mão, desde o chão liso até às padronizadas estalactites em formas de garras polidas ao teto.

Ali, Mandão a mantinha sob sua vigilância enquanto tentava ajudar Cuidadoso a tratar dos ferimentos de Capacho. Seu ombro esquerdo era carne viva, com cortes profundos e mordidas tão severas que manchou o seu leito de sangue.

Não que ela tivesse conseguido estar próxim, pois apesar de seu estado Capacho rosnou para tudo e todos com promessas de violência. Pilantra disse que era seu instinto de autopreservação e não lhe deixou chegar perto.

Nenhum macho permitiu. Nenhum!

Os novos belos rostos foram se revelando gradualmente, trazendo para Dandara frutas da árvore no berçário. Embora seu estômago estivesse dando indícios de fome, aquelas frutos não eram apropriados para o consumo.

Mas tinham grandes propriedades curativas e todos tinham algum machucado para cuidar. Todos apanharam pela ousadia cometida de enfrentar Mandão. Os mais dominantes, principalmente.

Cuidadoso lhe orientava no que fazer. Como sempre, ele se recusa a deixar seu lado, mesmo que se sentisse um intruso em meio ao seu próprio bando. Toda vez que alguém chegava perto, Dandara, por instinto, ficava tensa.

O único macho que ele aguentava perto era Pilantra, o qual, descascava as frutas antes de entregar a polpa para Dandara tirar as sementes. Quando o último macho trouxe mais um sexto de frutos, a humana não pode deixar de perguntar.

— Por que são todos iguais?

Demorou, na verdade, mas enfim ela percebe estar cercada de negões musculosos de olhos âmbar andando pelado pra lá e pra cá!

— Sim — Nem Cuidadoso conseguia conter o riso perante a resposta de Pilantra. — Todas as alcateias, na verdade.

Dandara compreende que Cuidadoso e Mandão sejam parecidos por terem o mesmo sangue. Ela desconfiava de algum parentesco deles com Pilantra e Capacho pelas mesmas semelhanças… e não ficaria surpresa se fosse revelado algo do tipo.

Mas imaginar dezenas de homens iguais apenas naquele território. E saber que há mais por aí? Cuidadoso estava se divertindo com a perplexidade nos olhos da humana.

— Não totalmente iguais — ele se corrige. — Cada alcateia é diferente. Mas… nós somos um.

— Não compreendo.

— As fêmeas não são negras como nós — Pilantra lhe confessa, buscando o olhar interessado da humana. Um brilho que ele explora ao perguntar: — Já lhe falaram delas?

— Um pouco — ela encara o alto, onde Capacho descansava de forma solitária. Os olhos abertos da fera indicavam cansaço, mas a respiração estava mais tranquila.

Ele estava com dor.

— Como elas são? — Dandara questiona a Pilantra.

— Elas são escuras, mas também são pardas e tem sardas só um pouquinho mais claro no nariz e bochechas. O cabelo não cresce mais do que alguns centímetros e os olhos são num tom mais forte que o nosso. Um mel. Um dourado encantador.

Dandara as imaginou conforme a descrição, sejam como humanas tão lindas quanto os machos eram, ou como feras de pêlos sedosos. Lobas com manchinhas delicadas no focinho, num tom de pelagem similar a terra e negro nas costas. Entre os humanos, poderiam ser consideradas escravas, mas Pilantra também forneceu detalhes sobre suas garras ainda mais escura que a dos machos.

ACASALAMENTO: Lua CheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora