ACASALAMENTO: Lua Cheia

C A P Í T U L O 22

Chrynnos.

São como lobisomens, mas com algumas características marcantes que os diferencia:

• São metamorfos que possuem total controle sobre a transformação.

• Não dependem da lua cheia para se transformar, embora claramente sejam influenciados por ela.

• Toda Ibysah é território deles.

Dandara tinha tantas perguntas e nem todas poderiam ser tão apressadamente respondidas. Algo que aprendeu em pouco tempo é que são intolerantes e apreciam muito mais um silêncio gostoso do que uma conversa animada.

E Dandara precisava de um banho.

Um mergulho rente a cachoeira mais próxima foi uma ótima opção ainda que ela não desejasse se livrar de suas vestes igualmente sujas. Dandara preferia que a correnteza levasse o que tivesse que levar.

Ela olhava fixamente para as mãos. Ela não estava com frio, mas a tremedeira é constante. São os nervos em colapso.

Quem a visse, ali, tão vulnerável na água mal imaginaria que não está sozinha. O ambiente estava em silêncio absoluto com a presença dos predadores a espreita. E mais a baixo seguindo o fluxo do rio, Cuidadoso se banhava.

O gentil homem é um deles.

E Capacho, saiu da copa das árvores de forma claramente escandalosa. Ele não queria assusta-la e seus movimentos pareciam limitados com um leve mancar em suas passadas. Mas após vê-lo, Dandara já estava do outro lado da cachoeira com os olhos arregalados e o coração disparado.

— Calma — Capacho levantou as mãos em rendição.

Dandara ficou quieta.

Ele estava sem a capa, usava uma calça escura e se mantinha descalço. Uma substância marrom cobria seus machucados no peito, braço e pescoço. A primeira vista, não apresentava armas e foi cauteloso com os seguintes passos e, principalmente, quando se sentou rente a cachoeira, pondo os pés na água.

Ele respirou, como se tivesse feito mais esforço do que deveria.

Dandara apenas desconfia do que aconteceu.

— Não vou te machucar — ele lhe disse.

Demorou um certo tempo, até que Dandara abrisse a boca:

— Por que veio?

— Porque eles — apontou ele a floresta e o que Dandara sabia que estava lá atrás ouvindo — não falam o seu idioma.

— Aquele pilantra fala! — Disparou ela.

Capacho arqueou a sobrancelha. E então, riu.

— Mas é feroz demais — respondeu — e recentemente ele ficou um pouquinho bravo para o outro permitir.

Pouquinho? Dandara o olhou melhor. Capacho estava quebrado! Talvez o rapaz tenha ocultado o fato de que havia sido ameaçado antes de se aproximar.

E mais importante, estava proibido de se aproximar demais.

Dandara o olhou, mais uma vez. Capacho conteve o sorriso.

— Por que você?

— Não sou forte o bastante para desafiá-los, muito menos enfrentá-los.

Não estava errado.

Ainda assim, menor, mais jovem… Só de lembrar o que um adulto fez com um bando de adolescentes. Claro…

— Você é o capacho deles.