C A P Í T U L O 46

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Ele estava em sua forma humana, sentado completamente pelado com o cotovelo apoiado sob o joelho e de cabeça baixa. Parecia estar descansando, mas definitivamente, não dormia.

— Está nervosa, humana? — a sua voz, como homem, lembrava a de uma fera. Era rouca, com o som de “r” quase destacado em um ronronar gutural.

— Como sabe que sou eu?

— Seus passos são desleixados — gradualmente, ele levanta o olhar. Como os demais, era num belíssimo tom de âmbar que entrava em contraste com a pele negra. — E você é escandalosa demais.

— Eu me considero mais quieta que os outros humanos — ela se defende — já que sempre estou assustando alguém.

Ele dobra a cabeça para o lado, um ato feral de interesse.

— Ainda é escandalosa — Dandara sorri em desistência. Não tem como discutir com os sentidos apurados de um chrynnos, afinal. — O que você quer, humana?

Assim como ofereceu o pote em gel para Mandão, ela oferece o pote ao homem. Ele aspira profundamente o cheiro antes de olhar em seus olhos e dizer:

— Como eles permitiram que viesse até mim com isso?

— Tive que ser boazinha…

Ele aperta o olhar em desconfiança.

— Não sinto um cheiro recente de macho em você, então com certeza não trepou com nenhum deles. Mas fez alguma coisa…

— Isso importa? — Ela dispara.

Ele joga a cabeça para trás e sorri, exibindo todos os dentes. Dandara nota o canino levemente alongado quando volta a encará-la, num ronronar cruel:

— Se eu colocar minhas mãos em você, não há garantia que sairá daqui..

— Tá bom — Dandara caminham ousadamente em sua direção, com passos tão confiantes que confundem até mesmo o instinto territorialista do homem.

Ele arqueia a sobrancelha, lhe encarando dos pés à cabeça.

— Eu sei que você é rápido o suficiente para… — com um rosnado, ele avançou em Dandara.

Antes mesmo que ela pudesse compreender o que aconteceu, ela sentiu suas costas se chocarem contra a parede. Uma pequena parte do gel escorreu e os olhos âmbar que lhe encaram ganharam reflexos dourados.

— Sua confiança pode causar sua morte!

— Mas você não vai me matar — ela rebate no mesmo momento.

Malditas pernas traidoras que começam a tremer!

O homem segura firme em seu pescoço, se aproxima de seu rosto e sussurra:

— Tem certeza?

— Você veio aqui para lutar para me cortejar — ela declara com arrogância. — E se não me matou quando me capturou mais cedo, por me mataria agora que tento ser gentil e te trazer esse gel de frutas que dizem ser bom pra ferimentos?

Ele aperta levemente seu pescoço, encarando seus olhos. Apesar de tremer, Dandara não recua no olhar e nem em suas palavras.

— É, está certa — ele lhe solta. — Não tenho interesses hostis para com você.

Assim, ele volta ao chão, se sentando, esticando as pernas e cruzando o calcanhar.

— É por isso que eles me deixaram vir — Dandara lhe revela. — Eu estou tentando conhecer vocês. Se não morrer no processo…

O homem fica em silêncio, mas acha graça de suas palavras. Talvez fofo.

— Então… — Dandara insiste na interação e se agacha ao lado dele. Mesmo sentado, ele ainda era grande. 

ACASALAMENTO: Lua CheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora