C A P Í T U L O 44

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Durante a maturidade, os machos sobrevivem com base no pensamento mais humilde que seu auto conhecimento permite. Moldados com a violência e o combate, muitas vezes, até a morte, Cuidadoso sabia que não poderia enfrentar vários rivais sozinho, proteger Dandara e esperar que Capacho sobrevivesse.

O berçário não era mais seguro.

O silêncio que prosseguiu ao ataque é medonho. Para Dandara, aterrorizante.

Ela ouviu de tudo até que a mais angustiante quietude se fez presente. O som da água era o que a impedia de enlouquecer e se desesperar quando Cuidadoso a tirou do berçário.

São duas grandes feras fazendo sua proteção para fora, onde, com a ausência do barulho provocado pela água corrente, o silêncio era ainda pior. E a sensação de perigo. As paredes eram todas trabalhadas com imagens de grandes chrynnos. Dandara não havia reparado na primeira vez. Do teto, os cristais eram mais apagados, pois musgos floresciam e roubam a energia que os fazia brilhar.

Cuidadoso se posicionou rente a um buraco discreto. Ele entrou com um salto habilidoso, se agarrando às rochas com suas garras até conseguir estabilidade por um túnel estreito.

Para Dandara alcançar, Capacho teve que ergue-la com seus longos braços peludos. Cuidadoso a pegou logo em cima.

É um túnel criado unicamente para a circulação de chrynnos, sempre tão ardilosos que a faz se questionar do motivo de escavarem tais coisas. É uma teia de aranha estratégica, contornando os cantos de cada sala e, até mesmo, levando a lugares ainda desconhecidos do covil.

Cuidadoso guiou os passos de Dandara conforme a mantinha embaixo de seu corpo. Ela poderia dizer que a fera engatinhou, mas ele sequer encostou o joelho no chão enquanto ela teve que se arrastar com os braços.

Era apertado, mas necessário.

Capacho estava logo atrás, cobrindo seus rastros e seu cheiro.

Em meio às sombras, ela poderia apenas tatear o que estava a sua frente. Sentir a respiração da fera e evitar seu total desconforto com uma colossal cabeça de lobo acima de sua cabeça.

A boca tão grande que Cuidadoso poderia estraçalha-la após arrancar sua cabeça se não estivesse focado demais no caminho a seguir. Se suas orelhas não estivessem reagindo a cada som.

Foi quando Dan reparou que naqueles túneis, o eco era maior. Se uma pedra caísse, até ela escutaria e poderia precipitar o que estava por vir. E ela escutou… alguma coisa. Baixo demais. Longe demais.

Seja lá o que fez Cuidadoso impedir Dandara de prosseguir, agarrando seu pescoço com a gigantesca mão. Ele se alinhou às suas costas, soltando uma lufada de ar contra seu cabelo.

Então ele avançou sozinho, cobrindo-a totalmente com seu gigantesco corpo. Dandara estava em baixo de seu abdômen onde a pelagem não era tão abundantemente e permitiu ver os detalhes humanos no corpo de um lobisomem.

Cuidadoso se inclinou e seus músculos pressionaram a fêmea ao chão. Ele poderia esmagá-la com seu tamanho, mas Dandara só sentiu levemente sufocada pelo imenso calor do corpo.

Havia um pequeno buraco a frente. Não era maior do que os olhos da fera… mas a permitia espiar o que acontecia fora do túnel. E puxar o ar atrás de informações.

Ele se levantou até que as costas colidisse com o teto. Se não fosse por um lobisomem de quase três metros de comprimento estar em suas costas, Dandara poderia andar agachada pelo turel.

Por entre os braços, ele olhou para trás. Para Capacho.

Havia uma bifurcação em cima da cabeça do jovem macho. Dandara não viu por causa de Cuidadoso, mas Capacho saltou por esse buraco tão rapidamente e sumiu de sua vista e Cuidadoso teve que tapar sua boca para que não expressasse sua surpresa.

ACASALAMENTO: Lua CheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora