Capítulo 14. Filme

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Point of  View de Camila

A tarde estava abafada, o ar pesado prendendo o fôlego a cada passo que eu dava na direção da casa de Lauren. Meu coração batia frenético, e eu odiava a sensação de fraqueza que isso trazia. Por que ela tinha esse efeito sobre mim? Era uma pergunta que me atormentava, me enchia de raiva e ao mesmo tempo de uma estranha curiosidade. Eu sabia bem quem ela era — manipuladora — e, mesmo assim, aqui estava eu, me deixando levar de novo.

Respirei fundo ao chegar na porta. Apertei a campainha, sentindo um arrepio me subir pela coluna. O som ecoou no ar e, por um segundo, considerei a possibilidade de dar meia-volta e sair dali. Mas antes que minha coragem evaporasse, a porta se abriu. Normani apareceu na entrada, o sorriso malicioso curvando seus lábios e o olhar brilhando de uma diversão que parecia saber demais.

— Achei que não ia aparecer — disse, abrindo espaço para eu entrar. O tom dela era casual, mas o sorriso traía a expectativa.

— Prometi que vinha, não foi? — respondi, tentando esconder o nervosismo.

Ela riu, balançando a cabeça. — Dinah e Ally já chegaram, então fique a vontade, a casa também é sua.

Ela me deu passagem e entrei na casa, sentindo um arrepio percorrer minha espinha. A sala estava iluminada pela luz suave da tarde, e o cheiro familiar de baunilha e madeira me envolveu. Era o cheiro da casa da Lauren, um aroma que eu conhecia tão bem. Meu estômago deu um nó.

Lauren estava na cozinha, concentrada em algo sobre a bancada. Parecia distraída, mas o simples fato de estar ali, tão perto, fez meu corpo inteiro se tensionar. Ela estava diferente, aparentemente mais quieta do eu esperava. Os cabelos caíam em ondas soltas sobre os ombros, e a calça jeans justa e a camiseta preta a deixavam com um ar relaxado. Relaxada demais.

— Camila. — A voz dela cortou o silêncio.

Meus olhos se encontraram com os dela, e vi um flash de surpresa rapidamente, um brilho de espectativa surgiu.

— Oi, Lauren. — Minha resposta saiu firme, mais firme do que eu esperava, e isso me deu um pouco de confiança.

Ela me olhou por um momento, como se estivesse avaliando o que dizer a seguir. Depois, se virou de volta para o balcão, mexendo no pacote de pipoca de forma nervosa e em seguida caminhou em minha direção.

— Fiz pipoca. Quer? — perguntou casualmente.

Senti um nó na garganta. Como ela conseguia ser tão indiferente? Como se nada tivesse acontecido e como se ela não estivesse me ignorando o dia todo pela manhã? Respirei fundo, tentando manter o controle.

— Agora não, obrigada. — Minha voz saiu mais cortante do que eu pretendia, mas não me importei. Eu não estava aqui para brincar de casualidade.

Assim que entrei na sala, não tive nem chance de reagir. Dinah, com sua energia de sempre, praticamente me atacou com um abraço sufocante, me envolvendo nos braços como se fôssemos duas velhas amigas que não se viam há anos.

— Até que enfim, Mila! — ela exclamou, me apertando com tanta força que quase me faltou o ar. — Eu sabia que você ia demorar! Não falei que podia te buscar? Mas não, você tem que ser teimosa!

Tentei soltar uma risada, mas ela saiu meio nervosa, porque, no fundo, eu sabia que meu atraso tinha sido tudo menos acidental.

— Calma, Dinah. — Bati levemente no ombro dela, tentando me livrar daquele abraço esmagador. — Já estou aqui, não precisa me matar apertada.

Dinah me puxou para o sofá, como se precisasse garantir que eu não ia fugir.

— Finalmente! — Ally levantou a cabeça da almofada onde estava deitada no chão, com aquela expressão preguiçosa de quem já estava acomodada há um bom tempo. — A gente estava apenas esperando você pra começar.

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