Capítulo 12: Apavorada

453 28 10
                                    

Point of View de Camila.

Quando Lauren saiu, eu permaneci deitada na cama, tentando entender tudo o que acabarou de acontecer. A intensidade daquele momento me deixara tonta, mas ao mesmo tempo, algo em mim despertou, um lado que eu nem sabia que existia.

Os gemidos dela ainda ecoavam na minha mente, preenchendo o silêncio do quarto. Lauren sempre foi dominante, sua presença forte me envolvia de uma forma quase irresistível, e, mesmo contra o meu orgulho, eu me deixei levar. Mas como eu podia não ter permitido isso? Mesmo com a raiva que ainda queimava pelas provocações dela, uma parte de mim não conseguia negar o quanto a visita dela mexera comigo.

O que foi isso? Que loucura. — murmurei, perdida nos meus próprios pensamentos. O toque dos lábios de Lauren, o modo como minhas mãos deslizavam por seu corpo, tudo parecia se encaixar, como se fosse inevitável.

Mas logo a realidade bateu, fria e cruel. Lauren era minha namorada, e sua manipulação, o jeito como ela sempre tentava me controlar, pesava sobre mim como uma sombra constante. Eu não podia simplesmente ignorar o que ela fez, mesmo que o desejo de reviver aquele momento fosse quase insuportável.

Levantei devagar, sentindo o desconforto da vulnerabilidade que me cercava. Caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido, tentando lavar a confusão de minha mente. Ao me vestir, encarei meu reflexo no espelho, como se buscasse respostas nos meus próprios olhos. Mas tudo o que vi foi uma versão de mim mesma dividida entre o desejo e a razão.

Saí do quarto e, ao entrar na sala, o cheiro familiar do perfume de lavanda da minha mãe misturava-se com o som baixo da TV, onde um programa qualquer passava. Ela estava sentada no sofá, com os olhos vidrados na tela, os dedos tamborilando levemente no braço da poltrona, completamente absorvida no que assistia. A luz suave do fim da tarde atravessava a janela, tingindo o ambiente com um tom dourado.

— Lauren já foi? Não a vi sair — perguntou sem sequer desviar o olhar da TV, a voz calma, mas carregada de curiosidade.

Senti um leve desconforto no estômago, algo pesado e incômodo, mas tentei esconder.

— Sim, ela saiu faz um tempo... estava com pressa — respondi, fingindo naturalidade, enquanto o nó no meu estômago se apertava ainda mais. Algo sobre aquela conversa me deixava nervosa, como se estivesse escondendo um segredo.

Minha mãe continuou, agora levantando lentamente do sofá e caminhando em direção à entrada, onde uma caixa azul envolta em um laço repousava em cima do móvel.

— Chegou essa caixa e uma carta para você. Mas, sabe... acho que não é da Lauren, já que ela estava aqui — disse Sinu, com o tom de quem sabia mais do que deixava transparecer. Ela me lançou um olhar firme, o tipo de olhar que só mães conseguem dar. — Espero que não seja outra pessoa... Gosto muito da minha nora, você sabe. Não aceitaria outra ocupando o lugar dela — acrescentou com um toque de humor ácido, mas havia algo subentendido, algo que me fazia sentir observada.

Rolei os olhos internamente, reprimindo a vontade de responder de forma ácida. Como se já não bastasse a pressão que Lauren havia colocado em mim mais cedo, agora minha mãe também insinuava algo? Parecia que o universo inteiro estava conspirando para me acusar de uma traição que eu nunca cometi — ou sequer pensei em cometer.

— Todo mundo sabe que namoro com ela, não é segredo pra ninguém, mama — rebati com um sorriso que eu sabia estar mais forçado do que natural, meus olhos se desviando para a caixa. Caminhei até ela, tentando disfarçar a curiosidade que começava a crescer. Quem poderia ter me enviado isso?

Subi as escadas apressadamente, a curiosidade já me consumindo. Ao abrir a caixa, me deparei com bombons de chocolate amargo, o que imediatamente me deixou intrigada. Quem me enviaria isso? Aparentemente, essa pessoa não me conhecia bem, porque eu odiava chocolate amargo.

MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora