Máscara

Capítulo 15. Desencontros

Point of View de Lauren

Encontrar Keana sempre tinha sido uma forma conveniente de me afastar do caos que minha relação com Camila trazia. Ela era minha fuga, minha distração. Mas, naquela tarde, algo estava diferente. Pela primeira vez, não queria estar ali. Não queria que ninguém nos visse juntas, especialmente depois das fotos anônimas que recebi. Eu estava em alerta, observando cada rosto ao redor, buscando qualquer sinal suspeito.

Ao entrar no café no centro da cidade, encontrei Keana já sentada, com aquele sorriso que antes parecia acolhedor, mas que agora me soava superficial, quase falso.

— Oi, Laur! — Ela se levantou, me puxando para um abraço que eu retribuí com relutância.

— Oi, Keana — respondi, tentando soar natural, mas até eu sentia a tensão na minha voz.

Nos sentamos, e o desconforto pairava no ar. Eu não estava ali para trocar palavras vazias. Algo na mensagem que ela me enviou, pedindo para nos encontrarmos, me fez suspeitar que talvez ela soubesse de algo.

— Então... — comecei, cruzando os braços e fitando-a com intensidade. — Tem alguma coisa que você queira me contar?

Ela piscou, surpresa, e soltou uma risada nervosa e sarcástica, uma expressão que eu conhecia bem.

— Laur, o que é? Você parece... tensa.

— Tensa? — arqueei as sobrancelhas, mal escondendo o sarcasmo. — Talvez eu esteja. Você sabe de algo, Keana? O suficiente para me chamar aqui com essa urgência?

Ela perdeu um pouco da cor, claramente impactada pelo tom da minha voz. Talvez eu estivesse sendo rude, mas a verdade é que eu precisava me afastar. Era o jeito que eu encontrava de manter uma barreira entre nós.

— Precisa ser algo urgente pra gente se ver? — ela rebateu, estreitando os olhos. — Ou será que você quer acabar com o que temos por causa daquela idiota da Camila? A garota que você traiu comigo por meses?

O sangue ferveu, e antes que eu pudesse controlar, as palavras escaparam:

— Olha como você fala dela — retruquei com a voz afiada, deixando transparecer minha irritação.

Ela me olhou, incrédula, como se não acreditasse que, pela primeira vez, eu estava defendendo Camila de suas provocações.

— Agora você está defendendo ela? — Keana apertou os olhos, o sarcasmo transparecendo em cada palavra. — Depois de tudo que você fez, de como se queixava de que a relação a sufocava? Ou você esquece que, antes de toda essa confusão com a Camila, nós já estávamos juntas?

— Não é bem assim, Keana — murmurei, tentando controlar o tom. — Eu só... não estou com cabeça pra esse tipo de conversa.

Ela riu, balançando a cabeça, amarga.

— Claro, Laur. Não tem cabeça pra isso, mas não perde a chance de vir aqui e me tratar como se eu fosse o problema da sua vida.

— Keana, não vamos fazer isso agora. Eu só quero saber se você sabe quem pode estar por trás dessas fotos — insisti, mantendo o tom firme.

Ela cruzou os braços, encarando-me com um brilho provocador nos olhos.

— Sabe o que é engraçado, Laur? — disse, inclinando-se sobre a mesa. — Você vem aqui toda desconfiada, toda defensiva, como se eu fosse sua inimiga. Mas quem é que arrisca tudo por você?