Capítulo 5: Vazio

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O sol estava no auge, lançando raios dourados sobre a quadra da escola, iluminando cada canto e refletindo o brilho vibrante da energia juvenil. O som das risadas, dos gritos despreocupados e da bola quicando no chão se misturava ao vento suave, criando uma sinfonia típica daquele intervalo, onde por alguns minutos, todos esqueciam os deveres e responsabilidades.

Eu estava cercada por Normani, que exibia um bronzeado invejável de suas férias prolongadas — ah, a vida de gente rica, sempre cheia de escapadas luxuosas. Ela gesticulava animadamente enquanto nos contava sobre suas aventuras, fazendo piada de algo absurdo que aconteceu. Ao seu lado, Vero ria alto, do jeito despreocupado de sempre, e Alexia, com seu olhar atento, soltava comentários sarcásticos que faziam todas gargalharem. Estávamos em perfeita sintonia, uma bolha de diversão em meio ao caos cotidiano.

— Enfim... — Normani concluiu, após nos contar uma mínima fração do que havia rolado em suas férias. — Admito, estava morrendo de saudade de vocês! E olha que vocês são insuportáveis! — acrescentou com uma risada, abaixando-se para amarrar os cadarços dos tênis, sempre estilosa, até nos detalhes mais simples.

— Você ama a gente, e sabe disso — retrucou Vero, com aquele sorriso malicioso. O jeito que ela falou fez todas rirem, como se houvesse uma verdade inescapável por trás daquela brincadeira.

— É verdade, mas hoje eu quero comemorar! Que tal sair à noite? — sugeriu Alexia, sempre a mais animada para festas.

— Ah, vocês arranjam qualquer desculpa para uma bebedeira, não é? — Vero riu, os olhos brilhando de empolgação. — E eu amo! Vamos!

Suspirei, já antecipando o que viria.

— Infelizmente, vou ter que passar. Tenho que estudar com minha 'namorada' hoje. Preciso ir à casa dela ou levar ela lá em casa, senão minha mãe não me deixa em paz — confessei, meio derrotada, como se aquela rotina já tivesse me cansado.

Normani arqueou uma sobrancelha, um sorriso desafiador surgindo nos lábios.

— Então ainda tá iludindo a garota, Lauren? — Ela perguntou, a provocação clara no tom.

— Claro que não! Ela está comigo porque quer — falei, tentando soar mais confiante do que realmente me sentia.

— Certo, e quando ela tentar terminar com você, você vai surtar, né? — Normani provocou, cruzando os braços. — Você vive dizendo que não gosta dela, mas seu olhar entrega outra coisa.

Um frio na barriga me atingiu com suas palavras. Tentei disfarçar o desconforto, mas era difícil.

— Olhar?... — ri nervosa. — Claro que não gosto dela. Eu só preciso dela para manter uma boa convivência com meus pais. Antes de começar a namorar a Camila, eles não paravam de me encher o saco.

Normani me lançou um olhar sério, como se tentasse decifrar minha alma.

— Isso não é a melhor solução. Você tá iludindo a menina, e ela gosta de você, isso é claro.

A irritação cresceu em mim.

— Então agora você está do lado da Vero? — perguntei, indignada.

— Não vale a pena discutir com ela, Mani; ela é tão teimosa quanto uma mula — disse Vero, cruzando os braços e exibindo um sorriso provocador que deixava claro que ela estava pronta para a batalha.

Revirei os olhos, sentindo a pressão aumentar. Era complicado manter a fachada com amigos que conheciam tão bem a realidade. Normani sempre teve um jeito de me fazer questionar minhas ações, e isso me irritava. Mas, no fundo, eu sabia que ela estava certa.

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