Capítulo 10. Implicância

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A chegada de Lauren na escola era sempre um espetáculo, um evento que paralisava o ambiente. Não importava se era segunda-feira ou um dia qualquer; assim que ela cruzava os portões, todos os olhares se voltavam para ela, como se fossem atraídos por uma força magnética. Sua beleza era inegável, mas havia algo mais: uma confiança intrínseca que ela carregava como se o mundo fosse seu palco, e ela, a protagonista indiscutível.

Quando começamos a namorar, foi como se uma bomba tivesse explodido. Os cochichos percorriam os corredores, e as perguntas ecoavam em cada canto: “Por que, de todas as pessoas, Lauren escolheu justamente a nerd que se escondia atrás dos livros?” Era um mistério que ninguém conseguia decifrar, nem mesmo eu. A popularidade de Lauren só crescia, e estar ao seu lado me colocava em uma posição desconfortável. Para alguns, eu era a sortuda, mas para outros, apenas um alvo fácil.

Keana, em especial, nunca escondeu seu desprezo por mim. A beleza dela também era inegável, mas o ego a tornava quase insuportável. Ela tinha uma obsessão por Lauren, e eu sabia que meu relacionamento com ela só intensificava sua fúria. Cada sorriso falso que Keana me lançava, cada palavra velada de veneno, era um lembrete constante de que eu não pertencia àquele mundo de glamour e superficialidade. O mais doloroso de tudo? Lauren parecia não notar, ou pior, não se importar. Sua indiferença a tornava ainda mais irresistível aos olhos de todos.

E eu? Eu me via cada vez mais distante. Lauren nunca foi a namorada afetuosa que eu imaginava, e, enquanto ela reinava no centro das atenções, eu me mantinha à margem, sufocada por dúvidas e incertezas. A proximidade entre ela e Keana era sufocante. Sempre que as duas estavam juntas, o ar parecia mais denso, como se houvesse uma tensão latente entre elas, algo que eu não podia ignorar, por mais que quisesse. Confrontá-la? Não seria sensato. Lauren detestava conversas sobre ciúmes ou sentimentos, e eu sabia que qualquer tentativa seria em vão. Tocar nesse assunto era como andar sobre um campo minado, perigoso e imprevisível.

Ainda assim, em silêncio, eu me perguntava: se Lauren quisesse Keana, já estaria com ela. Mas não estava. Ela tinha me escolhido, e eu tentava me agarrar a isso, como uma âncora em meio ao caos. Talvez fosse minha forma de justificar a tempestade de dúvidas que me assombrava. Por mais que doesse, ela ainda estava ao meu lado. Isso deveria ser suficiente... ou será que não?

Dinah, nunca aceitou bem a situação. Sempre questionou o comportamento de Lauren, e depois de uma ocasião em que ela me humilhou na frente de todos, Dinah quase perdeu o controle. Estava pronta para por um fim a tudo, para me resgatar daquele relacionamento conturbado. E, no final, segui seu conselho. Terminei com Lauren.

Lembro-me perfeitamente daquele dia. Vi Lauren chorando na frente dos meus pais, prometendo que tudo seria diferente, que ela mudaria. Por um breve momento, acreditei nela. Achei que talvez, só talvez, as coisas pudessem melhorar. Mas, como de costume, foi apenas um sonho passageiro. Na semana seguinte, ela voltou ao velho comportamento, me machucando de novo e depois pedindo desculpas, implorando por mais uma chance. E eu? Eu cedia, sempre na esperança de que daquela vez seria diferente.

Dinah sempre esteve lá, como uma voz de razão. Eu não era cega. Sabia que estar com Lauren me trazia tanto felicidade quanto dor. Era uma balança frágil, e o peso de tudo aquilo parecia esmagar minhas costas. Às vezes, parecia que Lauren se importava mais com o que os outros pensavam dela do que comigo. E, no meio de tudo isso, estavam minhas próprias inseguranças, uma constante sensação de que eu nunca seria o suficiente.

E então havia Lauren, sempre ela. Por trás da fachada de popularidade, eu sabia que ela também lutava com seus próprios demônios. Mas quanto tempo ainda poderíamos continuar assim, presos em um ciclo vicioso de brigas, reconciliações e promessas quebradas? Quantas tempestades ainda enfrentaremos antes que tudo desmorone de vez? Não tinha a resposta, mas o peso dessas perguntas me afogava lentamente, e cada dia ao lado dela parecia me arrastar mais fundo.

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