Gabrielle: O Coração da Lei.

Hoje eu tenho que partir.

Marcus on.

Eu me sentia sufocado, cada respiração era um lembrete das dores que causei e das escolhas que não podia desfazer. A sala estava mergulhada em sombras, e eu estava sozinho com meus pensamentos, uma companhia que se tornara insuportável. As fotos e cartas espalhadas à minha frente eram fragmentos de um passado mais feliz, um contraste cruel com o vazio que agora preenchia meu coração.

Eu segurava a corrente de metal, aquele pequeno objeto que significava tanto, e deixava as memórias me inundarem. Gabrielle... como eu desejava poder voltar no tempo, para ser o homem que ela merecia, para apagar a dor que eu havia causado.

Em um momento de clareza desesperada, levantei-me. Eu precisava ir ao único lugar onde ainda sentia alguma conexão com a alegria que havia perdido. O parque estava silencioso quando cheguei, as árvores sussurravam segredos ao vento enquanto eu caminhava por entre elas.

Cheguei à nossa árvore, aquela sob a qual compartilhamos tantos sonhos e risadas. Com mãos trêmulas, tirei a corrente do pulso e a pendurei no galho mais baixo.

— "Perdoe-me". sussurrei para o vazio, uma prece para alguém que talvez nunca ouviria.

Eu me afastei então, me perdendo na escuridão do parque. Cada passo era mais pesado que o último, cada sombra uma promessa de esquecimento. Eu sabia o que precisava fazer, uma última escolha em uma vida cheia de erros.

E ali, sob o manto da noite, eu abracei o fim. Não havia mais lágrimas; apenas um silêncio profundo enquanto eu deixava este mundo para trás.

Marcus off.

Finalmente, o detetive fechou seu bloco de notas e olhou para Gabrielle.

— Agradeço pela sua cooperação, senhorita Gabrielle. Vamos verificar as informações que você nos forneceu e entraremos em contato se precisarmos de mais alguma coisa.

Gabrielle assentiu, aliviada por ter terminado, mas sabendo que ainda não estava fora de perigo. Ela se levantou e saiu da sala de entrevistas com passos incertos, perguntando-se se havia feito o suficiente para provar sua inocência.

Enquanto caminhava pelo corredor da delegacia, Gabrielle sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Era uma mensagem de Kim:

"Gabrielle, precisamos conversar urgentemente."

O coração de Gabrielle disparou. O que Kim teria para dizer? Será que ela sabia algo sobre o desaparecimento de Marcus? Ou pior, será que ela estava envolvida?

Gabrielle sentiu uma onda de ansiedade ao ler a mensagem de Kim. Ela sabia que o encontro seria tenso, especialmente se Kim estivesse desconfiada dela. Elas marcaram de se encontrar em um café discreto, longe dos olhares curiosos.

Assim que Gabrielle chegou, ela viu Kim sentada em uma mesa no canto, mexendo nervosamente em sua xícara de café. Gabrielle se aproximou e sentou-se em frente a ela.

— O que está acontecendo, Kim? — perguntou Gabrielle, tentando manter a voz calma.

Kim olhou para ela com uma expressão grave.

— Gabrielle, eu preciso saber a verdade. — disse Kim, sua voz tremendo ligeiramente. — Você deu um sumiço em Marc?

Gabrielle sentiu seu coração bater mais rápido. Ela sabia que qualquer hesitação poderia ser interpretada como culpa.

— Não, eu sou inocente. Você sabe disso. — respondeu Gabrielle firmemente.

— Mas você tem alguma prova? Algo mais além da minha palavra? — Kim insistiu, olhando diretamente nos olhos de Gabrielle.

Gabrielle percebeu que Kim estava realmente preocupada e começou a entender a gravidade da situação.

Kim suspirou e baixou o olhar.

— Eu quero acreditar em você, eu realmente quero. Mas as coisas estão ficando complicadas e eu não sei em quem confiar. — confessou Kim.

Gabrielle alcançou a mão de Kim sobre a mesa.

— Eu entendo suas preocupações, mas eu não faria nada para machucar Marcus. Nós precisamos nos unir agora mais do que nunca para descobrir o que realmente aconteceu com ele.

Kim assentiu lentamente, parecendo um pouco mais aliviada.

— Tudo bem. Vamos fazer isso juntas então. Vamos descobrir a verdade sobre o desaparecimento de Marcus e limpar seu nome.

As duas mulheres compartilharam um momento de solidariedade antes de começarem a discutir os próximos passos em sua busca pela verdade.

No dia seguinte, Gabrielle e Kim decidiram começar com o lugar que Marcus sempre considerou seu refúgio, um pequeno parque onde ele costumava ir para pensar e se afastar do mundo.

Era um local cheio de memórias, especialmente para Gabrielle, que muitas vezes o acompanhava lá durante os primeiros dias de seu relacionamento.

Elas caminharam pelo parque, observando cada canto que Marcus poderia ter escolhido para ser seu último refúgio. Enquanto isso, Kim usava seu celular para acessar as contas de mídia social de Marcus, procurando por qualquer postagem ou mensagem que pudesse indicar seu estado de espírito nos dias que antecederam seu desaparecimento.

Foi então que Gabrielle notou algo estranho em uma área mais isolada do parque. Uma corrente de metal, que Marcus usava no pulso, como símbolo de seu amor, estava pendurada em um dos galhos mais baixos de uma árvore antiga. Era um sinal claro de que Marcus tinha estado ali.

Ao mesmo tempo, Kim encontrou uma postagem enigmática no perfil de Marcus datada da noite do desaparecimento. A postagem dizia:

"No final, voltamos sempre aos lugares onde fomos felizes."

Não havia dúvida de que o parque era um desses lugares para Marcus.

Com essas duas pistas convergindo, elas chamaram a polícia e iniciaram uma busca minuciosa na área. Depois de algumas horas tensas, a busca resultou em uma descoberta sombria em uma parte densamente arborizada do parque. Lá, eles encontraram Marcus, trazendo um triste fim ao mistério de seu desaparecimento.

Embora o coração de Gabrielle estivesse pesado com a perda, havia também um sentimento de alívio por finalmente saber o que aconteceu.