13. Saudades

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Recebi a boca macia de Milena contra meus lábios. Inevitavelmente a boca de Charlotte veio à minha memória. Entreabri minhas pálpebras e me deparei com a pele negra de Milena, ao invés da pele pálida de minha irmã.

Suspirei e tratei de segurá-la na cintura, trazendo seu corpo contra o meu.

Aprofundando o beijo, deslizei minha língua contra a dela e recebi seguidas mordiscadas em meu lábio inferior. Reagindo com mais satisfação, dediquei a me concentrar no corpo de Milena, que era consideravelmente mais alta que Charlotte. A propósito, uma das coisas que me esforçava em fazer, era evitar comparar as duas.

Sacrifiquei meu desejo pela minha irmã e o voltei à Milena. Não queria sentir como se estivesse a usando, mas era a única forma que eu encontrava de me salvar.

Me afoguei nos seus beijos, pondo seu corpo deitado na cama, e indo sobre ela. Apertava e acariciava sua cintura, sem demora abrindo o botão e zíper de sua calça, a puxando para baixo. Arrancando das pernas que em seguida vieram a me envolver no quadril.

Passando a palma das mãos com firmeza contra suas coxas, pressionei meu quadril contra o dela, fazendo ela soltar gemidos entre os beijos.

Ainda bastante embriagado, agia sem pensar, sem prudência, me deixava levar. Milena beijava o meu pescoço e abria minha calça, quando com a boca perto do ouvido dela, soltei um ofego irrefreável .... "Charlotte"... De repente, ela parou tudo.

Eu ergui a cabeça, para fita-la, meio assustado comigo mesmo. Encontrei sua face confusa, me olhando com o cenho franzido. Estava espantada, tanto quanto eu. Sem aviso, me empurrou no peito, me afastando brusca. Eu me perguntava mentalmente o que tinha feito de errado.

- Você me chamou de quê? - perguntou se sentando na cama.

Me sentei também e dei uma risada breve, incrédulo.

- Não sei, o que eu falei?

- Não acredito nisso... você me chamou de Charlotte.

Neguei com a cabeça, ainda com um sorriso receoso.

- Você deve ter ouvido errado.

- Não, eu ouvi bem. Charlotte é sua irmã! - exclamou se levantando com ímpeto.

- Calma, não é para tanto! - afirmei, e minha voz saiu lenta, se contrapondo às emoções agitadas. - Eu me confundi. Estou meio bêbado...

- Como 'não é para tanto'?! Você ficou louco? Charlotte é o nome da sua irmã, você me chamou pelo nome dela!

- Eu sei, sinto muito. Me desculpe, está bem?

- Que... que nojo! - reprimiu, se alterando. Me olhava como se eu fosse algo asqueroso à sua frente.

Me senti péssimo com aquele olhar pesado sobre mim. Me coloquei de pé, fechando a calça.

- Milena, eu apenas me confundi, não me olhe desse jeito!

- Você quer que eu te olhe como?! Isso é abominável, Ben! Você estava comigo, na cama, me beijando, e me chama pelo nome da sua irmã?! O que isso significa?

- Eu não sei o que significa, foi um acidente.

- Você sabe sim! Eu vejo na sua cara! Que nojo! É por isso que evitava de todas as formas falar dela? - perguntou pegando a calça e repondo, com certa pressa, como se estivesse para fugir.

Eu assisti a reação de Milena sem saber como agir.

- Você está pensando errado sobre mim. - tentei me explicar.

- Não estou não! Foi por isso que ela foi embora, sem mais nem menos?! Ben, o que você fez à sua irmã? - perguntou atônita.

- O quê?? Como sabe que ela foi embora?! E o que você está insinuando exatamente?? Eu não fiz nada, eu respeito a Charlotte!

Cry Little Sister || Bill Skarsgård Onde histórias criam vida. Descubra agora