Sigo correndo pelos corredores, sem saber onde iria dar.
Vejo a sombra do homem, que caminhava lentamente enquanto eu corria.
Ele claramente não tinha medo, estava tranquilo, como se soubesse exatamente o que estava fazendo.
Sai correndo por vergonha, mas agora o medo estava batendo.
Prossigo, e me escondo atrás de uma antiga placa de acertar a boca do palhaço.
Naquela hora bate o arrependimento por ter chamado esse homem pra brincar. Estava com tanto medo que minhas mãos ficaram suadas.
-Booo! -ele diz me puxando pelo braço- Te achei.
-Será? -falo empurrando ele e deixando minha faca cair.
-Bela faca... -ele diz pegando ela do chão, e indo na minha direção.
-Ganhei de um vizinho maluco. - digo parando no meu lugar, na intenção de saber se esse homem é quem eu penso.
-É? E o que acha desse vizinho? -ele pergunta com a voz diferente, intensa.
-Acho que ele deve ser inseguro, ter medo de mulher sabe... Ele evita me ver. -falo rindo levemente, provocando.
-É o que acha? -ele ri levemente- Não acha que seu ego tá alto demais pra presumir que se alguém não te vê é por isso? -ele diz ofendido.
-Pareceu pessoal... Tem algo pra me contar? -falo chegando perto dele, ignorando o medo que eu sentia.
A adrenalina circulava em mim, meu coração acelerou com a coragem que eu tive de me aproximar daquele homem denovo ao invés de fugir.
-Eu deveria te contar algo? Tem algo que você queira saber? -ele diz se curvando a minha altura.
-Tem algo que eu quero saber sim. - falo olhando para cima.
-Então pode começar a falar, ainda não leio mentes. -ele diz intrigado.
-Você que me deu doces, vizinho? -pergunto
-Agradou o seu paladar de formiguinha? -ele pergunta pondo meu cabelo atrás da orelha.
-Eu perguntei primeiro. -digo.
-Você é difícil. Ainda bem que sei lidar com coisas difíceis. -ele diz olhando para baixo, onde eu estava- Fui eu sim.
-Qual o motivo? -pergunto me referindo aos doces.
-Não tá perguntando demais? Eu te fiz uma pergunta e você não respondeu.
-Gostei dos chocolates sim, derretia na boca. -falo maliciosa.
-Falando desse jeito, me arrependo por não ter ido entregar em mãos o doce. -Ele diz se sentando em uma cadeira.
-Porque diz isso? -pergunto chegando perto de onde ele estava sentado.
-O jeito que você fala, necessitada, quase se ajoelhando aqui. -ele diz
Ele podia notar absolutamente tudo, minhas reações, meus olhares diferentes, minha respiração.
-Porque tem tanta certeza de que eu estou necessitada de você? -digo debochando.
-Sei diferenciar quando alguém está com medo, e sei diferenciar quando alguma garotinha está excitada. -ele ri baixo- Você é péssima em esconder.
-E quem disse que eu quero esconder? -falo enquanto pegava a minha faca de brinquedo da mão dele.
Ele senta-se em uma cadeira, tinha pernas gigantes que deduravam a sua altura, e usava uma botina preta.
Seus braços estavam cruzados, mesmo por baixo da capa era perceptível seus músculos. Sua cabeça estava virada para mim, ele tinha o controle da situação em suas mãos.
E talvez até o controle de mim.
-Você gosta de colo? Sentei de novo pra gente voltar de onde estávamos. -ele fala e dá dois tapinhas na perna, me chamando.
Como eu me controlo? Como eu me controlaria...
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Tunel Do Medo - ghostface
Roman d'amourDuas amigas viajam para outra cidade com o objetivo de comemorar o último dia de Halloween juntas. Entretanto, um homem mascarado está sempre por perto de Sarah. Quem é ele?