Capítulo 9

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Sigo correndo pelos corredores, sem saber onde iria dar.

Vejo a sombra do homem, que caminhava lentamente enquanto eu corria.

Ele claramente não tinha medo, estava tranquilo, como se soubesse exatamente o que estava fazendo.

Sai correndo por vergonha, mas agora o medo estava batendo.

Prossigo, e me escondo atrás de uma antiga placa de acertar a boca do palhaço.

Naquela hora bate o arrependimento por ter chamado esse homem pra brincar. Estava com tanto medo que minhas mãos ficaram suadas.

-Booo! -ele diz me puxando pelo braço- Te achei.

-Será? -falo empurrando ele e deixando minha faca cair.

-Bela faca... -ele diz pegando ela do chão, e indo na minha direção.

-Ganhei de um vizinho maluco. - digo parando no meu lugar, na intenção de saber se esse homem é quem eu penso.

-É? E o que acha desse vizinho? -ele pergunta com a voz diferente, intensa.

-Acho que ele deve ser inseguro, ter medo de mulher sabe... Ele evita me ver. -falo rindo levemente, provocando.

-É o que acha? -ele ri levemente- Não acha que seu ego alto demais pra presumir que se alguém não te vê é por isso? -ele diz ofendido.

-Pareceu pessoal... Tem algo pra me contar? -falo chegando perto dele, ignorando o medo que eu sentia.

A adrenalina circulava em mim, meu coração acelerou com a coragem que eu tive de me aproximar daquele homem denovo ao invés de fugir.

-Eu deveria te contar algo? Tem algo que você queira saber? -ele diz se curvando a minha altura.

-Tem algo que eu quero saber sim. - falo olhando para cima.

-Então pode começar a falar, ainda não leio mentes. -ele diz intrigado.

-Você que me deu doces, vizinho? -pergunto

-Agradou o seu paladar de formiguinha? -ele pergunta pondo meu cabelo atrás da orelha.

-Eu perguntei primeiro. -digo.

-Você é difícil. Ainda bem que sei lidar com coisas difíceis. -ele diz olhando para baixo, onde eu estava- Fui eu sim.

-Qual o motivo? -pergunto me referindo aos doces.

-Não perguntando demais? Eu te fiz uma pergunta e você não respondeu.

-Gostei dos chocolates sim, derretia na boca. -falo maliciosa.

-Falando desse jeito, me arrependo por não ter ido entregar em mãos o doce. -Ele diz se sentando em uma cadeira.

-Porque diz isso? -pergunto chegando perto de onde ele estava sentado.

-O jeito que você fala, necessitada, quase se ajoelhando aqui. -ele diz

Ele podia notar absolutamente tudo, minhas reações, meus olhares diferentes, minha respiração.

-Porque tem tanta certeza de que eu estou necessitada de você? -digo debochando.

-Sei diferenciar quando alguém está com medo, e sei diferenciar quando alguma garotinha está excitada. -ele ri baixo- Você é péssima em esconder.

-E quem disse que eu quero esconder? -falo enquanto pegava a minha faca de brinquedo da mão dele.

Ele senta-se em uma cadeira, tinha pernas gigantes que deduravam a sua altura, e usava uma botina preta.

Seus braços estavam cruzados, mesmo por baixo da capa era perceptível seus músculos. Sua cabeça estava virada para mim, ele tinha o controle da situação em suas mãos.

E talvez até o controle de mim.

-Você gosta de colo? Sentei de novo pra gente voltar de onde estávamos. -ele fala e dá dois tapinhas na perna, me chamando.

Como eu me controlo? Como eu me controlaria...

Tunel Do Medo - ghostface Onde histórias criam vida. Descubra agora