Akaashi respirou fundo, sentindo o cheiro do molho de macarrão que já borbulhava na panela, apreciando a brisa fresca noturna que entrava pela janela e balançava de leve seus cabelos. O vinho em sua taça estava quase intocado e ele mal prestava atenção nas palavras de seu namorado, o que era incomum. Estava perdido nos próprios pensamentos, avaliando seu relacionamento. Ele e Bokuto namoravam há quase um ano, mas se envolviam desde muito antes disso, em um relacionamento meio bagunçado e incerto. No fim do último ano do ensino médio, Bokuto tinha dito a ele o que sentia e ele, mesmo que não tivesse percebido antes, sentia o mesmo.
Depois da formatura, eles começaram a sair e a avançar no sentido romântico bem lentamente, além de ser algo muito novo, ambos concordaram que tinham que se estabilizar mais em suas vidas antes de firmar um relacionamento sério. Por anos eles pensaram, conversaram e, quando se sentiram prontos de verdade, começaram a namorar, mas algo incomodava Akaashi. Ele se sentia um pouco envergonhado por isso, mas não conseguia evitar ficar frustrado por Bokuto nunca demonstrar interesse em evoluir na sua vida sexual. Eles nunca passaram de beijos e, no máximo, algumas mãos bobas aqui e ali.
Para alguns de seus amigos, seu relacionamento era bem estranho, eles nunca deixaram de ser amigos, e no começo também saíam com outras pessoas, mas nada disso tinha mudado o que sentiam. Eles se davam muito bem e estavam sempre em sintonia, então não entendia o motivo de nunca terem feito sexo.
Talvez Bokuto não o achasse atraente o suficiente? Talvez já estivesse enjoado dele? Não conseguia evitar sentir que ele era o problema, mesmo que sexo não fosse tão importante para ele em um relacionamento, gostaria de saber o motivo de seu namorado nunca avançar naquele quesito. Ele também não o pressionava, não queria assustá-lo ou deixá-lo desconfortável, mas sabia que aquela conversa acabaria sendo inevitável uma hora ou outra.
- Akaashi? Tudo bem? - Ouviu ele perguntar e se virou para olhá-lo.
- Ah, sim, eu me distraí. - Confessou, um pouco envergonhado.
- Te chamei algumas vezes e você não ouviu, tá tudo bem? - Ele se aproximou e botou a mão em sua cintura.
Akaashi suspirou e deitou a cabeça no ombro dele, se deixando envolver naquele abraço tão familiar. Não entendia de onde vinha sua vergonha ou receio de falar o que queria com Bokuto, além de ser seu namorado, ele também era seu melhor amigo.
- Eu sei que tem algo te incomodando tem um tempão, Kashi. Quer me contar o que é? - Ele perguntou, afagando suas costas.
Suspirou e se afastou um pouco dele, olhando em seus olhos por alguns segundos, vendo a preocupação estampada em seu rosto. Se virou para desligar as panelas e as tampar, não se preocupando em se certificar se estava pronto, ele não podia adiar aquilo ainda mais. Fez com que ele se sentasse em um dos bancos da ilha e ficou de pé na frente dele, pensando no que dizer primeiro.
- Você não me acha bonito? - Foi o que conseguiu perguntar.
Primeiro Bokuto pareceu surpreso, depois essa surpresa deu lugar a confusão.
- Como é? - Ele apertou as mãos de Akaashi entre as suas.
Akaashi suspirou, provavelmente estava sendo patético, mas era muito difícil namorar com alguém tão bonito e atraente e nunca ter oportunidade de tocá-lo como gostaria.
- Eu não sou bonito? Ou atraente? - Repetiu, mas seu namorado ainda parecia confuso - É que... sabe, nós nunca... você nunca demonstrou interesse em... avançar na nossa relação.
A confusão pareceu dar lugar a compreensão, depois a vergonha, fazendo ele desviar o olhar, mas suas mãos nunca se separaram.
- Ahn, não é por causa disso, Kashi. - Ele encolheu um pouco os ombros e voltou a encará-lo - Eu pensei que você não queria ou que quisesse esperar um pouco mais.