14. Se é Loucura, então me Deixe Louca

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Charlotte deslizava pelo lago num nado manso e tranquilo, com apenas a cabeça para fora

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Charlotte deslizava pelo lago num nado manso e tranquilo, com apenas a cabeça para fora. Quando reparou que estava sendo observada, se assustou e se colocou de pé. O nível da água cobria até a altura de seu ombro naquela área mais funda. O sol da tarde espelhava na superfície. Ela me olhava surpreendida e meio sem ação.

- Ben... - disse, com sua voz tenra. Brandamente começou a vir até a margem, onde eu estava. Sua pele alva estava molhada e os cabelos estavam jogados para trás, escorridos. Os olhos me fitavam numa expressão singela e um pouco confusa com a surpresa. - Você veio mesmo? - perguntou se aproximando.

A medida que ela alcançava a beira, a água ia revelando seu corpo. Eu tentava sorrir embora estivesse com o coração quase para saltar pela boca. Seu corpo nu se tornou visível na metade da cintura para cima, e eu já estava com a mão suando.

Charlotte se retirou por inteiro do lago, numa facilidade admirável. Enquanto eu, como se deve deduzir por ser muito expressivo, deveria estar boquiaberto e não saberia como disfarçar.

Seu sorriso tinha um ar orgulhoso, e era esse sorriso espontâneo que ela deu quando pisou na terra úmida, à minha frente, com a nudez completamente a mostra. As gotas d'água escorregavam, percorrendo suas curvas. Minha boca ficou seca e eu me recordei do sonho que tive, na noite quando a encontrei pela primeira vez.

Inevitavelmente a observei de cima a baixo, voltando a encarar os olhos que estavam num verde oliva, translúcidos.

- Déjà vu. - eu disse, mais para mim mesmo do que para ela.

- Déjà vu? - perguntou, num riso sutil, enquanto juntava o cabelo sobre o ombro e inclinada os torcia, para o excesso de água cair.

Eu não soube o que responder. Tinha certeza que se dissesse algo, iria gaguejar.

- Posso te abraçar? - ela tornou a perguntar, jogando o cabelo para trás e erguendo os braços, vindo aos poucos para mim.

Apenas concordei com a cabeça e envolvi sua cintura com meus braços. Senti o tronco molhado e despido de Charlotte inteiro junto ao meu, umedecendo minha camiseta e ombros. Não saberia organizar o que me acontecia nesse momento.

Embora eu estivesse vestido, minha roupa sorvia a pele dela enquanto a minha ardia em fogo que eu reconhecia como se já fizesse parte de mim. Me controlava para não apertar demais sua cintura fina.

Ela afastou um pouco para me encarar. Nós dois sorrimos, e Charlotte passou a mão na minha face, segurando.

- Eu não queria ter te mandado embora do apartamento daquele jeito... eu.. - comecei a me explicar, mas fui interrompido quando ela pressionou meus lábios com o dedo indicador, me calando.

- Shh. Não diga nada. Deixa eu ver seu rosto assim de perto, é tão bonito. Que milagre que não está fugindo. - ela comentou, observando cada detalhe de minha face. Eu sentia minhas orelhas quentes (o corpo inteiro, na realidade) e era muito provável que estivesse corado.

Cry Little Sister || Bill Skarsgård ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora