Decidida a explorar mais profundamente o Bosque da Névoa Prateada, mesmo sem a companhia de Dorian, sigo em frente com determinação. A floresta estava envolta em uma calmaria penetrante, os raios de sol filtrando entre as copas das árvores criavam um jogo de luz e sombra no chão coberto de folhas secas. A tarde foi se esvaindo e sem que eu percebesse, pela sereenidade e paz do ambiente, caio no sono, gradativamente e profundamente, apoiada contra um tronco de árvore.
Ao despertar em um solavanco, o sol já havia se posto e os primeiros sinais do toque de recolher ecoavam à distância. Me levantei apressadamente, o coração acelerado ao perceber que estava longe de casa e do calor reconfortante do meu chalé. Sem perder tempo, iniciei uma corrida pela trilha, tentando encontrar o caminho de volta enquanto o céu se tingia de tons crepusculares. A floresta parecia mais densa e sombria do que antes, os sons da noite começavam a ecoar ao meu redor, foi então que, ao virar uma curva, esbarrei de frente com um homem alto e imponente parado à beira do caminho, caio brutalmente no chão enquanto ele permanece imóvel como uma estátua. Seus olhos negros capturaram a pouca luz que restava, e seus cabelos escuros caíam graciosamente sobre os seus ombros; sua pele pálida contrastava com a escuridão ao redor, emitindo um brilho sutil sob os últimos raios de sol.
— Oh, me perdoe. Eu não vi você ai — Digo, tentando controlar a respiração após a corrida e surpresa com a presença repentina do estranho. O homem me olhou por um momento, seu olhar profundo me fez estremecer, pois parecia que iria atravessar minha alma.
— Não se preocupe. Eu também estava perdido em meus próprios pensamentos — Respondeu ele, sua voz profunda e melodiosa, era rouca e grave.
— Eu... preciso ir. Está na hora do toque de recolher — Falei rapidamente, nervosa, tentando me afastar para continuar meu caminho, mas então ele se moveu mais rápido do que eu esperava, bloqueando sutilmente meu caminho de volta para a vila.
— Permita-me acompanhá-la, então. Seria imprudente caminhar sozinha nestas horas. Sou Kirian Zephyrion Vlad, e você é...? — Ele se inclinou ligeiramente, um sorriso leve brincando em seus lábios. Hesitei por um instante, sentindo uma mistura de cautela e cortesia diante da presença intrigante de Kirian. Ele era estranhamente misterioso e atraente.
— Callia. Callia Azura — Respondi finalmente, como se tivesse sido induzida a dizer facilmente. Tento manter a compostura enquanto observo seus olhos negros que pareciam esconder segredos profundos. — Não sei porquê eu disse meu nome, não costumo falar... O meu nome. — Kirian assentiu, como se minha resposta confirmasse algo para ele.
— Azura... — Ele repete pensativo, um silêncio se instala brevemente enquanto ele me encarava fixamente. — Um prazer conhecê-la, Callia Azura. Permita-me acompanhá-la de volta à segurança da vila. — Uma de suas sobrancelhas está levemente arqueada. Diante da situação e da iminente chegada do toque de recolher, não vi outra opção a não ser concordar silenciosamente. Juntos, começamos a caminhar pela trilha de volta para o Vale da Lua Sombria, onde a luz do crepúsculo cedia lugar à escuridão da noite, e o enigma ao redor de Kirian se tornava cada vez mais intrigante.
O caminho de volta para o Vale da Lua Sombria parecia interminável na companhia silenciosa e misteriosa de Kirian. Cada passo que dávamos ecoava na tranquilidade crepuscular da floresta, enquanto os últimos raios de sol tingiam o horizonte de tons dourados. À medida que nos aproximávamos do modesto chalé de minha família, percebi que Kirian começou a desacelerar, como se algo invisível o impedisse de avançar mais.
— Estamos quase lá — murmurei, tentando esconder minha própria inquietação diante da hesitação de Kirian. Ele assentiu com um gesto leve da cabeça, seus olhos negros perscrutando o entorno com uma intensidade que me fez prender a respiração. Um ar de mistério pairava ao nosso redor, carregado com segredos que ele não parecia disposto a compartilhar. De repente, Kirian deu um passo para trás, sua expressão se tornando ligeiramente sombria enquanto observava além das árvores.
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Sombras da Noite: Laços de Sangue
WampiryEm um pequeno vilarejo conhecido como Vale da Lua Sombria, onde criaturas amaldiçoadas e destinadas à escuridão se escondem, reside Callia. Ela é uma jovem forte e corajosa, que compartilha uma vida humilde e discreta com sua família. No entanto, a...