Sombras da Noite: Laços de Sangue

Capítulo 13 - Seduzida pela Escuridão

As horas se arrastaram lentamente enquanto permanecíamos no templo, envolvidos pela tensão que pairava no ar. O silêncio era opressivo, quebrado apenas pelo suave respirar de Kirian ao meu lado. Elara estava de pé próxima ao altar, seus olhos fixos no vazio enquanto processava tudo o que havíamos vivenciado até o presente momento. Dorian, ainda se recuperando dos ferimentos provocados pela bruxa, mantinha-se vigilante, sua expressão era séria e determinada.

A energia do templo parecia palpitar, como se o próprio lugar estivesse se preparando para o que viria a seguir. Eu me sentia carregada com o poder que havia canalizado, uma mistura complexa de luz e escuridão que continuava a pulsar dentro de mim. A responsabilidade era esmagadora, mas eu sabia que precisava me manter forte, tanto física quanto mentalmente.

— O que devemos fazer agora? — Perguntei, quebrando o silêncio tenso que nos envolvia. Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, refletindo a determinação queimando dentro de mim. 

— Precisamos nos preparar para confrontar aquele que está por trás de tudo isso. A visão que vimos revelou apenas parte da verdade. A criatura que invocou Elara de volta à vida não é apenas um vampiro antigo. — Dizia Dorian enquanto cerrava os punhos. — É irmão desse chupador de sangue! — Dorian cuspia suas palavras. Kirian se ergueu com dificuldade, recuperando-se do veneno que havia atingido todos os seus órgãos, o processo de cura ainda estava sendo realizado.

— Cuidado caçador! — Sua voz era baixa e tenebrosa. — Dirija-se a mim com respeito, ou poderá perder facilmente a sua língua.  

— E você poderá dissecar até virar cinzas com um toque de auréolium! — Um sorriso malicioso se formou nos lábios de Dorian.

— Chega! — Digo impaciente. — Não temos tempo para discussões futéis, não importa se são inimigos naturais, existe um propósito maior do que matar sombras da noite. — Me dirigi à Dorian. — Ou exercer seu papel de crueldade com suas vítimas ou inimigos. — Agora meus olhos estavam direcionados para Kirian. 

— Não podemos permitir que ele continue a ameaçar nosso mundo. — Dorian disse com determinação. 

— O que importa se o mundo será destruido ou não? O destino de todos não é a escuridão? — Kirian dizia com a voz baixa. — O que acha que devemos fazer..., caçador... 

Sinto a minha visão escurecer e me apoio sobre as paredes rochosas do templo.

— Callia, você está bem? O poder que você usou... — Kirian e Dorian se aproximam, mas Kirian recua. Dorian segura gentilmente meu braço para me dar apoio, Kirian me olhava com uma expressão indecifrável. 

— Eu estou bem. — Respondi com um sorriso trêmulo. — Ainda me sinto um pouco fraca, mas vou ficar bem.

— Você arriscou muito, Callia. Mas foi corajosa. — A expressão de Dorian era séria, mas havia certa admiração.

— Callia não foi corajosa, foi tola... — Kirian se dirige para a saída sem olhar para trás; havia algo de estranho. — Vamos retornar...

Após deixarmos o templo, seguimos de volta ao castelo de Kirian com nossos cavalos. O caminho de volta era silencioso, cada um imerso em seus próprios pensamentos; peso das revelações que havíamos enfrentado no templo ainda pesava sobre nós. Ao chegarmos ao castelo, fomos recebidos pelo restante do grupo: os guardas que havíamos deixado para proteger o lugar e Tânia, a bruxa sábia que nos havia ajudado no início de nossa jornada. Ela olhou para nós com uma mistura de curiosidade e preocupação à medida que nos aproximávamos.

— O que aconteceu? — Perguntou ela, seus olhos perspicazes estudando nossos rostos tensos.

— Callia é o novo receptáculo... — Diz Kirian enquanto andava pelo pátio adentrando na escuridão do castelo, em sua voz havia frieza e ódio. Tânia franziu a testa, pensativa.