Rosé passa muito tempo no hospital por causa de uma fibrose cística, Lá, ela conhece Lisa, que sofre da mesma doença. Elas são obrigadas a manter distância, mas mesmo assim se apaixonam.
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• Isso é uma adaptação do filme "A cinco passos de você"
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Eu estava deitada na cama do hospital, presa ao AfroVest, enquanto o tempo parecia se arrastar lentamente. O som constante dos aparelhos médicos ecoava no quarto, enchendo o ambiente com uma atmosfera de solidão e desespero.
Percebo quando um envelope passa por debaixo da porta, me levanto calmamente e tiro o AfroVest o jogando em cima da cama.
Me abaixo pra pegar o envelope e ao abri-lo, deparei-me com um simples desenho à mão. Nele, duas figuras femininas estavam desenhadas com traços delicados e detalhados.
Uma das figuras era claramente eu, com meus cabelos escuros e a franja que enquadrava meu rosto, acompanhada de um sorriso suave nos lábios. Reconheci imediatamente a outra figura como sendo Rosé, com seus cabelos loiros ligeiramente ondulados e uma expressão serena.
Entre nós duas, estava desenhado um taco de sinuca, posicionado de forma a unir nossas mãos. E acima do nosso desenho estava escrito com uma letra bem desenhada "a cinco passos sempre".
Ouço uma notificação vindo do meu notebook que estava ligado encima da escrivaninha. Me aproximo dele deixando o desenho de lado e percebo que era uma notificação de vídeo novo do canal de Rosé.
Sem esperar muito, entro no vídeo, e quando o mesmo carrega, o rosto sereno da loira aparece em minha tela.
"Olá. Hoje eu quero falar de um assunto um pouco diferente com vocês", diz a garota do outro lado da tela. "Burkholderia Cepacia", fala ela fazendo uma careta fofa quando termina de dizer a palavra. "Os riscos, as restrições e as regras de convivência."
"A B.Cepacia é uma super bactéria", fala ela, gesticulando as mãos como se estivesse mostrando o tamanho. "Ela se adapta tão rápido que literalmente se alimenta de penicilina", continua, soltando um suspiro.
"Então, a primeira linha de defesa é...", dá uma pausa dramática. "Isso! Antisséptico hospitalar", diz, mostrando um frasco do objeto que ela havia dito. "Usem bastante e não economizem", fala, com um sorriso leve no rosto.
"Depois vem a velha e boa... luva látex", diz, mostrando a luva já em sua mão. "Testada e aprovada", continua, sorrindo enquanto movimenta a mão em poses engraçadas. "Usada como proteção para todo o tipo de atividade", completa, piscando o olho, o que me faz sorrir.
"A B. Cepacia vive melhor na saliva ou no muco", continua, mantendo minha atenção. "Curiosidade: uma simples tosse pode atravessar seis passos, um espirro pode chegar a 320km/h", revela, antes de suspirar.
"Mas a questão da saliva é a seguinte... Nada de saliva quer dizer nada de beijo", enfatiza, encarando a câmera. "Nunca... Então a nossa melhor defesa é a distância", diz, sorrindo minimamente. "Seis passos... Sempre."
O vídeo dá um corte e depois ela aparece em pé segurando um taco de sinuca, que não aparece todo no vídeo. "Isso é um taco de sinuca", fala, mexendo o taco de um lado pro outro. "Ele tem uma medida de quase cinco passos", explica, sorrindo.
"Cinco passos...", diz, posicionando o taco encima da própria cabeça. "Eu andei pensando muito no sexto passo", fala com uma feição séria. "E sabem de uma coisa? Fiquei louca de raiva", diz, acenando com a cabeça.
"Nós portadores de fibrose cística, acabamos perdendo muita coisa", revela, em um suspiro. "Nós vivemos cada dia seguindo tratamentos, remédios, horários", continua, e sinto que estou quase chorando, colocando as mãos na minha cabeça e suspirando, olhando pra garota do outro lado da tela.
"A maioria de nós não pode ter filhos", ela prossegue, sorrindo minimamente. "Muitos nem vivem o bastante pra tentar ter filhos", diz, e percebo que os olhos dela estão lagrimejados. "Nossa é complicado tentar explicar", suspira e franze a testa. "Mas fica até mais difícil de se apaixonar."
"Então, depois de tudo que a fibrose tirou de mim, de nós... Eu não me importo de roubar um pouquinho também", ela declara, dando de ombros.
"Um passo...", fala. "Só um maldito passo", sorri minimamente. "De espaço, de distância, de comprimento, do que você quiser chamar...", olha pra câmera. "Eu não ligo de roubar de volta".
"Porque fibrose... Você não é mais a ladra", diz sorrindo. "Eu sou a ladra agora", fala e faz um som de como se algo estivesse explodindo.
Ouço uma batida na porta e me levanto da cadeira e sigo até a porta abrindo a mesma. Vejo Rosé sorrindo enquanto coloca o taco de sinuca entre nós duas.
"A cinco passos de você... Fechou?", diz sorrindo e eu suspiro negando com a cabeça. "Você topa?", encaro a loira, eu simplesmente não penso em mais nada, além da beleza dela, simplesmenteuma bela garota...
"Claro que topo", sussurro, e a loira sorri abaixando o taco posicionado o mesmo do lado dela.
"No saguão. Às 21h", fala ela abrindo um sorriso e depois sai andando tranquilamente, meu olhar a segue.
Vejo Jennie escorada na porta do seu próprio quarto, eu aponto pra Rosé que caminha tranquilamente até onde presumo ser o seu quarto. Jennie só sorri e dá de ombros.
Eu suspiro e entro em meu quarto fechando a porta e sorrindo comigo mesma "O que deu nela?", Falo comigo mesma e nego com a cabeça.
