Thirteen

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Rosé estava no quarto, encolhida no chão, os soluços sacudindo seu corpo. As memórias de Jennie eram insuportavelmente vívidas. Elas haviam compartilhado tanto — risos, segredos, e sonhos. E agora, tudo o que restava era um vazio doloroso.

Ela passou a mão pelo rosto, enxugando as lágrimas teimosas que continuavam a cair. Seu olhar se desviou para o quadro caído ao lado da cama. A moldura de madeira estava rachada e o vidro quebrado em pedaços. Rosé o havia derrubado em um acesso de raiva e tristeza.

Com cuidado, ela pegou a foto do chão, evitando os cacos de vidro. Era uma foto de Jennie, que a loira havia tirado em um dia de verão. Jennie estava radiante, sorrindo para a câmera. Rosé passou o dedo pela imagem, como se pudesse tocar a garota, uma coisa que nunca teve a oportunidade de fazer. As lágrimas começaram a escorrer de novo, e ela sentiu um nó na garganta.

"Por que você teve que ir embora, Jen?", sussurrou para si mesma, a voz embargada pela tristeza. "Você não tinha esse direito".

Com um suspiro profundo, Rosé levantou-se, ainda segurando a foto. Caminhou até a janela do quarto e, com as mãos trêmulas, abriu a cortina. O tecido pesado resistiu um pouco, mas logo se rendeu, revelando o mundo lá fora. A neve caía suavemente, cobrindo tudo com uma camada branca e pura.

Por um momento, a loira ficou ali, observando os flocos de neve dançarem no ar. Lembrou-se de como Jennie adorava o inverno, de como elas costumavam fazer bonecos de neve e depois tomarem chocolate quente. A dor deu lugar a um pequeno sorriso, e também a uma ideia.

•••

Do lado de fora do hospital, Rosé caminhava enquanto a neve caía suavemente. Ela parou ao ver Lisa sentada em um sofá da recepção, observando o movimento lá fora.

Rosé se aproximou da janela que as separava e deu algumas batidinhas, chamando a atenção da morena.

Lisa se levantou e foi em direção à janela, colocando sua mão sobre a de Rosé. A loira se afastou, fazendo Lisa não entender muito bem o que estava acontecendo, mas logo depois ela foi atrás de Rosé indo até o lado de fora do hospital.

"Eu quero ver as luzes," disse Rosé, a voz suave mas determinada.

Lisa arqueou a sobrancelha. "Deve ser a uns três quilômetros daqui," respondeu, protegendo suas mãos no casaco por conta do frio. "Ei, vamos entrar."

"Eu vou, vem comigo," disse Rosé, já começando a andar.

"Rosé, não é hora de ser rebelde," falou Lisa, tentando dissuadi-la. "É por causa da Jennie?"

"É por causa da Jennie," começou Rosé, "é por causa da Alice, é por causa de nós duas," continuou, um sorriso triste surgindo em seu rosto. "E pelas coisas que nunca vamos poder fazer."

"Rosé..."

"Esse tempo todo, eu vivi pelo meu tratamento," disse, gesticulando as mãos. "Em vez de fazer o tratamento pra poder viver, e..." ela suspirou profundamente, "eu quero viver."

"É a vida, Lisa..." disse Rosé, ajeitando a bolsa de oxigênio e voltando a andar. "Vai passar antes da gente ver."

Lisa suspirou, negando com a cabeça, mas decidiu seguir a loira. "Tá bom," disse, se aproximando de Rosé. "Vamos de táxi pelo menos?"

"Eu quero andar e curtir a noite," respondeu Rosé, lançando um breve olhar para Lisa e depois segurando a mão dela. A tailandesa ficou surpresa com o gesto.

"Estou de luva. Tá tranquilo," Rosé disse, percebendo a surpresa da garota ao seu lado.

As duas garotas caminhavam lado a lado pela calçada coberta de neve, suas botas fazendo pequenos ruídos a cada passo. A noite estava silenciosa, exceto pelo suave som da neve caindo e o ocasional farfalhar das árvores.

"Você é a única pessoa no mundo que me faz querer me exercitar tanto", disse Lisa com um sorriso brincalhão.

Elas riram juntas, e Rosé deu um leve empurrão em Lisa, que quase escorregou no gelo. "Ei, cuidado!" Lisa exclamou, segurando o braço de Rosé para se equilibrar. Elas nunca estiveram tão próximas, e talvez não estivessem se preocupando muito com as consequências.

"Desculpa," disse Rosé, sorrindo travessamente. "E então, você já teve um crush em alguém famoso?"

Lisa pensou por um momento. "Acho que tive uma queda pela Rihanna. Você sabe, ela é incrível e tudo mais. E você?"

Rosé riu, encolhendo os ombros. "Eu acho que nunca tive isso pra ser bem sincera".

Lisa assentiu, sorrindo levemente. "Entendi, pelo visto eu sou única", Disse e Rosé fez uma careta.

"Vai sonhando", Disse e logo depois sorriu

A caminhada continuou, com as duas trocando histórias e risadas, os vapores de suas respirações se misturando no ar gelado. Eventualmente, elas chegaram ao pé de um morro coberto de neve.

"Vamos subir?" Rosé sugeriu, o olhar cheio de desafio.

Lisa olhou para o topo do morro e depois de volta para Rosé. "Você está louca? Depois de toda essa caminhada?"

A loira riu e começou a subir, Lisa a seguiu relutantemente. "Você vai me matar, Rosé," disse a tailandesa, ofegante, mas sorrindo.

Quando finalmente alcançaram o topo, Rosé estava visivelmente exausta. Ela se sentou na neve, respirando pesadamente. "Acho que... eu exagerei um pouco," admitiu entre suspiros.

Lisa se ajoelhou ao lado dela, colocando uma mão reconfortante no ombro de Rosé. "Você é inacreditável," disse, rindo suavemente. "Mas foi uma boa subida."

A loira olhou para Lisa, um sorriso se formando em seus lábios. "Obrigada por me acompanhar. Eu precisava disso."

"Qualquer coisa por você," respondeu a morena, o tom de voz suave e sincero.

Elas ficaram ali por um tempo, observando a cidade abaixo, as luzes cintilando como estrelas no chão.

"É bem mais bonito daqui de cima," disse Rosé, admirando as luzes que vinham dos prédios.

Rosé deitou-se na neve. Lisa a encarava com um belo sorriso.

"O que é isso?" perguntou Lisa, vendo que Rosé estava tirando algo do seu casaco.

Rosé sorriu. "É um ursinho..." disse, e Lisa pôde perceber que, além da vermelhidão por conta do frio, Rosé estava corada.

"Eh, você vai ter que explicar isso," disse a morena com um sorriso.

"A Alice me deu na primeira vez que eu fui internada," disse Rosé com um olhar vago. "E eu vivo com ele desde então." Ela terminou com um sorriso.

"Isso é fofo," disse a tailandesa, sorrindo.

Lisa deitou-se na neve, ficando ao lado de Rosé, mas a uma distância considerável. Seu olhar pousou nos lindos olhos castanhos de Rosé, e ela estendeu a mão para segurar a da outra.

"Ei, Rosie..." falou, e a loira à sua frente abriu um lindo sorriso, que fez o coração da tailandesa acelerar. "Tá frio," disse Lisa sorrindo, levantando-se logo em seguida.

"Anda, vamos ver as luzes," disse, voltando a segurar a mão de Rosé.

As duas desceram o morro de mãos dadas, seus passos sincronizados enquanto a neve caía ao redor delas.

[...]

A cinco passos de você  •| ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora