capítulo 1

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Minha visão foi tomada por luzes brancas assim que abri os olhos, o que me cegou momentaneamente. Tive que fechá-los e tentar três vezes até finalmente conseguir mantê-los abertos, sem se incomodarem com a iluminação.

Quando olhei ao redor, percebi que estava em uma espécie de quarto vazio branco, assim como a cama e lençóis, que eram as únicas coisas ali, além de mim, aparentemente. Assim que levantei, notei que estava nu e completamente depilado, mesmo que antes não tivesse muitos pelos. Ao olhar melhor a sala, vi um espelho na parede, onde parei na frente, para me olhar.

De fato, todos os pelos de meu corpo foram removidos, assim como a barba rala que tinha antes. Meu cabelo, antes loiro, agora estava platinado e bem cortado. Eu não estava entendendo. Onde eu estava? Lembrava perfeitamente de ter sido drogado pelos policiais, mas por quê?

Ao perceber que nem mesmo sabia quanto tempo havia se passado, comecei a ficar nervoso em relação à minha família. Como eles estavam? Será que foram notificados da minha prisão? Andei em círculos no quarto por vários minutos, enquanto tentava encontrar alguma explicação lógica para aquilo. A única coisa que eu sabia era que eu devia estar sendo levado para a injeção letal. Mas por que iriam me depilar e tratar meu cabelo no intuito de me matar?

Enquanto tentava organizar todos os sentimentos e perguntas, ouvi finalmente a porta se abrir e um homem vestido socialmente entrar com roupas brancas, em seu braço. Ele parecia ter menos de 30 anos, era moreno, com barba rala. Recuei e tapei com as mãos meu sexo assim que o vi, lembrando que ainda estava nu. Ele fechou a porta.

- Não precisa esconder isso aí, acompanhei enquanto era depilado dos pés à cabeça – zombou, aproximando-se de mim.

- Então, diga-me por que fizeram isso! – exigi.

- Logo você descobrirá, mantenha a calma. Quero você o mais apresentável o possível, para a noite. Aqui, vista essas roupas! – disse, entregando-as.

Peguei-as e as vesti de costas o mais rápido possível. Era uma calça branca e camisa que se vestiam muito bem em meu corpo.

- Com essa sua bundinha redonda vou conseguir uma grana alta! Dei muita sorte! – comentou ele, mordendo o lábio, enquanto me encarava com um olhar malicioso.

- Como assim? Você quer me tornar um garoto de programa? – questionei, nervoso.

- Claro que não, você sabe que é ilegal. Seria muito complicado ocultar algo assim – respondeu.

- Então, o que irá fazer comigo? – perguntei.

- Já disse que logo descobrirá, tenha calma. Mas agora terei que fazer algumas perguntas para você! – informou, sentando-se na cama. Deu tapinhas ao seu lado, sinalizando para eu sentar também, então o fiz, mas sempre encarando-o desconfiado.

- Se você vai me fazer perguntas, também quero respostas! – argumentei.

- Você não está na condição de exigir nada, e, se você me questionar novamente, eu o devolverei à polícia, para que lhe apliquem a pena de morte– interviu o homem, irritado. Fiquei com medo da sua reação, mas, pelo menos, já sabia que ele não era da policia.

- Tudo bem, fala logo o que você quer saber – disse impaciente e nervoso, precisava colaborar para tentar conseguir mais informações.

- Para começar, seu nome e idade – pediu.
- Ianto Wiese, 17 anos – respondi.

Ele tirou de seu bolso um celular de última geração que nunca havia visto de tão perto. Nós, da casta 5, não possuíamos qualquer condição para comprar eletrônicos desse tipo. Então, começou a digitar nele, possivelmente as informações que havia acabado de dar.

Garoto a vendaOnde histórias criam vida. Descubra agora